De prefeitos e candidatos
Vou contar uma história, baseada em fatos reais. Na última eleição municipal, uma pessoa próxima a mim, confidenciou que “Pasin vai perder feio no bairro Eucaliptos”, onde ela morava. Uns 15 dias antes da eleição ela disse “vou votar no Pasin”, e eu retruquei: “mas como, ele não ia fazer votos no bairro!” Veio o contraponto: “acontece que ele me visitou lá em casa, é um moço simpático, bonito, gostei dele, vou votar nele. Presumi, então, que o bairro a partir da visita do Pasin, iria mudar, e mudou, Pasin ganhou lá com larga margem. Houve outras circunstâncias, mas prefiro não abordá-las agora. Pasin era um dos apóstolos de Darcy Pozza. Foi “escolhido a dedo” como seu sucessor. E não decepcionou. Faltou-lhe a experiência que Pozza certamente lhe teria transmitido, mas tocou em frente seguindo o seu “Caminho de Compostela”. Já no final dele, exausto, foi presenteado com a “dádiva” (?) da presença de um cavalo chamado “Corona” que o levaria aos portais do inferno, não fosse ele, Pasin, politicamente correto, cuidadoso, meticuloso e rigoroso. Um dos Apóstolos de Pasin, é, sem dúvida o Vice-Prefeito Aido José Bertuol, seu fiel escudeiro mesmo que pertença ao PSDB – o partido do Governador. E, como Pasin é amigo e chegadão no Governador, manda mais ele no PSDB de Bento do que o Presidente. Tudo na santa paz da submissão, “do bem comum dos interesses” diria Brizola, “pela governabilidade”, diria Ulysses Guimarães. Assim, Bertuol se tornou o Vice-Prefeito “dos sonhos”.
Uma foto aqui, um sorriso ali, outra missão acolá, o consenso de que não há dinheiro para fazer muita coisa e, quando Aido abre a boca vêm as reminiscências de seu passado na Prefeitura e, para por aí. Seria o candidato de Pasin, que tem compromisso com o PSDB. Mas Aido é taxativo: “não estou muito afim, é muito trabalhoso. Quem vai ser tão bom Prefeito como Pasin”? afirmou. “Não tem dinheiro, não dá para fazer quase nada. Quero descansar, já trabalhei demais”. Será uma estratégia política herdada de seu mestre Aristides Bertuol, tão forte quanto Darcy Pozza, que só se tornava candidato aos 48 minutos do segundo tempo?
Surge Diogo
Pelo sim ou pelo não, Bertuol é o candidato preferido de Pasin, segue-se na ordem Diogo Siqueira, duas vezes Prefeito no “reino encantado de Santa Tereza”, bom moço, família exemplar, reza a cartilha de Pasin, não tem boca pra nada, só pernas e braços para trabalhar seguindo um “modelito” de gestão “padrão Pasin”. Com a visita do CORONA, trabalhou muito, exaustivamente. Perguntado se o Prefeito lhe exigia muito, respondeu “me manda whats de madrugada, e se eu não respondo, ele me liga”, manifestando ares de orgulho. Diogo deixa a Secretaria para ser candidato, o que prenuncia, em princípio, a desistência de Bertuol, confirmando sua situação de um “Mario Tereso cansado de guerra”. Meu nono diria “su co le reche”. Assim, eu diria, que não sendo Bertuol (PSDB) o candidato de Pasin, será Diogo (PSDB), ambos enquadrados num perfil de beleza, cordialidade, simpatia e respeito ao apostolado. O Vice será certamente Virissimo (PP). Pasin parece ter fetiche por esse seu Apóstolo, deve rezar a Bíblia como ninguém no reino da “supremacia Pasin”. Darcy Pozza estaria orgulhoso porque eu acho que “era o que ele faria”.
O Talismã de Pozza
Darcy Pozza era da Arena, do PP, tido politicamente como um homem de direita, no entanto sua ação política era de um socialista democrata, sei lá o que eu estou dizendo. Parece que a família Pozza tinha origem política pelo PDT, posso estar falando besteira, mas já ouvi falar isso. Eu tive minhas rusgas pessoais com ele, nada políticas. Um dia encontrei ele na rua, não era mais Prefeito, nem Deputado, mas continuava usando aquele chapeuzinho, desbotado, aba torta. Nos jogos do Esportivo, lá estava ele com o chapéu, na rua, no Café Aliança, no Shopping, imagine um lugar, lá estava Darcy com seu chapeuzinho. Meu pai foi vendedor de chapéus “Prada” e eu tinha uma aversão por chapéu velho, queria vender os novos. Eu disse “Darcy, vou te dar um chapéu novo. Vamos. Um cara feito tu, com um chapéu velho desses que já tem 50 anos de uso”? Ele respondeu: “tá loco, esse é meu talismã! Ganhei várias eleições com ele, não vou me separar”. Bem, talismã é comigo mesmo, búzios, ciganas, pais de santo, médiuns, venha o que vier “o que abunda não prejudica”. Passei a tolerar aquele chapéu que, certamente, também contribuiu para a ascensão política de Pasin. A pergunta é: quem, Pasin, Diogo, Aido… quem usará um talismã Pozza, o chapéu de “Pedro pedreiro”? Volto ao assunto na próxima coluna.