Nas escolas EEEF Angelo Salton e Mestre Santa Bárbara, os desafios são a questão orçamentária e a falta de merendeiras

Em Bento Gonçalves, a alimentação escolar enfrenta desafios financeiros e estruturais, conforme ressaltam diretoras de educandários estaduais do município. Cristiane Cristofoli, vice-diretora da EEEF Angelo Salton, do distrito de Tuiuty, relata que o orçamento ainda é insuficiente para atender a demanda. “O valor repassado é pouco diante do aumento dos itens alimentícios. Além disso, sempre tem produtos hortifrutigranjeiros que devem ser servidos diariamente e que tornam mais caro a alimentação. Muitas vezes, não conseguimos servir frutas ou verduras todos os dias para os dois turnos da escola. Temos que pensar também nas diferentes porções que envolvem carne (frango, bovina, suína e filé de peixe), pois este último, é realmente caro e nem sempre conseguimos comprar”, salienta.

Ela destaca que outro problema é a parte burocrática. “Grandes mercados não querem participar e geralmente eles conseguem um preço melhor. Jamais deixamos nossos alunos sem merenda, mas, é de extrema relevância que o valor recebido para cada estudante possa ser consideravelmente aumentado”, sugere.

A EEEF Angelo Salton está enfrentando dificuldades com a aquisição da merenda por falta de orçamento

Já a diretora da Escola Estadual Mestre Santa Bárbara, Margarida Mendes Protto, ressalta que o desafio da escola é a falta de merendeiras. “O Governo tem contrato com empresas terceirizadas, e as mesmas não pagam em dia, ou mudam de empresa e ficamos com defasagem de pessoal, muitas vezes sem merendeira. As escolas tem necessidades, mas não encontram pessoal para suprir esta demanda”, comenta.

Na Escola Estadual Mestre Santa Bárbara a dificuldade é a falta de merendeira

Valores repassados

Segundo Alexandre Misturini, coordenador da 16ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), o valor repassado pela União a estados e municípios por dia letivo para cada aluno é definido de acordo com a etapa e modalidade de ensino (veja abaixo).

Creches: R$ 1,37
Pré-escola: R$ 0,72
Escolas indígenas e quilombolas: R$ 0,86
Ensino fundamental e médio: R$ 0,50
Educação de jovens e adultos: R$ 0,41
Ensino integral: R$ 1,37
Programa de Fomento às Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral: R$ 2,56
Alunos que frequentam o Atendimento Educacional Especializado no contraturno: R$ 0,68

“O repasse financeiro é feito diretamente aos estados e municípios, com base no Censo Escolar realizado no ano anterior ao do atendimento. O Programa é acompanhado e fiscalizado diretamente pela sociedade, por meio dos Conselhos de Alimentação Escolar (CAE), pelo FNDE, pelo Tribunal de Contas da União (TCU), pela Controladoria Geral da União (CGU) e pelo Ministério Público. No RS, o repasse de verbas do FNDE é feito diretamente às escolas da Rede Estadual”, destaca.

Misturini ressalta que além dos valores depositados pelo FNDE, o Governo do Estado complementa o valor por estudante matriculado, sendo R$ 0,80 para Ensino fundamental e médio e R$ 2,43 para Ensino integral.