Conforme a infectologista Nicole Golin, o período permitiu que a cidade se preparasse para o aumento natural do número de casos
Passados os quatro meses e meio das primeiras medidas tomadas pelas autoridades públicas para conter o avanço do coronavírus, como fechamento do comércio, dentre outras atividades, a médica infectologista do Hospital Tacchini, Nicole Golin, garante que o isolamento social em março contribuiu em diversos fatores. “Talvez o principal deles é que tenhamos, como comunidade, ganhado mais tempo para deixar a obra de ampliação da nova UTI Adulto pronta, além de redefinir fluxos e processos no sistema de saúde”, acredita.
Entre março e abril, a casa de saúde ampliou de 20 para 30 leitos disponíveis, chegando hoje a 50. “Tudo isso só foi possível, porque houve um controle inicial que nos permitiu chegar adiante, podendo oferecer atendimento a todos”, afirma.
O aumento acelerado de atendimentos no pronto socorro, no final de março, começou a preocupar os profissionais de saúde e marcava, segundo Nicole, o “início de uma curva de subida da contaminação e, consequentemente, dos atendimentos”. “A partir do momento em que se estabeleceu transmissão comunitária, o aumento no número de casos passou a ser quase uma consequência natural. A preocupação no sentido de volume simultâneo de atendimentos segue a mesma. O que podemos fazer é continuar nos cuidando ao máximo para que a estrutura hospitalar continue suprindo todas as necessidades da população”, enfatiza.
A instituição possui processo seletivo aberto para contratação de 65 profissionais de saúde, destinado a técnicos de enfermagem e enfermeiros. “A partir do momento em que colocamos em prática algumas ampliações, as equipes passam a ser constantemente reorganizadas dentro de suas escalas para que tenhamos sempre a cobertura completa de todos os serviços oferecidos durante a pandemia”, ressalta.
A quantidade de internações tem mantido uma certa estabilidade, mas isso não quer dizer que estamos tranquilos, Nadine Golin, médica infectologista
A capacidade hospitalar em Bento Gonçalves ampliou 150%. A médica sustenta que a ocupação de unidades de tratamento intensivo no Tacchini é, em média, de 35 pessoas. “A quantidade de internações tem mantido uma certa estabilidade há algumas semanas, com picos eventuais em alguns dias e pequenas quedas em outros, mas isso não quer dizer que estamos tranquilos. Nós temos exemplos espalhados pelo mundo todo de como o relaxamento dos cuidados relacionados à doença pode gerar picos de internações e desestabilizar sistemas de saúde em questão de dias. Não queremos que isso ocorra em nossa região. Por isso é importante que continuemos nos cuidando na medida do possível”, recomenda a médica.
Foto: Franciele Zanon