Você já viu um cidadão vestido de gaúcho pelas ruas de Bento Gonçalves? Se viu, ótimo. Se cruzar por um gaúcho ou uma prenda, respeite. São o símbolo da tradição de nosso Estado.

Estive em Vacaria neste último final de semana e mais uma vez participei do Rodeio Internacional. Minha vontade também era de estar no jogo do Esportivo e presenciar a vitória sobre o Caxias. Só Santo Antônio para o milagre de estar em dois lugares ao mesmo tempo.

O que vi em Vacaria foi uma festa familiar e em todas as atrações, dança, laço, ginetes, trova, gaita…, vi idosos, adultos e crianças compartindo o espaço.

No “laço da vaca parada”, onde meninos e meninas treinam para pegar os pequenos chifres de um boneco miniatura do animal, vi um piá de ano e meio girando o laço e em dez arremessos fez um acerto. Que felicidade e quanta persistência.

Para surpresa, encontrei o Pedro Junior, poeta daqui de Bento, no comando do microfone que anunciava as danças gaúchas dos veteranos dos CTG. Naquela apresentação homenagearam um casal de Caxias do Sul que já há sessenta anos dançava na invernada artística. Emocionante.

Um espetáculo que acontece a cada dois anos. Lá estavam mais de trinta mil pessoas, grande parte acampados por uma semana e sob sol e chuva vivendo o tradicionalismo.

Em Bento Gonçalves já visitei quatro centros de tradição gaúchas e sou sócio do Laço Velho desde quando o patrão Irani Bertolini construiu a Casa Grande daquela sociedade que se tornou muito útil para a cidade pois lá se realizam eventos marcantes que reúnem mais de mil pessoas como a Feijoada da Amizade.

Ouvi do Paulo Cunha, grande empresário gaúcho que encontrei no rodeio a convite do Paulo Hossani, patrocinador do evento:“Crianças que vivem a tradição gaúcha, com essa estreita convivência com seus pais, ao lado de crianças de outras famílias fazendo da cultura uma distração só podem dar gente boa”. “Com certeza seu Paulo Cunha. É por razões como esta que minha empresa, a Cavalinho, é a principal patrocinadora dos rodeios de Vacaria”, retrucou o Paulo Hossani.

Foi bom ouvir o diálogo pois não havia nenhum interesse pessoal ou econômico na conversa. Tudo era para o bem se uma sociedade de tradicionalistas que unia famílias, educava crianças e formava cidadãos.
Ri muito das alfinetadas que se davam trovadores com seus versos picantes; chorei ao ouvir uma poesia (“Meu Pai”) declamada pelo autor; emocionei-me com as danças mirins e de veteranos; vibrei com as provas de laço e, confesso, torci foi pelos cavalos nas ousadas provas de ginetes. Vez por outra, pelo telefone celular, ouvia o jogo entre Esportivo e Caxias.

Quando cruzar por alguém que esteja usando pilchas nas ruas de Bento vou ficar satisfeito e orgulhoso tanto quanto ao encontrar torcedores usando a gloriosa camiseta do Alvi-Azul.

Não precisa de muito para ser feliz!