A crise econômica deverá frear as vendas de presentes para o Dia dos Pais, que ocorre no próximo domingo, 13. De acordo com as entidades representantes dos lojistas de Bento Gonçalves, a expectativa é de um leve aumento, em comparação ao mesmo período do ano passado. O baixo percentual está voltado pelo alto índice de desemprego e a instabilidade política e financeira da população brasileira. Estratégias para atrair os clientes no comércio vão desde descontos até as novidades nos produtos. Ao contrário das previsões, lojistas esparam vender cerca de 15% a mais que em 2016.
De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindilojas-BG), Daniel Amadio, em todo o estado deverá haver um incremento nas vendas em torno de 1,5%, considerada uma leve demonstração de retomada da economia. “Não é o crescimento que esperávamos, mas demonstra que estamos voltando a crescer, contrariando as pesquisas elaboradas nos dois últimos anos”, afirma. Ainda, segundo Amadio, o baixo crescimento nas vendas está atrelado a fatores como a renda familiar que não recuperou as perdas, a taxa de desocupação que está em 9,10%, o nível de comprometimento com dívidas, de 19%, taxa de juros à pessoa física com pouca queda e a inadimplência que restringe o crédito.
Para alavancar as vendas, Amadio afirma que é necessário um conjunto de iniciativas que vão desde o ótimo atendimento dos funcionários, passando pela oferta de produtos, sempre atualizados e com variedades, sem esquecer o preço que acaba sendo o fator decisivo na hora da compra. “Acredito que com isso teremos um bom volume de consumidores e quem sabe, comemorarmos uma retomada da economia, para esquecer os dois últimos anos que foram de muitas dificuldades”, lembra.
A proprietária de uma loja de roupas no Centro de Bento, Inelve Zen Munari, afirma que mesmo com a recessão econômica e a instabilidade política do país, a data é atrativa para os consumidores. “Percebemos que a procura por presentes para o Dia dos Pais aumentou, se comparado ao ano passado. Com a crise tivemos que nos readaptar, realizando promoções que chegam a 30% e parcelamento em até oito vezes”, explica.
Segundo Inelve, a expectativa da loja é aumentar em até 15% o volume de vendas. Os produtos mais vendidos até o momento são camisas e camisetas. “Devido a um inverno fraco e altas temperaturas, o consumidor está optando em adquirir roupas mais leves. Tivemos que antecipar as coleções primavera-verão”, pontua.
Já o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BG), Marcos Carbone, estima que as vendas deverão registrar aumento de até 10%, em relação ao mesmo período do ano passado. Ele salienta que as frequentes promoções no comércio são importantes estratégias para captação e fidelização dos clientes. “O desafio permanente dos lojistas é disputar uma fatia do orçamento familiar, que precisa conciliar o custeio das despesas básicas com a disponibilidade de recursos para presentear. Aí, então, cada estabelecimento deve encontrar atributos que o diferencie dos demais, captando a preferência do cliente. Esse processo é fruto de um investimento continuado em mix variado e renovado, atendimento qualificado para entender e atender às necessidades do consumidor e, principalmente, criatividade na busca por diferenciação e excelência”, avalia.
Data deve movimentar R$ 10,7 milhões
Os dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), apontam que a data deverá gerar R$ 10,7 bilhões na economia do país com os presentes. Conforme pesquisa realizada pelas entidades, 57% dos brasileiros deverão presentear os pais, o que representa mais de 86 milhões de consumidores. No ano passado, esse percentual chegou a 49%. A pesquisa mostrou ainda que seis em cada 10 consumidores (58%), deverão pesquisar os preços antes de efetuar a compra. Outros 10% afirmam que irão dividir as compras com outra pessoa, geralmente um irmão, mãe ou algum familiar. Os dados apresentam que 43% dos consumidores que pretendem gastar menos este ano reduzirão os gastos porque estão com o orçamento apertado, enquanto que 20% disseram ter outras prioridades e 10% optou por comprar algo mais barato porque teve o salário reduzido.
Outro destaque são os números relativos à inadimplência destes consumidores. Cerca de 25% das pessoas que pretendem comprar o presente estão com alguma dívida atrasada, enquanto que 21% já estão na lista de inadimplentes. Aproximadamente 10% dos consumidores disseram ter o hábito de gastar mais do que podem para presentear, enquanto que 6% deverão deixar de pagar alguma coisa para agradar os pais.
A boa notícia, segundo as entidades, é que 75% dos consumidores pretendem comprar à vista o presente. Desse total, 66% devem efetuar o pagamento em dinheiro, 16% com cartão de crédito e 9% no cartão de débito.