Coisas da Vida

Ex-caminhoneiro, ostentando aquela barrigona, foi ao médico pensando no CORONA. O médico disse “tu tem que perder essa barriga urgente”. Ele, calmamente, disse ao médico: “mas Doutor, eu levei 46 anos para ter essa barriga”. Pois eu disse a ele “amigo, agora tu vai levar mais 46 anos para perder essa barriga, até lá o vírus terá desaparecido mas, barrigona é vírus também, estraga próstata, estraga bexiga, estraga tudo nos “países baixos”.

Não gosto de inimigo oculto

Não tenho medo de nada, quer dizer, tenho sim, de inimigos como o vírus, que pode ser assintomático e não se sabe onde está e de onde vem, assim não se pode combater as causas, só os efeitos; de gente falsa; da hipocrisia; da mentira; da mesquinhez; de fofocas ou fake News; de motorista de autoescola em trânsito intenso; de motoqueiros acelerados entregadores de pizza; do Demo; de cobras, sim, de cobras. Quando vou a algum lugar, no qual vislumbro a possibilidade de ter cobra, pergunto se tem, se a resposta é positiva eu tomo um dos dois caminhos: ou dou uma volta no terreno para ver se elas estão realmente ali (he he he), ou dou uma volta e vou embora. Enfrentá-las, nunca! Tive um encontro com elas três vezes, foram traumáticos.

A pescaria

Certa ocasião fui com um então meu cunhado pescar lá perto da ponte de Cotiporã no Rio das Antas. Descer o “potreiro” da entrada até o Rio não foi fácil, mas vamos lá, “tudo pelo social”. Dei uma vasculhada no local, armei minha cama de campanha, coisa de soldado sem ter sido, pés elevados, estrado de molas, colchão de nenê (fininho e revestido de plástico). Eu estava acomodado, mas sempre vigilante, de olho no rio e sua evolução, no matagal e nas comidinhas. Fim de tarde, lá foram os pescadores armar os espinhais e eu fiquei cumprindo a minha função de “supervisor de acampamento”. Lá pelas dez nos recolhemos, pelas quatro, meu cunhado foi dar uma olhada nos espinhais, quando estava voltando gritou: “cobra na barraca”. Em cinco segundos eu estava na beira da estrada, ofegante, fazendo reconhecimento do terreno (onde tem o macho, tem a fêmea) e esperando uma carona para voltar para casa para o lado da Da. Zulma, minha mãe, na mais absoluta segurança. As cinco horas passou um agricultor com seu caminhãozinho carregado de produtos coloniais, oriundo talvez de GUAPOCITY ou COTIPOCITY, não lembro. Às oito horas eu estava em casa, causo de que aquilo não andava.

A caçada

Cachoeira, São Gabriel, Carazinho, andei por esses campos umas cinco vezes para caçar perdizes junto com meu pai, meus tios e um irmão. Aprendiz, iniciante, ignorante nas coisas de caça, meu pai me dava um “upgrade” me emprestando seu cachorro de estimação. Lá fui eu colina abaixo num campo de São Gabriel. De repente, o cachorro empacou e, eu, com o cano da espingarda, cutucava o rabo do “Boby” e ele virava pra mim e dizia “meu nome não é Boby”! O que fazer? A operação era simples, o cachorro avançava no capão, a perdiz levantava, eu atirava e errava. Olhei lá em cima da colina onde estava meu tio, meu pai e meu irmão, com um olhar de “o que é que eu faço”? Meu irmão desceu a colina correndo e eu fiquei esperando por ele que, quando chegou perto correndo, gritou, “para que é cobra”! Quando ele falou a palavra mágica eu já estava lá em cima da colina no lado de meu pai, “o santo protetor”. A cobra? Foi feita em mil pedaços com um tiro certeiro e “covarde” do meu irmão. O cachorro latiu e disse, olhando pra mim lá do alto da colina, “com esse cara não caço mais, corri risco de vida”!

A caçada da ‘choro-chora’

A ‘choro-chora’ é um pássaro pequeno, saltitante, desafiador, é a iniciação dos caçadores com funda. Eu era pequeno, tinha uns seis anos, um dia peguei minha funda artesanal e fui para uma taipa de pedra que fica em frente ao salão paroquial de BARRACÃOCITY. Lá estava uma ‘choro-chora’, desafiando minha competência matadoura. Fundada daqui, fundada dali, de repente, uma hora depois acabei com a humilhação. Ela caiu no meio da taipa onde tinha um roseiral. Com um olhar de Mr. Bean pensei: vou buscar ou não vou buscar, o que eu vou fazer com ela se ninguém caça ‘choro-chora’ e meu avô diria “vê se cresce e mata alguma coisa que valha a pena, uma galinha que não bota ovo, por exemplo”. Mas eu resolvi recolher a coitada, sagitariano é assim, matou tem que comer caso contrário é “assassinato a sangue frio”. Quando eu fui colocar a mão uma cobra estava engolindo a bicha, era uma temível jararaca. Eu fiquei petrificado, imóvel, não lembro se fiz xixi nas calças, certamente fiz, até que veio meu avô com uma espingarda, a Dopia (cano duplo). De repente, ‘pum’, não ouvi o tiro, eu berrava mais alto que o ‘pum’. Só vi a cobra partida ao meio, alguém me pegou no colo, a parte de trás da cobra ficou ali, a parte da frente sumiu, não antes de me chamar de “covarde”, até hoje o resto da cobra não foi vista e nem vi mais aquela taipa.

Conclusão

Vocês ainda tem dúvidas sobre o porquê eu não gosto de cobras? Ao pensar nas cobras vendo filmes, imagino o que eu faria se visse um leão na minha frente e que diálogo eu travaria com ele? Pois então vou dizer, começando por utilizar aquela expressão do “estrupício” do Senador Aécio Neves. Eu e o leão, frente a frente, um inimigo poderoso, declarado, ele ouviria de mim “escuta, vamos conversar?” Dentro da filosofia de que “se não podes combater o inimigo alia-te a ele”. Depois: “quais as tuas pretensões para comigo? Se tu tens fome eu posso ir até a minha mochila e te dar uns biscoitinhos fit, saborosos, mas se tu pensas em me saborear, quero dizer que eu sou “comórbido”, estamos em tempo de CORONA, eu se fosse tu, pensaria duas vezes”. “Por outro lado nós dois poderemos fazer uma parceria, tu vai lá pra casa, vou te dar filé mignon, água mineral, torta de bolacha, essas coisas de classe média alta, porque as demais classes médias estão sendo extintas. Não vou te exigir grandes sacrifícios, apenas que tu imponhas respeito na periferia, ditaremos algumas regras: máscara, mais de dois reunidos é quadrilha do vírus, tu espanta e, de vez em quando, tu ruge querendo dizer “vai pra casa” e dois rugidos, significando “fique em casa”. Assim, amigo, viveremos felizes e protegidos ao lado de nossos fiéis colaboradores na manutenção da “moral da pensão”, o Prefeito Pasin e o Governador Leite. Antes que o Leão decida o que vai fazer, vou fazer o que o eterno Secretário, de todas as horas, Itacyr Giacomello, escreveria em suas atas: “nada mais havendo para constar em razão da falta de espaço encerro a presente coluna”. Vou acrescentar um PS (post scriptum) na ata Itacyr, antes que venha prá cima de mim a Associação Protetora dos Animais; os Direitos Humanos; o FBI; a Scotland Yard; o SNI, que sou um protetor ferrenho, como poucos, dos animais, pássaros e natureza.