O diabo veste vírus?
Acordei hoje, sexta com mais uma triste notícia. A Santa Casa, de Porto Alegre, especialista e referência em transplantes de coração, suspendeu a realização das cirurgias (média de 120 por ano) para dar lugar e contribuir para o combate ao vírus. Salva-se de um lado e deixa-se morrer de outro, a rigor é isso. No Tacchini, em Bento, presumo estar a direção, corpo médico, equipe de enfermagem, extenuados e trabalhando em condições psicológicas adversas. Nesta quinta ouvi o ex-Ministro da saúde Mandetta dizer que o Presidente Bolsonaro defende a Cloroquina, porque tem uma equipe médica permanente, exames continuados que podem controlar os efeitos, enquanto os menos favorecidos não têm esses recursos. Foi por isso que o ex-Ministro Mandetta, assim como o Ministro Moro, deixaram de ser Ministros. Eles não entendem de política, falam de maneira descompromissada. Vai ver que Bolsonaro mandou o povo comprar o medicamento e tomar por conta própria! O que ele fez foi acrescentar um ingrediente a mais na grande discussão que se formou em torno do medicamento, com alguns médicos a favor e outros contra. Mas, vamos combinar: da minha pressão cuida meu médico, do meu coração cuida meu médico, dos meus dentes cuida meu dentista. E, se eu não puder pagar, cuida o Sistema Único de Saúde. O vírus parece coisa do diabo, o que faz o diabo? Semeia confusão e propicia o surgimento de igrejas em profusão em busca da salvação, cada um combatendo o demônio e sua feição. No entanto, para combater o vírus é preciso união, determinação e foco.
Ele tem razão?
Os Ministros do STF decidiram que a responsabilidade de combate a pandemia é solidária entre Governadores e Prefeitos. Eu tenho divergido dessa posição, entendo que a responsabilidade de conduzir os interesses de seu povo é do Prefeito. Vejam por exemplo, que as medidas do prefeito de Porto Alegre são diferentes das do Prefeito de Bento, e vice-versa. Eles é que sabem do remédio que deve ser adotado. Esta semana o Presidente do CIC de Caxias defendeu que o Governador dê mais autonomia aos Prefeitos para aplicar protocolos de prevenção à Covid-19. O Presidente do CIC de Bento disse que “o Governador penaliza Bento”. O Prefeito de Veranópolis, Waldemar de Carli, médico conceituado dedicadíssimo e dono de hospital, em entrevista a uma rádio conceituada, agrediu, ofendeu a responsável pela Coordenadoria Regional de Saúde (49 municípios) que atua no combate à pandemia. “Esse é o Waldemar”, exclamei ao ouvi-lo, incrédulo, no momento em que dava a entrevista. Ele foi Presidente do Veranópolis quando fui Presidente do Esportivo, o time dele tinha supremacia regional, para desmobilizá-lo contratei a estrela do Veranópolis, o centroavante Vandick, a peso de ouro. Acabou a supremacia do Veranópolis.
As lives
Assisti essa semana a lives do ex-Secretário de Saúde Diogo Siqueira e do Prefeito Pasin. O Secretário foi didático, o Prefeito foi emotivo. Confesso que quase chorei, não sei se de raiva do vírus ou da sensibilidade do Prefeito. Mas, não é o cartão vermelho ou amarelo do Governador que vai determinar o que deve ou não ser feito em Bento para combater o “DEMOCORONA”. Temos que ter um pouco de agressividade, ou bastante, de Waldemar de Carli, mais profundidade nas reivindicações tipo a do Presidente do CIC de Caxias e do CIC de Bento. Lives, bem lives, para que servem mesmo? Que efeito fazem? É discutível em se tratando de abordar uma pandemia. O Prefeito Pasin tem que ser mais incisivo e nos dizer, o que está exatamente fazendo para evitar a proliferação do vírus e não as condições que temos para combatê-lo. Reuniu todas as Igrejas para pedir apoio e orientá-las de como devem agir? Reuniu todas as entidades assistenciais para ouvi-las e orientá-las? Reuniu todas as lideranças de entidades e sindicais de empregadores e empregados, para ouvi-las e pregar a ideia de um combate frontal ao vírus e defender a responsabilidade solidária? Colocou a guarda municipal e/ou Brigada, numa ação fiscalizadora nos bairros? Reuniu os Vereadores, em reunião pública, pedindo apoio junto a seus currais (atenção são núcleos não locais de criação de cavalos) eleitorais. Enfim, temos relatórios circunstanciados de todas as medidas tomadas pelo Poder Público no combate ao vírus? Onde estão, no que se resumem. Ponha no papel, Prefeito, e mostre a população que está acuada, descrente, machucada e culpando os gestores públicos por crimes que não cometeram. O Prefeito Pasin pode estar certo nas ações que tomou, mas tem que democratizar essas ações, comprometer nossas forças vivas, de maneira diferente, no processo. E sim, afrontar o Governador, não importando o fato de ter sido coordenador da campanha de Leite, Bento é Bento, comete seus pecados mortais, mas é uma cidade diferenciada e, em razão disso, a postura dos seus líderes deve ser diferenciada. Podemos mais, é só nos unirmos.
Os danos irreparáveis
O “DEMOVÍRUS” trouxe prejuízos irreparáveis à sociedade brasileira, no contexto sócio-econômico-cultural. Os pobres não tiveram aula, os “ricos” tiveram aula on-line. Os funcionários públicos estão recolhidos em suas residências, o salário sendo pago, mesmo atrasado, sem reclamações. Empresas de adequaram, reduziram custos, reduziram o número de colaboradores e este momento veio para ficar. Assim, logo estatísticas serão divulgadas, com o número apavorante de desempregados. O déficit do estado previsto para 2021 deverá abraçar 8 (oito) bilhões de reais, teremos menos obras públicas, vamos ficar na nova ponte do Guaíba e na ligação Sapucaia-Gravataí. Rota do Sol? Precisará do orçamento do estado de um ano para consertá-la. Empresas fecharam, vejam o que disse Otelmo Drebes, da Lebes, que fechou 120 lojas: “o desemprego está desesperador e as decisões estão políticas”. Disse tudo. Segundo o IBGE, 1,3 milhões de empresas brasileiras estavam com atividades suspensas ou encerradas na primeira quinzena de junho. Cerca de 522 mil disseram que foi por causa do DEMOVÍRUS. Outras 716 mil fecharam definitivamente. No período dos 4 meses da pandemia o desemprego aumentou 27%. A Blogueira ANA FLOR afirmou que, segundo o Ministério da Economia, “3,5 mil empresas irão a falência ou pedirão recuperação” e que “a inadimplência pode crescer 294% em relação a um cenário sem a pandemia, atingindo 271 mil empresas no Brasil”. Projetem o desastre que isso provocará na economia e na sociedade brasileira em 2021. Olharemos para trás e constataremos que o vírus foi “um simples detalhe” que espelhou a deficiência do sistema de saúde brasileiro que deve, na essência, cuidar dos brasileiros para que não adoeçam e não só assisti-los quando doentes. Só os que tem plano de saúde conseguem ter uma medicina preventiva, desde que tenham disposição de pagar diferenças nas consultas médicas e diferenças em certos exames, quase todos. De resto, UPA neles, quando doentes. E, força e fé, para que as doenças que dependem de cirurgias seletivas e exames via SUS, resistam até desaparecer o vírus cujo combate é prioritário. Neste particular vocês sabem o que representa a volta do futebol? Um Melhoral para dor de cabeça, um Sonrisal para azia, alivio das tensões emocionais. Sou antigo sim, e daí?