Dona Clementina, Ronaldinho e eu
Como diria um assistente daquela sexóloga do programa do Serginho, “tenho um amigo que…”. Pois eu tenho um amigo que… me contou uma história de Da. Miguelina, mãe do Ronaldinho Gaúcho, que virou lenda. Conta ele que depois que se separou, já faz muito tempo, começou a frequentar os bailões nas cercanias da Vila Restinga, o “chão das estrelas”, cuja expressão maior era Ronaldinho Gaúcho. E sempre encontrava por lá Da. Miguelina, a “mama” querida do Ronaldinho, que, palavras do meu amigo, “num raio de 50 metros de sua mesa, pagava a despesa de todo mundo”. E que a Madame era uma Dama, uma dançarina de “mão cheia”, “pé de valsa”, animada a noite inteira. Atento, para saber o que eu tinha a ver com esta história, porque eu odiava o Ronaldinho Gaúcho, perguntei: “e daí”? Ele continuou “e daí que quando eu chegava nos bailões dava uma “graninha” para o garçom e perguntava “onde vai sentar Da. Miguelina (ela nunca sentava no mesmo lugar para não criar maus hábitos)” e ele me indicava a mesa. E eu, “e daí amigo”? “E daí Henrique que eu sentava no raio de 50 metros e a copa era franca”. Muito esperto esse meu vizinho e amigo, filho de pai italiano e mãe alemã, ou vice-versa, não lembro, uma combinação perfeita no meu entender. Imaginem um italiano “da gema” saindo de casa para jogar cartas no bar da esquina e a mulher alemã dizendo para ele “não volta tarde, cuidado com quem tu vai te meter, não me vem pra casa com as botas sujas, não me bagunça a casa e, mais, vê se não aposta dinheiro, preciso dos trocados para fazer ‘cuca’ pros netos amanhã”. Nem Garibaldi se atreveria a desobedecer. Mas voltemos a Da. Miguelina, a última aparição pública dela foi no desfile de carnaval na escola de samba que homenageou o fenômeno. Caiu doente, meu amigo e vizinho de praia perdeu a “boca”, a Restinga deixou de vê-la esplendorosa. Esses dias, perguntaram ao Ronaldinho, que está preso no Paraguai, como ele se sentia e a resposta dele veio pesarosa “tudo bem, só estou com muita saudade de minha mãe”. Quando eu era guri, uns oito anos, (já contei?) fiz duas viagens a São Paulo junto com motoristas do meu pai, que tinha caminhões. E uma viagem ao Rio de Janeiro, com meu tio Ladyr. Não chorei, não fique triste com saudade de minha mãe. Mas, quando eu tinha 16 para 17 anos, ia a Olímpiadas Estudantis, 15 dias fora de casa, eu chorava todas as noites com saudades de minha mãe. Assim, eu entendi o Ronaldinho, foi meu único momento de ternura em relação a esse guri, o resto foi só raiva. Ele “arrasava” com os colorados, quando ele abandonou o Grêmio soltei foguetes em pensamento. Quando ele, naquele jogo do Barcelona, foi cobrar aquela falta “roguei praga de urubu”, e deu certo: Inter Campeão Mundial. Não é que o danado tinha por baixo da camisa do Barcelona uma camisa do Grêmio?
A mansão da Restinga
Ronaldinho, inspirado pela Miguelina, a mãe, e assessorado pelo malandro de seu irmão Assis, construiu uma mansão de 4 mil metros quadrados na Restinga. Seis campos de futebol, boate, quadra de tênis, piscinas, talvez tenha “cachorródromo”, “galinhódromo”, essas coisas. Para construir a dita, Ronaldinho agrediu o meio ambiente, foi multado, não pagou, fez um acerto com a promotoria para quitação da dívida (era de oito milhões, acertou por 5 milhões) o passaporte que tinha sido apreendido foi devolvido a Ronaldinho, que, pelo que sei, não pagou a dívida ainda. Foi para o Paraguai, com seu irmão Assis, agendarem cidadania e a emissão de passaportes paraguaios falsos através de uma “Girl” que está desaparecida, e a polícia suspeitou, não se sabe exatamente do que, prendeu a dupla, prisão que foi transformada em prisão domiciliar mediante o pagamento de 8 milhões de reais. A informação que eu tenho é que o jogador Messi, amigo de Ronaldinho, pagou. A dupla dinâmica está há mais de quatro meses presa, agora em prisão domiciliar num hotel quatro estrelas na Capital do Paraguai, pagando a importância mensal de 14 mil reais, são os únicos hospedes do Hotel, fechado por causa do Corona. Tem sauna, piscinas, salas de jogos e restaurantes. Ronaldinho tenta recursos judiciais para ser solto, mas não tem conseguido, até que a “Dama das Camélias” apareça e explique quem fez o que e porquê, acho que não vão ser soltos.
A Lagoa de Mandaú
Estava eu em Maceió, um paraíso, com ideia de fazer um passeio de barco. Colhi informações e “vai lá no bairro das mulheres rendeiras e procura por fulano (esqueci o nome)”. Fui ou melhor, fomos, Seu… não estava em casa, esperamos na sala de estar da residência, ouvimos histórias, tomamos um café, depois de duas horas “partiu”. Subimos pelo remanso da lagoa do Mundaú, um passeio que recomendo, ouvimos histórias, vimos cenários paradisíacos, e, na volta, avistei, no encontro da lagoa com o mar, um edifício de 14 andares, um lugar fantástico. Eu disse para Seu…. “olha lá um lugar que eu gostaria de morar” vista mar e estibordo, bombordo, vista cidade, banho de mar e lagoa”. Ele ouviu atentamente meus argumentos remando e serenamente disse “não é só o senhor não, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo o fenômeno, Luiz Felipe Scolari, e muitos boleiros mais, inclusive Edmundo, tem apartamento ali, é um apartamento por andar. Naquele momento à minha raiva de Ronaldinho somou-se o ciúme e o recolhimento à minha insignificância, nada de Lancha 21 pés, eu estava numa canoa de pescador, “feliz da vida porque não tinha condomínio, nem impostos, e nem multa ambiental para pagar”. Pode tamanha humildade? Ronaldinho e Assis se tornaram, acredito, uns “espertalhões”, acham que a fama pode se sobrepor aos bons costumes, ao respeito à lei e a equidade. Talvez Da. Miguelina devesse ter sido menos sambista de raiz e mais a Da. Maria, mãe do BADIN, o COLONO. Quando a dupla LULA/DILMA, governaram esse país, tínhamos seis classes médias. Hoje estamos reduzidos a três, as outras voltaram a condição de pobreza por falta de sustentabilidade. Deem um pirulito a uma criança e cinco minutos depois tirem, se ela não engoliu inteiro, para ver o que acontece. A vida tirou o pirulito da boca de Ronaldinho? Não era melhor que não tivessem lhe dado o pirulito?
Conclusão
“Querium” (querium é queriam no meu português latinizado) que eu falasse de que “cara pálidas”? De pandemias ao invés de pandemônios? Que estive dando uma volta pela cidade que está parecida com um “dia de finados”? Abre-te césamo! (comércio); da desolação de nossas lideranças sociais, políticas, religiosas e econômicas não só diante do Covid-19 como diante também dos “vírus sociais” que ele aflorou? Daqueles que ainda sofrem por terem perdido tudo com a enchente? Das empresas que, se ainda não fecharam as portas estão para fechar? Dos Prefeitos que não querem assumir as responsabilidades do Governador diante do vírus? Dos assassinatos que me fazem vê-los não como queima de arquivo, bandido matando bandido, mas como fruto do meio social não convenientemente assistido? Da perda de meu amigo (desde os tempos em que diziam que eu era também um “bundinha da cidade”, mas não era), Fausto Michelin, sempre com um olhar afetivo e sorridente e usando a expressão “querido”, sobre quem vou falar mais adiante? Que os jogadores do Grêmio parecem aqueles jovens disciplinados e comprometidos do exército alemão de Hitler fiéis ao “Her Renato” enquanto que os do Inter parecem embaixadores da Inglaterra na África, nada necessitados e nem comprometidos, além de pesadinhos demais? Que o Esportivo, enfrenta o Inter hoje às 19 horas, está a ponto de “chegar lá? Dos 400 aviões que estão de prontidão, com estoques de inseticidas, para impedir o ingresso dos gafanhotos no RS? Mata-se os insetos, contamina-se os rios e córregos? Que o espaço acabou?