O IMPACTO BRUTAL

BENTO GONÇALVES SOFREU UM LINCHAMENTO MORAL E SOCIAL, com o tal do enquadramento do grupo de baianos que aqui estavam “desenvolvendo trabalho da colheita da uva em condições análogas à escravidão”. Uma cidade inteira foi mal conceituada, um segmento industrial foi penalizado sem a imputação da responsabilidade criminal derivada de uma profunda averiguação. Uma empresa ou uma pessoa só foi a responsável, presa temporariamente e libertada sob fiança. Enquanto ela está por ai cumprindo apenas com suas obrigações trabalhistas, nós cidadãos estamos mergulhados em conceitos negativos que correram, fruto lances midiáticos, o Brasil inteiro. Foram até o Ministro da Justiça, ao Ministro da Fazenda, a Polícia Federal, ao Ministério do Trabalho, ao Governador. Um caminho conflitante, tortuoso que emitiu conceitos, julgamentos, interpretações, que machucou, de certa forma, a nossa honra, a nossa tradição. E o conceito da sociedade Bentogonçalvense como um todo, alicerçada que está na dignidade e no trabalho exemplar. Uma brutalidade, eu diria.

O CENÁRIO CONSTITUÍDO

Grupo de trabalhadores estava, eu não diria hospedado, mas sim acampado, numa pousada ali no Borgo. Muitos deles já tinham estado em Bento nos anos anteriores para trabalhar na agricultura e na vitivinicultura, como colheitadores de safras. É sabido que, nessas contratações, há diversão, cânticos, brigas, desentendimentos, mal estar. Vizinhança teria acionado a Municipalidade e a Brigada. Tivesse havido a intervenção da Secretaria de Trabalho e Ação Social, da Guarda Municipal, da Brigada Militar, todo esse episódio deplorável talvez não tivesse acontecido. Por outro lado, bastaria um só dos descontentes ter ido até a Delegacia de Polícia denunciar o constrangimento por que estava passando, tudo talvez teria sido evitado. Caracterizo a omissão das autoridades que tem em mãos instrumentos jurídicos suficientes, como fechamento do local por parte da municipalidade ou autoridade policial, como um dos males brotados do episódio. Como se isso não bastasse, dois soldados DA Brigada Militar foram acusados de impor maus tratos aos trabalhadores, situação ainda não esclarecida. Inconsequência disso tudo: o dono da empresa não está preso, a pousada não foi fechada, o Comandante da Brigada não foi licenciado até esclarecimento dos fatos, os trabalhadores foram “resgatados” pela municipalidade que poderia tê-los assistido antes, o que me leva a concluir que há no ar interesse escusos em todo esse episódio.

O QUE FOI DITO

Sobre o assunto veja o extrato do que disseram. O Ministro da Justiça DINO que “não é um fato isolado”. O Ministro da Fazenda deu pitaco. Desembargador do Ministério do Trabalho em Porto Alegre disse que “as empresas são responsáveis solidárias”. O Governador depois de reconhecer a força produtiva do setor vitivinícola, disse “vamos investigar para saber quem cometeu crime contra os trabalhadores e penalizou a moral, os bons costumes e a tradição do povo gaúcho”. O Comando da Brigada Militar disse que “a corregedoria vai investigar o envolvimento de soldados no episódio”. O Deputado Guilherme Pasin, leu, na Assembleia, um extenso pronunciamento no qual afirma que “a honra de Bento foi atingida, de forma desumana e desproporcional”. Na Câmara de Vereadores, pronunciamentos sobre o ocorrido, mas nenhuma atuação prévia para impedi-los, não é possível que nenhum Vereador tenha tomado conhecimento do que estava ocorrendo por lá, a imprensa tomou o lugar dos Vereadores. O Prefeito Diogo Siqueira, quando as coisas estavam serenando, os trabalhadores recolhidos no Ginásio Darcy Pozza, gerando inclusive um excelente custo-benefício aos aparelhos de musculação existente em frente deu entrevista numa rádio da capital e afirmou que “quem contratou os colheitadores da produção são tão vitimas quanto eles foram”. Na mesma hora, no dia seguinte e, no outro dia seguinte, o prefeito foi alvo de críticas. No seu Gabinete, como nunca tinha feito até então durante sua gestão, o Prefeito reuniu entidades representativas do setor produtivo vitivinícola que, forma importuna e inadequada elaboraram um manifesto denominado “MANIFESTAÇÃO COLETIVA SOBRE MEDIDAS EM DEFESA DO TRABALHO DIGNO E DE NOSSOS VALORES”. Na minha modesta opinião “um reconhecimento de culpa em cartório”. Mais água na fervura. Reascendeu o assunto nas redes sociais e na imprensa, novas interpretações, novas entrevistas, a máxima “É HORA DE FALAR E HORA DE CALAR”, não foi seguida, era hora de calar e não de falar, deixa morrer, vamos conversar. Vamos nos unir, lamber feridas, se não fizermos isso vai acontecer de novo, mais uma morte no campeonato de mais mortes ocorridas, mais exportação de coisas ruins, como se fossemos coisas ruins, não somos, somos especiais, mas para mostrarmos isso precisamos estar unidos, debater os nossos problemas, nossos objetivos como sociedade constituída, não é só o Prefeito que conta, somos todos nós. Sociedade organizada atua no preventivo e não no corretivo. O manifesto da Presidente do CIC Marijane Paese é um sinalizador.

O FIM DO EPISÓDIO

O mais rápido possível, tiraram os baianos do Ginásio como as nonas raspam o tacho da polenta. Cada um com R$600,00 no bolso, comida e transporte assegurados, saíram daqui na sexta, chegaram na Bahia no domingo, com recepção e pronunciamento do Governador, essas coisas. Agora, o que será que eles vão fazer por lá? Cortar cana? Colher coco? Jogar futevôlei ou futebol na beira da praia? Vender bugigangas aos turistas? Seja lá o que for, vão estar mais felizes, estão em casa, não importando que a Bahia seja o segundo estado mais pobre do país, com um montão de gente no “dolce far niente”, vivendo com o Bolsa Família. E, quem sustenta o Bolsa Família que ficou fora do orçamento secreto? Será, também, o aumento dos combustíveis? Vamos virar está página, ficarão sempre duas penalizações a Bento, além da criminalidade: “o racismo contra o Juiz Márcio Chagas” e a “terra do trabalho escravo”. Volta e meia esses assuntos vão vir à tona, temos que nos acostumar, ninguém olha para o balaio cheio de maçãs boas, se tiver duas podres dentro vão olhar sempre pra elas. E, elas tem a propriedade e tornar as outras podres. Não vamos deixar isso acontecer, vamos eliminar a podridão do balaio e cultivar a riqueza que nos cerca.

PODEROSAS

• FECOMÉRCIO-RS dizendo que 36,4% das famílias de Porto Alegre estavam inadimplentes (devedores) em janeiro. É o maior percentual dos últimos cinco anos. Em 12 meses até janeiro, alimentos e bebidas subiram 10,61%. O programa DESENROLA, prometido pelo Presidente LULA está no forno, vai estar voltado para a população que ganha até dois salários mínimos e com débitos vencidos há mais de 180 dias no final do ano passado. Será uma espécie de BOLSA DÍVIDA?

• As mulheres serão maioria, na CLASSE MÉDICA BRASILEIRA, a partir do próximo ano. Levantamento apontou aumento de 85% desses profissionais em uma década. Em 2035 o total passará a marca do 1 milhão, mas a desigualdade na distribuição regional deve persistir.

• Enquanto a carne resfriada é aquela fresca, embalada logo após o abate, a congelada é a submetida a ao menos -12°C. Conforme a legislação brasileira, a carne resfriada deve ser mantida a 7°C, e a congelada a no mínimo -12°C. Quanto mais próximo do fundo estiver o produto, melhor será a escolha, pois é por onde sai o ar frio e isso ajuda na conservação. A carne resfriada deve ser armazenada no refrigerador, e o consumo deve ocorrer logo após a abertura da embalagem. Quanto a carne congelada, o local correto para guardar é o congelador. Para consumir, o descongelamento da peça precisa ser lento, dentro da geladeira, sem adicionar água ou abrir a embalagem. Foi o que eu li.

• Consumidores poderão renegociar dívidas bancárias no Mutirão de Negociação e Orientação Financeira. A campanha irá até 31 de março. No Mutirão, serão ofertados descontos e prazos diferenciados para pagamento das dívidas no cartão de crédito, cheque especial, crédito consignado e demais dívidas em atraso com bancos e financeiras. Não estão na lista dividas com bens em garantia, como carros, motos e imóveis. A negociação poderá ser feita diretamente nos bancos e financeiras, pelo portal Consumidor.gov.br e também nos Procons, presencialmente.

• HUMILHAÇÃO (?) I
Afirmação que eu ouvi do Governador em entrevista a uma rádio: “convoquei o Prefeito de Bento para vir até o Palácio, para analisarmos a questão (escravidão) eu não vou estar aí, tenho compromisso em Brasília, mas o chefe da Casa Civil vai recebe-lo”. E o Prefeito foi nesta quarta-feira. Humildade ou humilhação?

•HUMILHAÇÃO (?) II
O Presidente LULA havia comunicado que viria ao estado para anunciar a continuidade das obras federais paradas. Suspendeu a visita. O Governador marcou audiência para falar com o Presidente esta semana, Presidente desmarcou, Governador foi mesmo assim carregando uma série de reivindicações em favor do estado, nenhum Ministro atendeu o Governador, que deixou sua carta de reivindicações com um ASSESSOR. Humildade ou humilhação?

• HUMILHAÇÃO (?) III
Mais uma do Governador: “vou constituir uma força tarefa para fiscalizar o trabalho escravo”. Meu Deus, o que estão fazendo com Bento? Sugestão ao Governador: “estenda o trabalho dessa força tarefa para as prisões pois há grande número de presos vivendo em regime de escravidão, decorrendo daí o fato de que mais de 70% dos presos que saem da cadeia após cumprir pena, voltam a ser presos”. Porque?

• HUMILHAÇÃO (?) IV
O revanchismo político pode ser classificado como humilhação? Vejam bem: em Bento ONIX e BOLSONARO deram “banho nas urnas”. O GOVERNADOR LEITE nas eleições não apoiou nem LULA nem BOLSONARO. Estaria agora “vindo o troco” na forma de revanchismo político?