Quem acompanha esta coluna sabe que venho colocando que a principal forma que o governo brasileiro tem para controlar a inflação é a elevação da taxa de juros básica, a Selic. Venho dizendo isso desde o começo do ano quando já previa que a inflação seria mais alta e que, como sempre, a taxa de juros subiria.
Não deu outra: nessa semana, o Banco Central aumentou a Selic para 6,25%, como vem fazendo há 5 meses, com elevação de 1p.p. (ponto percentual), saindo de 5,25% ao ano para 6,25%.
Como também venho dizendo, o aumento dos preços (inflação) nesse momento está acontecendo quase em TODO O MUNDO e, portanto, não é fenômeno exclusivo do Brasil. Na Argentina, por exemplo, a previsão para este ano é que chegue próximo a 50%.
O gráfico acima mostra que já se nota inflação mais alta nos Estados Unidos, na Grã Bretanha, no Japão e em toda área da União Européia. Outros países poderiam ser citados.
O remédio de aumentar a taxa de juros possivelmente terá que ser tomado pela grande maioria dos governos do mundo pois a pandemia fez com que houvesse um desajuste em todas as cadeias de suprimentos globais, desajustando primeiro a oferta, parando depois a demanda e, agora que esta última está aumentando ( demanda ), as fontes de suprimento não conseguem suprir essa procura ocasionando aumento de preços. E como hoje muitos produtos são globais, desajustes aqui ou ali são sentidos em quase o mundo inteiro.
No Brasil, isso também está sendo sentido mas a tendência é que a inflação desacelere pela elevação da taxa de juros que faz com que haja um maior custo do crédito ( compras a prazo, financiamentos, etc ), tendendo à redução da procura, também pelo baixo poder aquisitivo que historicamente se vê no país.
O mercado financeiro está projetando uma inflação para o ano em 8,35% e a Selic terminar o 2021 ao redor de 8,25%.
O cenário, de certa forma, ainda é positivo pois o crescimento da economia como um todo ( PIB ) está na ordem de 5,04%, número bom considerando-se o momento econômico por que o mundo e o Brasil passam na pandemia.
E agora José? Controlaremos a inflação? Possivelmente sim, com controle dos gastos públicos, retomada na produção nas cadeias globais de suprimento, taxa de juros alta (que não é bom) e melhoria nos cenários do setor agropecuário e de serviços.
O preço é amargo mas, como todo brasileiro, não desistimos nunca.
Pense nisso e sucesso.