Bastante movimentando e habitado, o local conta com um comércio vasto, inclusive, tem sido escolhido por empreendedores para abarcar novos estabelecimentos. Entretanto, habitantes se mostram apreensivos com o grande fluxo de carros, com o lixo das ruas e os horários de ônibus
A expansão comercial do bairro aumenta cada dia mais, até porque, ele tem sido escolhido para abrigar novas lojas e estabelecimentos. Isso se dá, segundo os empreendedores, pois o movimento do bairro é semelhante ao do centro, com o adicional de ter vagas de estacionamento. Já os moradores, aproveitam a movimentação, que no início do bairro não era tanta.
“Hoje em dia é um segundo centro”
Diego Correia, gerente administrativo de uma oficina, vem notando esse aumento cada dia mais. “O movimento está muito bom por causa do comércio, e acaba fazendo com que ele se torne um bairro grande, com lojas, farmácias e diversos estabelecimentos”, relata.
E esta mudança ocorreu também na própria estrutura do bairro que agora abriga novas construções. “Era diferente antigamente, quase não tinha prédio ou salas comerciais, nesse sentido também aumentou muito, até porque hoje não vejo pontos negativos em ter um comércio aqui, é um segundo centro”, constata Correia.
Aqueles comerciantes mais antigos, assim como Correia, vão acompanhando a expansão comercial. “Tinham poucas lojas aqui, e não tinha banco, nem mercado. Agora nós temos todos esses estabelecimentos, e percebemos que além de ser bom para nós que empreendemos, também é bom para os moradores”, destaca Makiele Baldo, gerente de uma loja de roupas.
A expansão comercial acaba gerando mais empregos no Botafogo. “A maioria dos clientes são do bairro, ou pessoas que moram próximas. Assim como nossos colaboradores que são todos daqui. Facilita para todos o comércio perto de onde moram, seja para quem vai consumir ou trabalhar”, declara Makiele.
Bom lugar para empreender
Sônia Nichetti, proprietária de um supermercado, nota muita diferença do passado do Botafogo e como ele está nos dias de hoje. “Evoluiu muito, o comércio está muito forte e a expansão está se dando muito rápido, sem falar que é um bom lugar para empreender”, realça.
Ela também explica como está sentindo a economia neste ano. “As vendas não são mais como antigamente, hoje as pessoas compram apenas o necessário, elas seguram mais o dinheiro. Acredito que sejam vários fatores, o pós-pandemia, política e a inflação. Muitas pessoas estão endividadas, e os impostos estão muito altos, portanto, esse valor acaba sendo repassado aos clientes”, explica.
Luis Carlos Grasseli é empreendedor no ramo de construção e reparação de veículos e há 23 anos abriu seu estabelecimento. “O comércio, de uma forma geral cresceu bastante, isso é inegável. Antes mesmo disso o bairro já era um lugar bom, tanto para viver quanto para empreender. Agora, o maior problema é o trânsito, que fica com congestionamento nos horários de pico”, aponta.
Sobre a situação econômica do Brasil, ele consegue ter a clareza que o momento está sendo complicado. “O setor de serviços varia conforme o momento econômico, e arrastado a isso o momento político. Isso se dá pela insegurança dos investidores e comerciantes. Pelo que se ouve ultimamente na área política, ninguém quer empreender e gastar. Acho que é passageiro, só não sabemos quanto tempo vai durar este ciclo”, comenta.
Novos empreendimentos
O Botafogo está cada dia sendo mais visado para abarcar novas lojas e estabelecimentos, a movimentação das ruas, o aumento de moradores, instituições como bancos presentes no bairro e o vasto comércio têm sido os motivos. A recente loja escolheu o local para instalar sua primeira loja na cidade. Mas ao chegar, enfrentaram problemas relacionados a horários do transporte público. “Estamos com muita dificuldade por causa do horário dos ônibus. Muitos dos meus colaboradores me explicaram que as 19h15min é o último horário que sai do centro. Era para a nossa loja funcionar até as 19 horas, mas como eles precisam se locomover, tivemos que mudar”, relatou Gustavo Satiq, gerente da loja.
Além de ser um problema para eles, reflete na geração de empregos. “Isso influencia diretamente nas nossas contratações, estamos precisando de duas pessoas para o nosso quadro, e as que tinham qualificação, não conseguem conciliar o horário por causa do transporte público”, reforçou.
Satiq conta o porquê das escolhas em relação a cidade e o bairro. “Escolhemos Bento porque é uma cidade economicamente muito forte, e nós só tínhamos loja em Caxias. E sobre o bairro, fizemos uma consulta, um planejamento forte com as imobiliárias. Dentro desse estudo, vimos uma possibilidade muito grande, porque na região central o maior problema é estacionamento. Consideramos aqui um ponto muito movimentado”, comemora.
“Quando cheguei era tudo mato”
A moradora Dilce Zanette de 80 anos, vive no bairro há anos. “Casei há 58 anos, e após um ano construímos nossa casa aqui no Botafogo. Gosto de viver aqui, minha vizinhança é muito boa. A parada de ônibus é perto, temos um comércio completo, temos a UPA próxima, então não tenho do que reclamar”, exalta.
Quando chegou, por volta da década de 60, muitos bairros próximos dali ainda eram linhas de interior, e o aumento da cidade foi refletido nestes locais, inclusive no Botafogo. “Quando cheguei era tudo mato, o Santa Helena era colônia, parreirais, poucas coisas existiam. Agora está bem conhecido, muito movimento de pessoas”, relembra.
Há 22 anos, João Luiz de Oliveira se mudou para Bento Gonçalves, através do quartel, e logo em seguida sua esposa veio com ele. “Me arrependo de não ter vindo antes, porque é uma cidade acolhedora, muito boa, com pessoas maravilhosas, e hoje em dia, me sinto um Bento Gonçalvense”, declara.
O Botafogo não foi o primeiro local onde ele morou, mas aquele que escolheu para viver o resto de sua vida. “Para mim é um dos melhores bairros, morei primeiro na Cidade Alta, depois no Santa Helena, e por último aqui. O Botafogo é tão grande que poderia ser uma cidade, temos uma grande vizinhança, temos a UPA, farmácias, mercados e um vasto comércio”, relata.
As ruas precisam ser mais limpas
Ivete Basso morou durante a infância no bairro, e seguiu após se casar. Ela elenca diversas vantagens de se viver lá, mas também traz o que lhe incomoda. “Variedade de mercados, lojas, farmácias, não precisamos nos locomover para o Centro. Agora, a limpeza das ruas é necessária. O povo larga lixo na rua, usam a lixeira colocando tudo solto e cai no chão, então não vejo a hora que coloquem os contêineres aqui”, expõe.
Uma preocupação não só dela, mas de muitos moradores, é a forma que o tráfego de carros se dá, principalmente nos horários de pico. “O trânsito me preocupa um pouco, tem que ter muito cuidado na hora do movimento. Aqui, por ser caminho para muitos bairros, passam vários carros. Não sei o que faltaria, mas na Florianópolis, pelas 17h às 18h tem sido um perigo para os pedestres”, alerta.
Muitos que vêm de fora se encantam com a cidade e também com o bairro, como é o caso de Ivonete Raffainer. “Moro há 25 anos em Bento e optei por este bairro, pois acredito que ele seja muito bom. Logo que cheguei já vim morar para cá, pois tinha familiares que viviam aqui. Mas quando cheguei era muito diferente, hoje em dia ele é praticamente um centro”, realça.
Assim como Ivete, Ivonete também se preocupa “O tráfego de carros é bastante complicado, principalmente em horários de pico, os motoristas daqui de Bento são mal educados, não deixam a gente atravessar a faixa de pedestre”, reclama.
O clube Botafogo
A Sociedade Recreativa Botafogo foi criada em 15 de julho de 1959, e desde então vem funcionando com diversas atividades, tanto para os sócios quanto para aqueles que não são. Desde janeiro deste ano, o Presidente do clube é Antonio Natal de Barba. Ele traz quais as expectativas e dificuldades desta tarefa. “Presidir o clube Botafogo é um grande desafio, pois ele é muito grande, tem uma estrutura enorme. Nós temos hoje, além da sede social, quadra de tênis, de bocha, piscina, ginásio de esportes e mais a sede campestre com 7 hectares”, esclarece.
Os sócios têm direito a diversos serviços, um deles são as piscinas durante a temporada de verão. “Temos piscinas na sede campestre, para frequentar é necessário se associar e fazer os exames durante o período. Também, iniciamos com um novo tratamento para a água, que é feito com ozônio, não utilizando mais o cloro que faz mal para o cabelo e para os olhos”, revela.
A comunidade do local cresceu junto como o bairro, e isso aproxima ambos. “Faz 64 anos que o clube iniciou, inclusive o bairro levou o nome Botafogo em função do clube. E por ser o clube do bairro, a comunidade é bem participativa e sente orgulho dele”, enaltece.