O Governo do Estado anunciou um reforço de R$200 milhões no novo projeto de concessão de rodovias do chamado Bloco 2, que contempla estradas em 32 municípios das regiões Norte e do Vale do Taquari. O valor, proveniente do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs), eleva o total de recursos públicos no contrato para R$ 1,5 bilhão, dentro de um investimento global de R$ 4,3 bilhões, somando a participação da iniciativa privada.

O projeto prevê concessão por 30 anos com pedágios em modelo free flow, 24 pórticos de cobrança e obras como duplicação e implantação de terceiras faixas em trechos das rodovias RS-128, RS-129, RS-130, RS-135, RS-324 e RSC-453. A expectativa é realizar o leilão ainda em 2025, com as principais obras estruturais a partir do terceiro ano de contrato.

Apesar da aposta do governo em um novo modelo de concessão com promessas de melhorias a médio e longo prazo, parlamentares da Serra Gaúcha alertam para a urgência de ações imediatas na malha viária da região. O deputado estadual Guilherme Pasin (Progressistas) encaminhou nesta semana um ofício ao governador Eduardo Leite cobrando atenção especial do Piratini para demandas viárias que se tornaram ainda mais críticas após as enchentes de 2024.

O deputado Guilherme Pasin

Pasin expressou preocupação com a lentidão na recuperação da BR-470, uma das principais vias de ligação da Serra, e reforçou a importância de investimentos imediatos em rotas alternativas para assegurar o escoamento da produção local e a mobilidade da população. Entre os pedidos encaminhados, estão a finalização da RS-437 (entre Vila Flores e Antônio Prado), a construção de uma ponte sobre o Rio Taquari entre São Valentim do Sul e Santa Tereza (com consequente modernização da RS-431 até Bento Gonçalves), e a conclusão da estrada entre Protásio Alves e Ipê, considerada estratégica para a integração regional.

O deputado também reivindica a construção de uma nova ponte sobre o Rio das Antas, interligando Bento Gonçalves e Veranópolis, além da conclusão do trecho da BR-470 entre André da Rocha e a BR-285, em Lagoa Vermelha, e da estrada entre Serafina Corrêa e União da Serra, apontada como elo importante entre municípios produtores. “Estamos tratando de obras fundamentais não apenas para reparar os danos causados pelas chuvas, mas para garantir a continuidade do desenvolvimento da Serra Gaúcha. A economia da região depende diretamente dessas conexões viárias. São rotas de escoamento agrícola, acesso a polos industriais e ligação entre comunidades que não podem ficar isoladas”, destaca Pasin. Segundo ele, as intervenções são estruturantes e inadiáveis. “A Serra Gaúcha precisa de respostas rápidas e eficazes”, pontua.

A crítica à diferença de tratamento entre as regiões também ecoa entre lideranças empresariais. O empresário Elton Gialdi avalia que a Serra Gaúcha foi usada como um experimento pelo Governo do Estado. “Infelizmente, a Serra Gaúcha foi usada como laboratório para o governo estudar e descobrir que tarifas justas são importantes para a economia e para o desenvolvimento regional. Lamentável que a questão dos pedágios do Bloco 1 (nossa região) tenha sido desenvolvida a toque de caixa por interesses meramente eleitorais. O resultado foi péssimo e a população desta região vai pagar por 30 anos por esta inoperância ou descaso do governo”, critica.

O empresário Elton Gialdi

Gialdi também elogiou a mobilização da sociedade civil e de lideranças dos municípios que integram o Bloco 2: “Temos que cumprimentar a mobilização da CICS Serra – Associação das Entidades Representativas de Classe Empresaria Gaúcha, dos líderes e dos municípios que envolvem o Bloco 2, que conseguiram demonstrar e demover o governo de suas pretensões de privatizar sem análise e estudos adequados sobre os impactos deste custo à população local. Lá o governo está sendo justo e parceiro, investindo recursos públicos e viabilizando tarifas adequadas, fato que não ocorreu aqui, talvez porque nossa sociedade não teve o interesse para esta mobilização e mais uma vez aceita o que lhe é imposto de forma passiva”, aponta.

Enquanto o governo estadual busca atrair investimentos e modernizar parte das rodovias por meio da concessão, a pressão aumenta por ações emergenciais que atendam às necessidades mais urgentes da população e da economia regional, especialmente nas áreas impactadas pelas chuvas históricas que afetaram o estado em 2024.