Ser pai é um ato de coragem. Há mais de dez anos, Alzi Fernandes provou isso, tomando uma decisão significativa: a de cuidar dos dois filhos sozinho. Após uma separação, viu que era a atitude correta. “Sabia que ia ser difícil e árduo, mas eu não ia deixar eles”, conta.
No início, a adaptação da carga horária de trabalho e cuidado das crianças foi um desafio. Ensinar sobre a vida para a filha, na época com 6 anos, era uma das partes mais difíceis. “Como homem, tinha que explicar as coisas abertamente, a respeito de como era o mundo. Aprendi a conversar com eles individualmente, não podia falar a mesma coisa para os dois”, lembra.
Entretanto, de acordo com Fernandes, outros problemas tornaram a adaptação da família um pouco mais complicada. “Eu tentava ter tempo para cuidar deles, ensinar a serem pessoas honestas e corretas. A maior dificuldade foi fazer eles entenderem que eu era pai e mãe ao mesmo tempo”, explica.
Após mais de uma década, o pai se sente satisfeito com a educação que conseguiu dar aos filhos. “ Muitas pessoas me diziam que não ia conseguir criar eles, que iam se perder. Hoje, depois de vários anos, meu filho já está casado, morando na casa dele e eu tenho uma netinha. Minha filha continua morando comigo, trabalhando e fazendo faculdade, então eu me sinto uma pessoa privilegiada”, afirma.
Depois de oito anos sozinho, Fernandes se casou novamente. Teve mais duas filhas, mas agora conta com uma companheira para dividir as tarefas. “Compartilho bastante com a Sirlene (esposa) sobre a vida delas. Ao mesmo tempo que elas têm a mãe, eu participo junto na educação delas”, conclui.
É difícil criar filhos hoje em dia?
Os desafios de educar crianças se transformam com o passar dos anos. Para André Zardo, 33 anos, a grande dificuldade para a educação de seus dois filhos está relacionada à tecnologia. “Quando era criança, por exemplo, assistia o desenho que estava passando na televisão. O meu filho escolhe o que vai assistir. Se ele acha que uma parte do desenho está chata, passa para frente. Isso cria um pouco de imediatismo nas crianças, é uma coisa que a gente tem que aprender a controlar depois”, explica.
Para Zardo, o relacionamento das crianças com os livros está ficando cada vez mais distante. “A informação está muito fácil. As gerações um pouco mais novas acabam absorvendo menos conhecimento no dia a dia, por pensar que vai estar sempre à disposição quando quiserem, isso prejudica o incentivo à leitura”, observa.
Mesmo com as dificuldades causadas pela atualidade, ser pai não deixa de ser um privilégio. “Me tornei uma pessoa melhor para criar dois seres humanos melhores. Muita coisa mudou em mim. A gente começa a ter mais empatia e a entender os nossos pais”, finaliza Zardo.
Mãe que é pai
Por casar com pouca idade, Caroline Gava, 26, teve o primeiro filho aos 15 anos. Hoje, faz o papel de pai e mãe para os quatro filhos, a mais nova de seis meses. Todo o sustento da família vem por meio do trabalho da vendedora, que não recebe ajuda financeira do pai das crianças.
Apesar de ter pouco tempo por trabalhar no comércio, os finais de dia e domingos são dedicados à família e em tentar suprir as necessidades que os filhos têm. “Sempre conversando, dando carinho. O meu filho mais velho entende mais as coisas, quando estou em casa meu tempo é dedicado a eles”, afirma.
“Eles são tudo para mim, me sinto uma guerreira, por mais difícil que seja, ser mãe é pra vida toda”, finaliza Caroline.
Fotos: Arquivo pessoal