Natais da minha vida
Tive Natais distintos. Até os 8 anos na casa de meus avós. Dos oito aos 12, na casa dos meus pais, isso no Barracãocity. Não tinha Papai Noel, tinha presépio, adornado com “barba de bode” das plantas, um ar de paz espiritual, isso tinha, e o tradicional FELIZ NATAL, votos que as crianças desejavam aos moradores passando de casa em casa. Não lembro de algum guri passar na casa de meu avô desejar FELIZ NATAL, mas ainda está bem gravada, na minha memória, a espera de um ano inteiro para eu poder passar de casa em casa, transmitindo os votos e ganhando moedinhas. Meu avô traçava a rota das visitas. Numa folha de papel de embrulho, ele projetava as casas das ruas e dizia: “aquelas que tem cruz tu não visita”. Vou contar pra vocês, bem baixinho, pois meu avô, se ouvir, vai vir da Paz Celestial para me puxar as orelhas. Eu passava geral, “sem exceção”. Nas casas assinaladas em cruz pelo meu avô eu recebia o dobro de moedinhas com uma bonificação em palavras: “quanta honra o neto do Rico Caprara vir me desejar FELIZ NATAL”. Pois é, aquelas moedinhas, somadas a dos pais, tios, dindos e avós, faziam minha alegria o ano inteiro. Eu não gastava, todos os dias eu contava, guardava, contava, guardava, era um ritual. Mais adiante, os “honorários” recolhidos com os votos de Feliz Natal foram todos parar numa poupança da Caixa Federal. Eu até ganhei um cofrinho, hoje reeditado tanto sucesso que fez, onde as minhas moedas iam parar. Eu encetei a campanha “ei você aí, me dá um dinheiro aí”. Vez por outra, quase sempre, eu sacudia o cofre para saber quanto tinha enchido, era um “estresse”. No presépio, sempre um olhar cândido para o JESUS BAMBIM, para os anjinhos protetores, sobre os reis magos (e magros também!) eu não entendia muito por mais que me explicassem. Presentes? Caminhõezinhos de madeira, ovos duros, muitos ovos duros, alguns vindos da Páscoa sob a alegação de que “ainda estão bons”, argumento aceitável porque eram coloridos. O Papai Noel era de “bolaçhão”, ficavam por último depois das balas. Um chinelo novo, no Natal sempre aparecia. Eu sonhava ganhar um caminhão grandão de madeira, tipo os bi trem de hoje, tinha que me contentar com os que só comportavam “carregar cascalho”, eu queria “carregar pedras, madeiras”, pô gente, eu pensava grande mas eu não era grande, era pequeninho tinha que me contentar com o “cavalo dado não se olha o rabo”. Me importava mesmo era o “climão” de Natal, o desaparecimento dos “porqui” daqui, “porqui” de lá, essas coisas de famílias italianas. Vendo a coisa pelo lado bom, fui feliz nos meus Natais de criança. A família vivia momentos de paz celestial, paz nas famílias é muito importante. Na casa nova dos meus pais, não lembro dos Natais, talvez os tenha passado na casa dos meus avós, foram tempos tumultuados na casa nova, falo mais adiante.
O Natal de cada um
Esta semana, no salão que fui cortar o cabelo, tinha uma senhora que, de forma precisa, focada, pontual e rigorosa, narrava como ia ser o seu Natal. A família irá para Encantado, onde todos vão estar concentrados: pais, irmãos, cunhados, umas 30 pessoas, mais “15 cachorros, cinco gatos”, 12 crianças, será um tumulto só, meu avô diria “le viem fora tute”, “mas, vá lá disse ela, é Natal”. Outra Senhora contou que todos iriam, de caminhão, até… não lembro, ali perto de Marau, dormiriam no caminhão, mas todos estariam reunidos, “vai rolar o maior festerê” disse ela. Cada um, cada um. Para uns “não gosto do Natal, entro em deprê”. Para outros “Natal é legal, a família se reúne, todos se dão bem”. Para outros “Natal é sinônimo de encrenca, só dá briga”. Natal é, na essência, recolhimento espiritual, não é sinônimo de se dar bem ou não nos encontros natalinos, é entender o significado e viver com paz interior, no respeito, no amor ao próximo, na tolerância, pera aí, então todos os dias devem ser Natais? Sim, esse é o espirito da coisa. Então, venha o que vier, vá para onde for, é Natal!
A cidade tudo mudou
A partir dos 12 anos, já na cidade, minha vida virou pelo avesso. Vivi Natais memoráveis, no trabalho e na confraternização. Meu pai era alfaiate, tinha uma loja, produtos de grife, eu era auxiliar, ele chegou a entregar, num Natal, 32 fatiotas, uma delas 15 minutos antes do início da Missa do Galo. O cliente se vestiu na Loja mesmo e partiu para a missa. Ir para a Missa do Galo vestindo “beca”, fatiota e gravata, sapato novo, era um acontecimento ímpar, sinal de respeito e elegância. A Igreja Matriz Santo Antonio vivia repleta. Hoje em dia a Missa do Galo, tem sim sua significação mas não tanto, da meia noite passou para as 20 horas. Natais, uma calça e uma camisa; ou, quem sabe, um bermudão e um chinelão. Ao invés da ceia, um churrascão, tá bom assim? Jesus tolera, é amor, compreensão, não é o traje, vamos tratar assim.
Fui Papai Noel
Num passado não muito distante, um festejo natalino em família. Não tinha Papai Noel. Me escalaram. Lá fui eu, traje colocado, barba de bode colada no rosto com durex, na barriga um travesseiro preso por uma cinta, um saco cheio de presentes fictícios para não dizer virtuais. Saí do quarto do “noivo noel”, tive que descer uma escada. Ao chegar na sala, bradei o OH. OH, OH, e nada aconteceu. Mas, quando eu comecei a chamar as crianças, ouvi o brado: “é o Pai”! E, as outras crianças: “olha, ele tem um travesseiro na barriga”; a outra: “eh, eh, eh, a calça tá caindo”. Deu tudo errado, o cinto que era para segurar a calça, usei para segurar o travesseiro, tudo desmoronou, minha moral foi lá embaixo, minha voz não era de Papai Noel, meu saco estava vazio, putz não sei, mas acho que aquelas crianças deixaram de acreditar no Papai Noel, pelo menos neste Papai Noel. Lembro também que, diante do desastre, olhei prá cima em direção a Jesus e disse: “porque não me auxiliaste”? E ele disse: “a paz esteja contigo! É Natal”!
O que dizem as pesquisas
Fim de ano, tempo de pesquisas, de mudanças nas Entidades, de definições políticas, de homenagens. Vejam o que as pesquisas disseram:
• O completo desenvolvimento do lóbulo frontal só ocorre ao redor dos 24 anos e concluíram que os danos causados às células neuronais que estão sendo lesadas a cada bebedeira vão trazer consequências graves no futuro. O álcool e as drogas podem diminuir o cérebro: 30% menos hipocampo. Segundo a UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA, adolescentes que se embriagam apresentam pior desempenho em testes de memória e um hipocampo menor do que os que não bebem. Corpo bêbado não tem dono! Além disso álcool é porta para entrada para outras drogas”.
• Bento não está entre as 15 melhores cidades para se viver no RS. A melhor é Porto Alegre, a segunda é Carlos Barbosa, Em sexto lugar vem Garibaldi. Santa Maria está em décimo lugar e Caxias em décimo segundo. Ijuí em 13°. Fonte: IHD, medido em todo mundo pela ONU.
• 76% estão consumindo proteínas de menos valor; 51% dos entrevistados optam por produtos mais baratos e de promoções; 60% dos empregados passaram a fazer bicos; 40% mudaram para uma residência menor. É o “lado bandido” da vida, dedução é minha. Fonte: BARE INTERNACIONAL.
• Brasileiros preferem viajar do que encontrar o verdadeiro amor. A BOOKING entrevistou 28.042 pessoas em 28 países. Metade dos brasileiros, 51% escolheriam uma viajem ao invés de uma promoção no trabalho; 59% escolheriam viajar do que sair para jantar com a família.
• 55% dos maiores de 18 anos consomem bebidas alcoólicas, detectou o INSTITUTO BRASILEIRO DO FÍGADO.
• IBGE apontou que 10% mais ricos ficam com 43% da renda nacional.