Os deputados mantiveram o veto do governador à proposta que liberava o consumo de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol. Uma subcomissão deverá ser criada para rediscutir o tema a apresentar nova proposta. Outras seis matérias que constavam na ordem do dia (três vetos e três requerimentos) também foram aprovadas.
O Veto Total ao Projeto de Lei de Gilmar Sossella e Ciro Simoni, suscitou um debate de três horas na tribuna. O projeto vetado alterava a Lei n.º 12.916 de 2008, e passava a permitir a comercialização e o consumo de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol durante o primeiro tempo e após o término da partida.
O líder do governo, Frederico Antunes (PP), abriu os pronunciamentos para apresentar proposta oriunda de reunião realizada na manhã de hoje com os presidentes do Grêmio e Inter, da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) e o chefe da Casa Civil, Otomar Vivian. A proposta foi de que os parlamentares mantivessem o veto do governador, e que se desse início a um novo debate sobre o tema. “A intenção é permitir a também a participação dos novos deputados desta Legislatura, alijados da discussão realizada na Legislatura anterior. Vamos instalar uma comissão mista, ou subcomissão no âmbito da Comissão de Segurança e Serviços Públicos, e retomar a análise da questão com a participação dos clubes, MP e sociedade em geral, para apresentação de novo texto”.
O veto foi mantido com 46 votos favoráveis e 5 contrários, estes das bancadas do Novo (Giuseppe Riesgo e Fábio Ostermann), PSD (Gaúcho da Geral), e os deputados Dalciso Oliveira (PSB) e Issur Koch (PP). Os deputados da bancada do Novo apoiaram a ideia da subcomissão para possibilitar mais discussões, mas consideraram que para isso não seria necessário manter o veto. “Apoio a criação da subcomissão, mas não vejo relação entre a discussão e a manutenção do veto”, argumentou Riesgo. O deputado Dalciso também posicionou-se contrário ao veto, lembrando de sua atuação como dirigente de time de futebol do Interior e da necessidade de verbas para manutenção dessas agremiações. O deputado Gaúcho da Geral considerou que os torcedores devem decidir por si próprios se desejam consumir bebidas alcoólicas, e que a proibição sufoca o desenvolvimento do futebol no RS.
A maioria dos deputados que votaram pela manutenção do veto apoiaram a proposta de ampliação do debate e instalação de subcomissão para ouvir os diversos segmentos envolvidos. Alguns, porém, manifestaram-se frontalmente contra a possibilidade de venda de bebidas alcoólicas nos estádios, a exemplo do deputado Tenente-coronel Zucco (PSL), Edson Brum (MDB), Dr. Thiago (DEM) e Luciana Genro (PSol). Zucco leu currículos de autoridades ligadas à segurança e que deram pareceres técnicos contrários à liberação de bebidas, ligando o alcoolismo ao aumento da violência. Brum lembrou as ações da Fundação Vida Urgente para conscientizar sobre os riscos de misturar álcool e direção. Dr. Thiago mencionou sua atuação como médico legista, e os dados de necropsia que evidenciam a ligação entre ingestão de álcool, homicídios e acidentes de trânsito que resultam em morte. Luciana Genro considerou negativa a associação do jogo de futebol com bebidas. “Crianças aprendem por exemplo, e crescem fazendo essa associação.”
Fonte: Agência de Notícias ALRS
Foto: Guerreiro