Houve época, há já sessenta anos passados, em que as comunicações na cidade Bento Gonçalves eram quase coisa de índio. Para fazer uma ligação telefônica era necessário aguardar a telefonista. Ela solicitava o número (linha) e completava a ligação. Quando não se sabia o número do telefone era só mencionar o nome da pessoa e a telefonista dizia: – “Anota aí!” e após dar o número, gentilmente completava a ligação. Um telefonema para qualquer cidade de São Paulo tinha algumas horas de espera.
Os primeiros “jornais” circularam dentro dos colégios, feitos no mimeografo, coisa que poucos ainda se lembram. Tenho dois exemplares do “PERSIANA”, que circulou para os alunos e familiares no Colégio Mestre Santa Bárbara, o “Estadual”. Guardei por que escrevi alguns artigos, já naquela época.
Havia apenas uma rádio: ZYQ5 Rádio Difusora de Bento Gonçalves. Era dirigida pela Paróquia Santo Antônio. Quando o sino da igreja batia só doze badaladas, bem cadenciadas, era sinal de que um homem havia falecido. Nove badaladas era para as mulheres. De pronto ligava-se o rádio que, após esquentadas as válvulas, ouvia-se o Aloar Grígio anunciando o nome dos falecidos.
Para completar a informação, a gráfica se apressava a imprimir um folheto preto e branco com as informações sobre o velório e enterro. O impresso era distribuído nas lojas, armazéns, rodoviária e postes.
Hoje já não se escuta os sinos dos mortos e as rádios só anunciam se for nota paga. Nossos jornais ainda não tem circulação diária.
O problema é que não se sabe quem morreu e as redes sociais tem sido a fonte da informação. Ainda bem!
Quando estive no velório do amigo Dorvalino Pozza, comentávamos o assunto e o Dr. Airton disse que tinha a informação sobre os falecidos pois diariamente transitava pelas capelas mortuárias do cemitério municipal e o luminoso anunciava. O caso é que temos outros três cemitérios e a informação fica difusa.
O boca a boca tem sido uma forma de comunicação e notícia ruim sempre corre mais rápida.
Se ainda fossem os sinos a anunciar os falecimentos pareceria uma festa de tanta badalada. Assim sendo, viva as redes sociais.