O Presidente Lula assinou, nesta quarta-feira, 27, o decreto que regulamenta a TV 3.0 (ou DTV+), prometendo revolucionar a forma como o brasileiro assiste à TV aberta a partir do próximo ano. Conhecida como DTV+, a TV 3.0 une o sinal da antena de transmissão à banda larga da internet, tornando-se totalmente interativa. Com publicidade e programação personalizadas, a nova tecnologia focará no interesse e na localização de cada espectador, mantendo o acesso gratuito.
Executivos do mercado de publicidade afirmam que a nova tecnologia pode devolver às emissoras uma parte significativa das verbas que migraram para as redes sociais. No entanto, o principal desafio será a transição tecnológica.
Após anos de debates e pesquisas, um padrão tecnológico foi finalmente definido para ser adotado pelas emissoras de TV. As possibilidades são amplas e interativas: o espectador poderá acompanhar uma partida de futebol e pesquisar sobre o jogador simultaneamente; aprender uma receita e encomendar os ingredientes em seguida, ou até mesmo saber como está o tempo e o transporte público do seu bairro, tudo com poucos cliques.
De acordo com Raymundo Barros, presidente do Fórum do Sistema Brasileiro de Televisão Digital, o padrão adotado será o ATSC 3.0, um dos mais avançados do mundo. “Os canais se tornam aplicativos, permitindo mais interatividade e personalização, como votações em tempo real, conteúdos estendidos, serviços de governo digital, alertas de emergência, novos recursos de acessibilidade e publicidade e conteúdo personalizados, além do t-commerce a compra de produtos e serviços por controle remoto”, explicou. Ele acrescentou que a DTV+, nova marca da TV 3.0, terá destaque nos televisores e controles remotos da nova geração. “A transmissão é tão robusta que os conteúdos poderão ser recebidos com uma antena interna ao aparelho”, esclarece.
Segundo Frederico de Siqueira Filho, ministro das Comunicações, a transição para a nova tecnologia não será imediata. As diferentes tecnologias coexistirão por um período. Ele garantiu: “Ninguém precisará trocar a televisão de uma hora para outra. A implantação será gratuita, com um período de convivência entre as duas tecnologias, TV digital e TV 3.0, por dez a quinze anos, que poderá ser prorrogado conforme a necessidade da evolução. Será uma migração escalonada, a partir das grandes capitais”.
A expectativa é que o serviço entre em operação nas grandes capitais do Brasil em meados de 2026, prazo inicial para que as emissoras se estruturem. A transição ocorrerá de forma semelhante à migração da TV analógica para a TV digital.
O cronograma da transição envolverá a participação conjunta das emissoras de TV aberta. A previsão é que o sinal digital seja totalmente substituído em 15 anos.
Dados
A TV aberta caiu de 54,7% do share do bolo publicitário em 2019 para 46,5% em janeiro deste ano, segundo dados do Cenp-Meios. No mesmo período, a internet avançou de 19,1% para 36,5%, puxada pelo apetite das marcas por anúncios de performance.
Como será realizada?
Hoje, o Brasil possui um parque de televisores com aproximadamente 90 milhões de unidades, dos quais 60% são do tipo Smart TV, mas nem esses aparelhos são compatíveis com a nova tecnologia.
O consumidor terá que comprar um conversor para acessar as funcionalidades da TV 3.0. A estimativa do governo federal é que este aparelho seja vendido por cerca de R$400. Monitores de televisão que já saírem de fábrica com a nova tecnologia devem ser comercializados no mesmo patamar dos aparelhos Smart atualmente vendidos no país.
A TV precisa de internet para funcionar?
O acesso à TV 3.0 não depende de uma conexão com a internet. No entanto, o uso da banda larga permitirá aos espectadores explorar o potencial interativo da nova tecnologia e ter acesso a mais opções de conteúdo, como a interação com produtos distribuídos pela programação da TV aberta.