Em homenagem ao Dia dos Pais, celebramos a data através de três histórias inspiradoras que trazem à tona experiências de pais de diferentes idades e contextos, cada um com uma perspectiva única sobre o que significa ser pai

Everton Fontanella com os filhos Richarlyson, Maria Eduarda e Bruno

Em uma profissão que exige longas jornadas e frequentes ausências, o caminhoneiro Everton Remi Goulart Fontanella faz o máximo para estar presentes na vida dos filhos. Aos 49 anos e pai de sete, Everton compartilha sua experiência em equilibrar a vida na estrada com a paternidade.
Sua jornada como motorista de caminhão começou cedo. “Comecei com meu pai aos 14 anos e, aos 19 anos, já estava nas estradas. Para ele, a escolha pela profissão foi uma paixão de longa data, que começou com seu pai e se consolidou com os anos.

Equilibrar a vida na estrada com a família é um desafio constante. “Antigamente, a comunicação era mais difícil. As saudades eram imensas, especialmente dos primeiros filhos. Hoje, com o celular, é mais fácil, a tecnologia ajuda, mas nada substitui a presença física”, afirma.

Para Fontanella, a preocupação de sua família é um reflexo das dificuldades enfrentadas diariamente. “Minha família já está acostumada, mas não é fácil para as crianças menores. Sinto muita saudade, principalmente dos pequenos. A adaptação à ausência constante é difícil, mas a compreensão da situação ajuda”, conta.

A relação com os filhos é marcada por amor e saudade. “Com certeza minhas viagens afetam os momentos com eles. A minha filha caçula, Maria Eduarda, me cobra muito, ela diz: ‘Você nunca está conosco nos momentos de festas”, sempre tento explicar que o importante é que não deixo faltar nada para eles, mas sei que isso não substitui minha presença”, revela. Manter-se conectado é essencial. “Minha rotina é basicamente usar chamadas de vídeo e celular. Eles já se acostumaram com isso, mas quando fico muito tempo longe, principalmente a minha esposa e a Duda, elas acabam reclamando”, diz.
O momento que retorna para casa é sua maior alegria. “Quando chego e vejo todos de braços abertos e chorando de felicidade por minha chegada, me passa pela cabeça todos os filhos que vi nascer. Quando a distância é muito grande, tenho que fazer chamada de vídeo para dizer que o pai está bem e tem muita saudade”, compartilha. A emoção de ver a família esperando por ele é um alívio para o coração e uma lembrança do motivo pelo qual ele enfrenta as dificuldades da profissão.

Superações de um pai com deficiência visual


Cleiton de Andrade com a filha Emily Ramos de Andrade

Para Cleiton de Andrade, o dia tem um significado mais profundo e desafiador. Sendo um pai que perdeu a visão aos 36 anos devido ao glaucoma, ele enfrenta a vida com uma determinação admirável. Sua história é um testemunho de resiliência e amor paternal, mostrando que a deficiência visual não define a capacidade de ser um pai presente e dedicado.

Quando Andrade se separou da mãe de sua filha, Emily Ramos de Andrade, ela tinha apenas três anos. “Quando ela nasceu, foi um marco para mim. Sempre quis estar próximo dela e fazer de tudo para que ela tivesse uma infância normal”, revela. A separação não o impediu de ser um pai presente. Ele se esforçou para manter-se próximo e participar dos momentos importantes da vida de Emily.
A cegueira repentina impactou profundamente a pequena Emily. “Quando fiquei cego, ela ficou bastante abalada, não sabia como lidar com isso e tivemos que buscar ajuda psicológica para que ela entendesse a nova realidade”, explica. O diagnóstico de glaucoma também afetou a visão de Emily recentemente, que passou a enfrentar crises e precisou passar por cirurgias para estabilizar sua condição. “Fico pensando em como minha filha lidou com a minha cegueira. É um desafio imenso para ela, ainda mais sabendo o que eu passei”, acrescenta.

Apesar das dificuldades, Andrade se orgulha da maneira como sua filha cresceu. “Ela sempre foi uma criança muito boa, sem problemas. A dor de não poder ver ela se desenvolver e enxergar os momentos importantes da vida dela foi imensa”, compartilha. Ele destaca o esforço para participar da vida da filha, mesmo em momentos difíceis, como os primeiros namoros, onde, como qualquer pai, teve que lidar com o desejo de protegê-la.

Além disso, ele enfrenta um problema social. “Muitas pessoas ainda falam com a gente como se tivéssemos um problema mental, como se a deficiência visual fosse uma limitação completa. A verdade é que temos relacionamentos e responsabilidades como qualquer outra pessoa”, observa. Ele também destaca a importância de projetos educacionais para sensibilizar as pessoas a conhecerem a realidade dos deficientes visuais, e oferece um conselho valioso para outros pais com deficiência visual: “Curtam seus filhos, abracem, beijem e deem carinho. A participação ativa na vida dos filhos é essencial. Mesmo com as dificuldades, é possível viver momentos felizes e construir memórias”, diz.

A Jornada de um pai experiente com um filho pequeno

Paulo Bertamoni com os filhos, Maicon, Ricardo, Aline e Luana

Paulo Ricardo Bertamoni, um pai na maturidade, vive a paternidade com uma intensidade e uma sabedoria única.

Pai de um menino pequeno, de quatro anos, e de mais três filhos, Bertamoni enfrenta a paternidade com uma perspectiva que apenas a experiência pode oferecer. “A maior dificuldade no início foi controlar o medo e a felicidade. Meu filho mais novo nasceu prematuro e teve vários problemas nos meses iniciais. Mesmo assim, a presença dele trouxe uma força e uma alegria imensas para nossas vidas”, compartilha.
A experiência de vida trouxe uma abordagem mais tranquila e reflexiva. “Ser pai em uma fase mais madura me ensinou a ser mais calmo e a aproveitar cada momento com mais intensidade. A alegria de ter um filho nesta fase da vida é indescritível. Aprendi a valorizar cada momento e ser mais paciente”, explica.

Sua visão sobre a paternidade evoluiu com o tempo. “Aprendi a importância de estar presente e acompanhar cada passo. Hoje, com mais tempo disponível, me dedico a estar ao lado do pequeno e a construir memórias significativas”, revela. O acompanhamento ativo é agora parte essencial para ele.
Bertamoni também enfrenta o desafio de equilibrar sua energia e saúde com as demandas da paternidade. Mas conta que tem em seu filho, o combustível que ele precisa. “A alegria que sinto ao estar com ele é inigualável. Mesmo quando estamos separados, lembrar dele faz com que tudo se torne mais leve”, diz. A energia e o entusiasmo que Ricardo traz para a vida dele são uma fonte constante de renovação e vitalidade.

Ele destaca a importância da parceria com sua esposa na criação. “Compartilhamos as responsabilidades conforme as necessidades surgem e sempre conversamos para decidir o que é melhor para nosso filho”, explica. A comunicação aberta entre eles é fundamental para o sucesso na criação do filho.
Transmitindo valores fundamentais como honestidade, trabalho duro e a importância de nunca desistir, ele espera somente o melhor para o filho. “Quero que ele aprenda a ser transparente e honesto, a trabalhar duro e a perseverar, pois, embora o início possa ser difícil, com esforço as coisas acabam se encaixando”, diz. Além disso, busca ser um suporte constante para o filho. “Meu objetivo é ser amigo e mostrar que ele pode contar comigo em todas as situações”, afirma. Com grandes esperanças para o futuro do filho, comenta: “espero que ele siga o caminho certo, realize seus desejos através do trabalho e seja honesto. Quero apoiá-lo em tudo e ser um exemplo positivo para ele”, compartilha.

Para os novos pais, oferece um conselho valioso: “Criar um filho é como administrar uma empresa; se não houver cuidado e atenção, as coisas podem sair do controle. É fundamental estar presente e engajado. A recompensa vem quando você vê que seu esforço está dando resultado, e ouvir ‘Papai, eu te amo’ é a melhor coisa do mundo”, conclui.