Em contrapartida, taxa de desemprego no Brasil fecha em 11,1% no primeiro trimestre
Depois de encerrar 2021 com o fechamento de vagas de trabalho, Bento Gonçalves fechou o primeiro trimestre com saldo positivo com relação a geração de emprego. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), de janeiro a março deste ano, foram registradas 643 novas vagas de emprego com carteira assinada. O número é resultante de 6.667 admissões e 6.024 demissões ao longo do período.
Ainda, segundo o Caged, a área de Serviços foi o que mais contratou no primeiro trimestre em Bento Gonçalves, com 331 novas vagas. O setor da Indústria vem na sequência, com a criação de 215 postos de trabalho, seguidos de construção (110) e agropecuária (1). O comércio foi o único segmento que registrou saldo negativo, com menos 14 vagas no acumulado.
Falta de qualificação
Uma realidade presente em Bento Gonçalves é quanto a falta de mão de obra, motivo que tem dificultado o preenchimento de algumas vagas, segundo a coordenadora do Sistema Nacional de Emprego (Sine), Daiana Oliboni. “Sabemos que o setor industrial está sempre em crescimento e, com isso, vem a exigência da qualificação em algumas áreas”, afirma.
De acordo com Daiana, as vagas que mais enfrentam dificuldade são as de eletricista, torneiro mecânico, operadores de máquina, mecânico de manutenção de máquinas e industrial, desenhista, projetista e cozinheiro. “Além daquelas vagas administrativas e de liderança que exijem curso superior”, garante.
Quem tem interesse em procurar uma vaga de trabalho no Sine, pode comparecer na agência diariamente, entre às 8h e 16h. “A procura é diária e sempre tem vagas atualizadas diariamente”, finaliza.
Comércio acredita na recuperação
A presidente do Sindicato dos Empregados do Comércio de Bento Gonçalves (SEC-BG), Orildes Loticci, afirma que apesar de o comércio ser um dos segmentos que mais emprega, nos últimos dois anos, a pandemia trouxe muitas dificuldades. “Os estabelecimentos de varejo precisaram ficar fechados por um longo período, fazendo com que os consumidores migrassem para outras formas de aquisição dos produtos. Por consequência, os empregados que dependiam de comissões, acabaram indo para outras áreas”, explica.
Orildes aponta que os empreendimentos com filiais reduziram a quantidade de lojas e, dessa forma, a redução no número de funcionários foi consequência. “Afora tudo isso, está cada vez mais difícil encontrar mão de obra disponível para trabalhar nos fins de semana e feriados, dias em que há grande movimentação nos estabelecimentos comerciais”, destaca.
A respeito da queda da quantidade de empregados, a presidente do SEC-BG ressalta que a vivência em pandemia e a guerra entre Rússia e Ucrânia refletem na economia global. “Acreditamos que esta queda seja temporária, como também cremos na recuperação da economia como um todo. Lembramos ainda que, geralmente, no último trimestre do ano, o comércio é um dos setores que mais emprega, o que fará com que consigamos recuperar este índice negativo”, conclui.
Setor moveleiro em ascensão
O presidente do Sindmóveis, Vinicius Benini, enfatiza que o cenário de emprego no setor moveleiro no polo de Bento Gonçalves encerrou 2021 com 6.765 vagas ocupadas. Ano passado, foram criados mais de 530 postos de trabalho. “A crescente continua em 2022. Nos três primeiros meses, já foram geradas mais de 70 vagas”, frisa.
Segundo Benini, uma pesquisa realizada pelo Sindmóveis demonstra que a falta de operadores de máquinas é o principal déficit na região, no que se refere à mão de obra. “Essa é uma função que requer experiência e, atualmente, há pouca oferta no mercado. Assim como empresas de outros segmentos, o setor moveleiro busca profissionais qualificados em suas áreas, que cumpram com suas responsabilidades, tenham assiduidade e estejam dispostos a crescer em conjunto”, menciona.
O presidente do Sindmóveis esclarece que a entidade e a Movergs firmaram um Termo de Cooperação com o Instituto Senai de Tecnologia em Madeira e Mobiliário. “O objetivo é fortalecer as indústrias de Bento e região, oferecendo condições diferenciadas para acessar os produtos e serviços do Senai, como educação profissional, tecnologia, inovação e laboratório de controle de qualidade”, salienta.
Em busca de uma oportunidade
Eudimar de Oliveira, 46 anos, é técnico de informática. Natural de Manaus (AM), ele conta que se mudou para a Serra Gaúcha há cerca de dois anos com um emprego já garantido na área. Devido à pandemia, em 2021 foi desligado de seu trabalho e mudou-se para Bento Gonçalves, onde reside há oito meses.
Na Capital do Vinho atuou na parte técnica de instalação de câmeras de videomonitoramento. Há cerca de um mês, após sair de seu último emprego, busca uma nova oportunidade no mercado de trabalho.
Segundo ele, está tendo dificuldade de encontrar uma vaga em sua área de atuação. “Até tem, mas em outras cidades. Como pago aluguel, tenho que ir atrás logo de outro. Não está fácil achar emprego na minha área, mas preciso ‘pegar’ qualquer coisa agora. Estou procurando na parte da manutenção, instalação ou auxiliar de produção, o que aparecer”, relata.