Desastres no Rio Grande do Sul evidenciam urgência das ações contra as mudanças climáticas e da atuação firme de governantes e entidades

Na noite do dia 1º de setembro, a Defesa Civil do Rio Grande do Sul divulgou alertas sobre a possibilidade de chuvas severas com chances de enxurrada para as regiões do Vale do Taquari e das Antas. No dia 4 do mesmo mês, os níveis dos rios já estavam em situação crítica, de emergência, e avisos de perigo começaram a ser enviados para diferentes órgãos oficiais dos municípios.

Mesmo assim, a dimensão da tragédia que estava por acontecer não foi capaz de ser antecipada. Foi a segunda maior enchente da história do Rio Taquari, que alcançou 29,62 metros. A maior cheia registrada até então foi em 1941, quando o rio chegou a 29,92 metros.

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) contabiliza mais de R$ 1,3 bilhão em prejuízos econômicos e financeiros aos municípios do Rio Grande do Sul. Mais de oito mil casas foram danificadas ou destruídas. De acordo com lista divulgada pela Polícia Civil, foram registrados mais de 50 óbitos, e nove pessoas ainda constam como desaparecidas. Outras 22 mil ficaram desalojadas e 30 mil animais morreram.

Consequências

De acordo com a presidente do Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG), Marijane Paese, o primeiro e mais grave impacto negativo das chuvas que atingiram a região é o humano. “Inúmeras pessoas foram vitimadas pelo desastre. A extensão dos danos vai muito além dos estragos materiais que todos observaram com muita tristeza”, reflete.

Segundo Marijane, são diversos aspectos econômicos afetados pelo acontecimento, considerado bastante preocupante. “O turismo regional sofre, pois as questões climáticas acabam afastando visitantes, o que prejudica todo o trade turístico. As chuvas comprometem a produção de hortifruti, penalizando não só os agricultores, mas também os estabelecimentos que trabalham com esses produtos. Então, os impactos chegaram ao setor da gastronomia. O segmento vinícola aparece, também, na lista dos prejudicados, com as condições climáticas atípicas e extremas encarecendo a produção e podendo prejudicar o volume da safra de uvas, matéria-prima para elaboração dos vinhos e espumantes”, salienta.

Os danos às cidades atingidas ocorrem em efeito cumulativo. Por um lado, foi possível acompanhar a solidariedade se manifestando de diversas formas no momento da tragédia, envolvendo a participação da comunidade, das entidades e dos poderes públicos. “Agora, no momento de reconstrução, é necessário que os governos sigam o processo de auxílio trazendo incentivos para impulsionar a economia, especialmente aos empreendimentos e empresas diretamente impactados pelas chuvas. Negócios que foram arrasados e estão precisando de apoio para conseguirem se reestruturar, voltar a gerar impostos e desenvolvimento econômico”, conclui Marijane.

Enquanto entidade representativa, o CIC-BG teve papel muito atuante no momento da ocorrência das enchentes, engajado na mobilização para arrecadação de recursos e ajuda estrutural às regiões atingidas. Agora, segue atento às oportunidades de fomento ao desenvolvimento de negócios, trabalhando para impulsionar a economia e o desenvolvimento econômico – exemplo disso são os movimentos representados por seus produtos: a ExpoBento, a Fenavinho e, mais recentemente, a aquisição da Envase Brasil, que está sendo revitalizada – mais forte e representativa, o que seguramente trará retornos positivos de grandes dimensões para a microrregião.

O presidente da Câmara de Dirigientes Lojistas de Bento Gonçalves (CDL-BG), Marcos Carbone, afirma que intercorrências extremas, como foram as fortes chuvas que atingiram a região, causam efeitos sobre a economia da microrregião, e o comércio é fortemente impactado. “O poder de compra das pessoas fica comprometido, da mesma forma que se transformam suas necessidades de consumo”, comenta.

A CDL-BG participou de diversas mobilizações para arrecadação e entrega de donativos, colaborando de forma ativa com a corrente de solidariedade que foi formada com os elos das entidades representativas, da iniciativa privada, do poder público e da comunidade. Em momentos como esse, mais do que a preocupação com o desempenho dos números, pesa a necessidade de exercitar a solidariedade, unindo forças em prol da assistência às pessoas vitimadas pelas enchentes, zelando por seu bem-estar e pelo restauro das condições de normalidade da forma mais breve possível.

Carbone expõe que estamos entrando na reta final do ano, tradicionalmente o período mais próspero para o comércio. ”Acreditamos que será um incentivo para a retomada e expansão dos negócios para as empresas do setor, inclusive no que diz respeito à geração de vagas de emprego temporária que, posteriormente, podem se transformar em oportunidades de colocação fixa”, conclui.