Nos dias de véspera da Páscoa o negócio era tomar gemada só para aproveitar a casca dos ovos abertas só no ladinho e pintar com tinta colorida. Se completava o vazio com amendoim e açúcar e o ovo de galinha ia para o ninho do coelho da Páscoa.
O sacana do Plinio colocou um ovo inteiro no meu ninho, com esparadrapo disfarçando um buraco que não existia.
Quebrei dito ovo sobre o caderno dos temas e deu aquela sujeira de clara e gema. Os dois apanhamos.
O Eduardo, sobrinho do Plinio, saiu igualzito ao tio. Pintou um ovo de preto e colocou no ninho de uma poedeira lá no Salgado. Foi o maior alvoroço. A EMBRAPA foi chamada para elucidar o caso mas o João descobriu a malandragem e encobriu a brincadeira.
Houve época, quando ainda não existiam meios de conservação de alimentos, como a geladeira, que os ovos de galinha eram guardados em grandes latas cheias de cal, este mesmo cal que se usa em material de construção e até para fazer a casquinha dura do doce de abóbora de pescoço. Uma delícia!
Lembro de um oficial do Batalhão Ferroviário que transitava por Bento e comeu o tal doce de abóbora. Ficou perplexo ao descobrir que abóbora de pescoço não era apenas comida para porco.
Ovo da galinha também não é só para omelete: tem colégio que ensina a gurizada na tradição dos velhos tempos. Lá em casa estou aguardando para ver se aparece ovo com amendoim na Páscoa.
Para nós, adultos, a Páscoa recorda a paixão, morte e ressurreição de Cristo. Para as crianças é o tal do coelhinho.
Dê-lhe ovo de chocolate, caros uma barbaridade, e uns bons quilos a mais no peso de toda a família. Isso mesmo: sai do bolso e vai pra barriga.
No Natal também o fato se repete: para os adultos é o nascimento de Cristo e para as crianças o Papai Noel.
Que bom ser criança e acreditar em coelhinho e Papai Noel!
Melhor ainda é acreditar que houve um Homem que passou pela terra e encheu de esperança e amor uma humanidade que merece ser feliz. Ele morreu por este amor: Cristo.
Eu acredito!