Festa em honra a Santo Antônio nesta terça-feira, 13, levou milhares de fiéis ao Santuário, na área central da cidade
De joelhos, com os olhos fechados, mãos no coração ou erguidas ao céu. Não importa como, mas quem passou pelo Santuário Santo Antônio nesta terça-feira, 13, durante a festa em honra ao padroeiro de Bento Gonçalves, expressou sua fé de uma forma diferente, seja para agradecer por uma graça alcançada ou interceder por algo.
Os festejos de 2023 têm como lema: “Pelas mãos de Santo Antônio partilhamos o pão da paz”, baseado na Campanha da Fraternidade deste ano que refletiu sobre “Fraternidade e fome”. O dia festivo, que marcou a 145ª edição da festa e que se configura como a festividade religiosa mais antiga da Imigração Italiana no Rio Grande do Sul, iniciou cedo, às 6h, com a alvorada festiva e o toque dos sinos do Santuário. Ao longo do dia, cinco missas foram realizadas, sendo a mais importante pela parte da tarde, presidida pelo bispo diocesano de Caxias do Sul, Dom José Gislon. Além disso, mais de 38 mil pãezinhos bentos foram distribuídos para a população.
Dom José Gislon recorda com muito carinho o significado de Santo Antônio no decorrer de sua trajetória. “Santo Antônio sempre fez parte da caminhada da minha família e inclusive meu nono mandou construir um capitel em homenagem a ele. Além disso, andando por tantos lugares do Brasil, sempre percebi que a devoção a ele está em todos os lugares. Nas visitas pastorais, costumava olhar nas igrejas se alguma delas não tinha a imagem do santo e posso dizer que praticamente nunca encontrei uma que não tivesse. Isso significa que ele foi uma pessoa que viveu há tanto tempo, mas que os ensinamentos dele, a força do evangelho que ele anunciou, ainda continuam presentes na vida das pessoas como na igreja, comunidade de fé”, aponta
O santo é popularmente conhecido por interceder por quem quer encontrar o amor da vida ou para resolver conflitos com a pessoa amada. Além disso, também é o padroeiro dos pobres e ajuda as pessoas a encontrarem objetos perdidos. “A popularidade de Santo Antônio decorre dessa vivência que ele teve de ter conseguido levar a mensagem do evangelho, de tocar o coração das pessoas e transformado a vida delas, envolvendo-as num processo de amor pela vida, em gestos concretos e, por isso, os ensinamentos dele se perpetuam há mais de 800 anos. As pessoas entendem até hoje, o jeito dele pregar, anunciar o evangelho, o gesto da partilha, da caridade, da ternura e do amor de Deus”, esclarece Gislon.
Para ele, isso se mantém muito vivo e firme na comunidade paroquial. “A Paróquia de Santo Antônio é um testemunho disso, onde tem toda essa realidade do pão dos pobres, esse olhar social que nasce a partir de um coração de pessoas, que justamente celebram a caminhada de fé, mas com os pés no chão, na realidade de hoje, sem fechar os olhos para a realidade do outro”, realça o bispo.
Muitas pessoas se envolvem, de forma voluntária, na preparação da festividade. Um deles é Assis Faccin, que estava distribuindo os pãezinhos. “Sou voluntário há 30 anos e o que me motiva a ajudar é a fé”, aponta.
Durante a missa das 18h, o pároco da Paróquia Santo Antônio, Volmir Comparin, agradeceu todas as atividades desenvolvidas até chegar a concretização deste dia especial. “Queremos honrar, louvar e adorar o nosso Deus, que nos permitiu mais um ano celebrarmos o nosso padroeiro. Uma festa fraterna, onde foram mais de 40 visitas às comunidades, alguns lugares específicos, dias intensos na trezena e hoje, embora chuva, um dia abençoado. Concluindo essa festa, nos colocamos nas mãos de Deus e com gratidão dizemos muito obrigado a tudo e a todos”, realça.
Devoção de geração para geração
Muitos são os casos de empresas que são passadas de pais para filhos. A devoção e fé não poderiam ser diferentes. Com a família de Wasco De Bacco e Noilves Brandelli De Bacco foi desta forma. “Santo Antônio foi um santo intercessor, principalmente para os mais antigos , os italianos que aqui chegaram já vieram com essa devoção e isso foi passando para as famílias. Somos devotos e nossos filhos também”, conta Noilves. “Eu vi, em vários momentos de apuros, o meu pai chamar, se expressar forte, clamar para Santo Antônio e realmente vi a mudança. Então é uma coisa muito forte de família e todos os anos a gente participa da festividade e frequenta as celebrações”, complementa De Bacco.
E até mesmo algumas graças foram alcançadas pela família. “Minha mãe queria ter uma filha. Ela veio na igreja e pediu para Santo Antônio para ter uma filha. Logo depois ela engravidou e, como homenagem, me chamou de Antônia”, conta a neta do casal, Antônia De Bacco Stringhini.
Fotos: Cleunice Pellenz