Acompanhei, com muito interesse e civismo, o desenrolar da campanha para Governador do Estado. A do Governador Sartori, era sustentada nos pilares da seriedade no trato com a Res Pública na honestidade de propósitos e princípios. Paralelo a isso dizia a campanha do Governador que o que vinha do candidato da oposição eram “parole”, “parole”, “parole”. Me pareceu, quer dizer tenho essa convicção, que a campanha publicitária foi mal produzida, gessada em conceitos subjetivos, deixando nítida margem para que o adversário crescesse sustentado por uma campanha inteligente, criativa, sustentada, principalmente, no binômio, podemos mais, vamos renegociar a dívida em outros termos não podemos vender o estado, vamos pagar os salários em dia, reduzir custos, criar um estado moderno. Essa comunicação, bem produzida, surtiu efeito catastrófico para Sartori, agregada ao fato de Leite ser definido pelo eleitorado feminino, especialmente os jovens, como um político jovem, bonito, simpático e talentoso. Para Bento Sartori foi um bom Governador a ponto de merecer elogios públicos do Prefeito Pasin, que não é de seu partido. Veio a Federalização da Bento – Carlos Barbosa, veio o novo presídio, veio a melhoria no aparelhamento, humano e material, dos órgãos de segurança, veio o apoio ao Tacchini, veio uma familiaridade acima da média de um governante que esteve sempre presente em nosso meio. Com isso Sartori ganhou a eleição em Bento mas perdeu a eleição no estado.
Eleito, o Governador Leite preocupou com o imobilismo inicial mas ele estava na verdade articulando um apoio político que lhe desse condições plenas de governabilidade sem abrir mão da formação de um secretariado com habilitação técnica suficiente. Articulou inclusive com o PT que lhe apresentou uma série de reinvindicações que não concretizou quando era governo e nem serem possíveis de serem aceitas pelo novo governador. Sem PT, Leite agregou partidos como o PMDB, PDT, PTB, PPS, (entre outros), suficientes para obter grande respaldo na Assembleia. O Secretariado que nomeou inspira confiança, se vai obter resultados, diante da penúria do estado, é outra história. Começou a “furungar” aqui, ali, gerenciando medidas como a redução dos cargos em comissão, a suspensão das horas extras, a renegociação das dívidas do estado com a União, essas coisas todas pregadas em campanha. O exército de Leite foi a Brasília, capitaneado pelo Governador, aí a posição do Governo Federal veio a tona, denunciando a razão pela qual a negociação não avançava: “queremos o Banrisul como garantia do pagamento da dívida, não há nos ativos do estado quem possa substituir o Banrisul”, disseram os técnicos. “mas o Banrisul é uma instituição do Rio Grande, está na alma dos gaúchos, não podemos nos desfazer dele”, disse o Governador acrescentando “vamos em busca de outra alternativa”.
Vai ser difícil, muito difícil, encontrá-las. O Presidente Bolsonaro disse que “temos que refazer o sistema de negociação das dívidas dos estados”, generalizou, tornando a coisa mais complicada. Mas o Governador trabalha com afinco, acredito como Sartori trabalhou, para buscar uma solução. Sem ela o estado não avança, vai estar sempre em dificuldade. No que nos diz respeito uma melhoria na Bento – Caxias, uma melhoria na São Vendelino, melhorias nos acessos da cidade, pagamento do restante da dívida do estado com o Tacchini, essas coisas essenciais, vão ficar esperando. Semana passada o Prefeito de Caxias, Guerra, foi ao Governador em audiência e apresentou um “caminhão” de reinvindicações entre elas o aeroporto de Vila Oliva que está parado por falta de verbas para desapropriações necessárias, atribuição do estado. Os empresários de Caxias, deixaram o assunto aeroporto com o Prefeito e pensaram num plano estratégico maior: a construção de um porto em Torres, com o que não seria fundamental usarmos o porto de Rio Grande para o embarque de mercadorias por navio. Um projeto ousado mas que merece também o nosso apoio.
O Prefeito Pasin já esteve conversando com o Governador, com quem tem grande identificação, não tenho a mínima ideia do que reinvindicou, se é que reinvindicou (você sabe?), mas, certamente, vai se saber mais adiante. Com todo respeito, entendo que precisamos ser mais ousados, querer mais, estamos virando coitadinhos, ilhados, talvez politicamente corretos, porém, um tanto desarticulados. Voltando ao Governador confesso que Leite me surpreendeu, pela capacidade de articular, pela serenidade, pela postura pessoal, pela ideia que semeou do “vamos governar juntos”. Enquanto o Governador tenta fincar pé nessa areia movediça que se chama estado, lá “no alto, embuçados no céu”, como diria Castro Laves, estão Ana Amélia Lemos, agora Secretária do Estado para Assuntos Extraordinários, sediada em Brasília, e o Senador, eleito pelo PP, Luiz Carlos Heinze, trabalhando pelo Estado. Mas, como na política sempre tem um mas, Ana Amélia, após a eleição para Presidente quando foi candidata a vice, declarou que “sou candidata a governadora”. Dias depois Ana Amélia reformulou suas declarações afirmando: “sou candidata a Senadora”. E Heinze disse: “sou candidato a Governador”.
Uma voz mais alta do que a de Ana Amélia se levantou e veio o “cessa tudo o que a Musa (Ana Amélia) canta que outro valor mais alto se levanta (Heinze)”. E assim nós (nós eles!) vamos vivendo de amor na política do tipo, “vamos ajudar o Governador Leite (presume-se será o pensamento do PP estadual) e na próxima eleição vamos de Ana Amélia para Senadora, Heinze para Governador, Pasin para …….(vai depender, vai depender, vai depender do que o povo vai dizer?) infelizmente, acabou o espaço!