Eta semana infernal! Se não bastasse este “friozão” de congelar até pensamento, me aconteceram duas coisas inacreditáveis. A segunda:
Trabalhei feito condenada – se bem que condenado não trabalha como tal – enfim, gastei um turno inteiro para escrever a crônica da semana, que tinha como tema “o Papa do Povo e suas virtudes franciscanas”. A cada novo parágrafo, ia salvando o texto, pois sabia que se fosse surpreendida por uma pane elétrica ou coisa do gênero, nem Jesus me salvaria.
Embora no ponto, resolvi deixar a redação “marinando”. Numa próxima leitura, eu poderia talvez acrescentar um temperinho, uma pimentinha, só pra não parecer tão “beata”.
À noite, busquei o texto. Mas, cadê ele? Pesquisei nas pastas, nos arquivos, no Word, com título, sem título, de um jeito, de outro, pra cá, pra lá, em cima, embaixo, dentro, fora, coisa e tal. Após ter acionado todas as ferramentas possíveis, inclusive meus filhos, concluí que um fenômeno inexplicável dera sumiço à crônica – motivo por que estou digitando esta.
O segundo evento da semana, primeiro na ordem:
Estava eu pilotando meu Boing 787 pela Treze de Maio, em horário de pico, desviando dos malucos que invadiam meu espaço aéreo, quando, de repente, escutei um “BUM” seco e forte, que me deixou em estado de alerta. No mesmo instante, vi um objeto voador não identificado fazendo acrobacias rua acima. De onde surgira aquilo? Diminuí a marcha e aterrissei praticamente na calçada, na altura que dá para um beco. Desembarquei e – surpresa! O OVNI era a minha calota… minha, não; do carro. Como tudo que sobe, desce, ela também desceu, rodopiando até mim. O pneu? “Na chom!”, diria Dona Armênia. “E agora? Quem poderá me ajudar?”, falei para mim mesma, atônita.
Fiquei um tempo ali, esperando algum Chapolin Colorado, mas nada. As pessoas passavam sem um pingo de curiosidade, desviando da encrenca atravessada na calçada, com olhar nada solidário. Que remédio! O negócio era conduzir o carro até uma borracharia, e que Deus me ajudasse a chegar.
Estava arrancando quando dois jovens me acenaram, indicando o pneu furado. Fiz um sinal de que havia compreendido, mas que não tinha opção. Então, surpreendentemente, eles mostraram, através de gestos, que estavam dispostos a fazer o serviço sujo.
“Tudo termina bem quando acaba bem”, diz a sabedoria popular. Neste caso, com a ajuda dos irmãos Mateus e Leonardo, dois meninos que, pelas suas recomendações tão adultas, feitas com tal delicadeza, devem carregar, eventualmente, um par de asas brancas…