Município reforça imunização de grupos prioritários; especialista desvenda formas de transmissão e prevenção da Mpox

A coordenadora de imunização da Secretaria da Saúde de Bento Gonçalves, Luiza do Rosário, esclarece a situação atual das vacinas contra no município. No momento, estão disponíveis 300 doses da vacina Covid-19 XBB para a população. Contudo, não há previsão para novas remessas tanto dessa vacina quanto da contra Mpox. “Estamos vacinando apenas grupos prioritários, além do reforço para idosos”, informa Luiza, destacando que, desde 2021, já foram aplicadas 252.250 doses de vacinas contra a Coovid-19.

Em relação à vacinação contra a Mpox, a coordenadora explica que a imunização ainda não está liberada para a população geral. “Recebemos doses do Ministério da Saúde para pacientes dos Serviços de Assistência Especializada (SAE) que já realizaram a primeira e segunda dose, mas não contamos com estoque no município”, diz. Caso surjam novos casos suspeitos ou contatos com o vírus, o município pode solicitar doses à Regional mediante notificação.

Embora não haja campanhas ativas para incentivar a vacinação, Luiza destaca que a aplicação da vacina XBB está sendo realizada em cinco unidades de saúde para adultos (UBS Central, UBS Zona Sul, ESF Santa Helena, ESF Licorsul e UBS São Roque). No entanto, para menores de 12 anos, ela está em falta há alguns meses. “Estamos sem previsão de entrega pelo Ministério da Saúde”, relata.

Sobre a cobertura vacinal, Luiza afirma que Bento Gonçalves tem doses suficientes para atender à demanda atual. “Recebemos as remessas de acordo com a necessidade do município, mas como a vacina tem curta validade, após descongelada, deve ser usada em até quatro semanas”, explica.

O que é a Mpox: entenda a doença viral e suas formas de transmissão

A médica infectologista Isabele Berti esclarece sobre a Mpox e os perigos que ela representa

A Mpox, conhecida popularmente como varíola dos macacos, é uma doença viral que ganhou relevância nos últimos anos devido a surtos em diferentes regiões do mundo. Ela é causada pelo vírus da família Poxviridae, e sua transmissão ocorre principalmente por meio de contato direto com lesões de pele de pessoas infectadas ou através de secreções respiratórias de indivíduos doentes.

De acordo com o Ministério da Saúde, a doença também pode ser transmitida através do contato com objetos contaminados, como roupas e superfícies, ou pelo contato prolongado com gotículas respiratórias. O intervalo de tempo entre o primeiro contato com o vírus até o início dos sinais e sintomas da Mpox (período de incubação) é tipicamente de 3 a 16 dias, mas pode chegar a 21 dias. Os sintomas incluem: erupções cutâneas ou lesões na pele, linfonodos inchados (ínguas), febre, dor de cabeça, dores no corpo, calafrios e fraqueza. As erupções na pele geralmente começam dentro de um a três dias após o início da febre, mas, em alguns casos, podem aparecer antes da febre.

A médica infectologista do Hospital Tacchini, Dra. Isabele Berti, reforça essa ideia: “A Mpox se transmite tanto por contato com as lesões das pessoas infectadas quanto pelo contato respiratório. Por isso, o isolamento é crucial até que todas as lesões tenham cicatrizado, com a pele completamente renovada, sem crostas”, alerta. Após a manifestação de sintomas como erupções na pele, a pessoa doente deixa de transmitir o vírus a outras pessoas somente quando as crostas desaparecem.

Para diferenciar a Mpox de outras doenças de pele, como a catapora, Dra. Isabele explica que a doença apresenta estágios distintos de evolução nas lesões. “Ela começa com pequenas bolhas que evoluem para lesões pustulosas, como espinhas com pus, mas com menor disseminação pelo corpo, ao contrário da catapora, que forma lesões menores e mais avermelhadas, disseminando em todo o corpo”, descreve. As lesões podem ser planas ou levemente elevadas, preenchidas com líquido claro ou amarelado, podendo formar crostas, que secam e caem. O número de lesões pode variar, e elas tendem a se concentrar no rosto, palmas das mãos e plantas dos pés, mas podem surgir em qualquer parte do corpo, incluindo boca, olhos e órgãos genitais.

Prevenção e Tratamento

A prevenção da Mpox inclui a vacinação, quando disponível, e cuidados rigorosos de higiene. “O isolamento dos sintomáticos é a principal medida, além da higiene das mãos e do ambiente”, afirma. A estratégia de vacinação, segundo o Ministério da Saúde, prioriza grupos de maior risco para complicações graves, como pessoas vivendo com HIV/aids com baixa imunidade e profissionais de laboratório que lidam diretamente com o vírus. Há também a vacinação pós-exposição, indicada para aqueles que tiveram contato com pessoas suspeitas ou confirmadas de Mpox.

Embora o tratamento seja sintomático, em casos graves pode ser necessária hospitalização para garantir uma hidratação adequada e controle dos sintomas. A infectologista ainda esclarece que certos grupos são mais vulneráveis à complicação da doença, no entanto, desmistifica a ideia de que a Mpox afeta apenas determinadas populações. “Embora o vírus tenha sofrido mutações, tornando-se mais perigoso, ele não está restrito a um único grupo. Imunossuprimidos, crianças, idosos e profissionais de saúde, estão no grupo de risco”, destaca.

Ao ser questionada sobre a comparação com a COVID-19, a médica esclarece que, embora ambas sejam doenças virais, a Mpox requer contato mais próximo e sustentado para sua transmissão, o que a diferencia da rápida disseminação da COVID-19. “A disseminação da Covid ocorre muito mais rapidamente pela via respiratória, enquanto a Mpox necessita de contato direto ou prolongado com as lesões ou via respiratória”, pontua.

A médica também enfatiza que o preconceito em relação à Mpox, especialmente a ideia de que a doença está ligada exclusivamente à sexualidade, é um equívoco. “A partir do momento que a gente entende que não é só por via sexual que há transmissão, mas também pelo contato próximo com as lesões e pelo contato respiratório, entendemos que não é apenas a população sexualmente ativa que está em risco. Outras tantas populações precisam de cuidados e proteção”, explica a médica. Ela enfatiza que medidas de prevenção são essenciais para proteger a população como um todo.