Valor real do salário mínimo está quase cinco vezes abaixo do necessário para cobrir as despesas de uma família, aponta estudo do Dieese
O salário mínimo no Brasil, atualmente fixado em R$ 1.412, está muito aquém do valor necessário para cobrir as despesas básicas de uma família brasileira, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Segundo o estudo divulgado nesta quinta-feira, 14, o valor ideal para garantir uma qualidade de vida mínima, considerando as necessidades essenciais como moradia, alimentação, saúde, educação e lazer, seria de R$ 6.769, quase cinco vezes o valor estipulado pelo governo.
O cálculo do Dieese leva em consideração o custo da cesta básica para uma família de quatro pessoas, composta por dois adultos e duas crianças. Esse valor inclui gastos com itens essenciais do cotidiano, como alimentos, saúde, transporte, educação e outros direitos garantidos por lei. Para chegar a esse número, o Dieese usou como base os preços da cesta básica de outubro, que variam significativamente de uma cidade para outra.
Em São Paulo, a capital com o custo mais alto, uma cesta básica completa custou R$ 805 em outubro. Já em Aracaju, a cesta mais barata foi encontrada por R$ 519. Esses valores refletem a grande disparidade no custo de vida entre as regiões do país e apontam para a dificuldade de muitas famílias em suprir suas necessidades com o salário mínimo atual.
O tempo de trabalho necessário para cobrir as despesas
Outro dado alarmante trazido pelo estudo é a quantidade de horas que o trabalhador brasileiro precisou dedicar ao trabalho para conseguir comprar a cesta básica em outubro. Para garantir a compra de uma cesta básica completa, o trabalhador teve que trabalhar, em média, 105 horas no mês passado. Isso significa que, com uma jornada de trabalho de oito horas por dia, de segunda a sexta-feira, o brasileiro precisou dedicar mais de duas semanas e meia do seu mês para conseguir adquirir apenas os itens essenciais de alimentação.