Anita e Garibaldi
O Governador instituiu 2021 como sendo o ano comemorativo ao bicentenário de nascimento de Anita Garibaldi, em âmbito estadual. Anita faleceu na Itália onde é venerada, ao contrário de Garibaldi que, embora tenha estátuas em áreas públicas em diversos locais, é tido como um mercenário, que lutava por dinheiro. Garibaldi tem sido aclamado como unificador da Itália mas, os italianos de modo geral, mórmente no Norte da Itália, dizem que ele não unificou coisa nenhuma. De fato, os sicilianos não se consideram da Itália, os italianos não consideram os venezianos italianos e assim por diante. Encontrei, em Gourmayer, no Norte da Itália, uma rua com o nome “Contra Garibaldi”. Acho meio improvável que tenha havido uma pessoa de nome Contra, deve ser rejeição mesmo.
Os medos
O jornal britânico Sunday Times, publicou, tempos atrás, pesquisa sobre os maiores medos de uma pessoa. O resultado surpreendeu: 41% disseram ter medo de falar em público; 22% medo de problemas financeiros, doenças e águas profundas; e, 19% medo da morte. Carregando a minha timidez (de ser e de saber) oriunda de “Barracão City”, me tornei cidadino aos 12 anos. Já aos 19 anos participei de um concurso municipal de oratória, realizado no Salão Nobre da Prefeitura, presentes cerca de 1.500 pessoas dentro e fora do prédio. Tremia como vara verde, mas encarei. Meu tema era Brasília, a interiorização do país. Ao terminar, não houve quem não me vaiasse, o povo sofria, pagava a conta da construção da Capital Federal. Eu gostava de Jucelino, defendi Brasília com tanta convicção e ardor que, apesar das vaias, ganhei o concurso. Em outra ocasião participei de um concurso Municipal de Declamação. O tema da poesia era: “homenagem à mãe morta”. O cenário era o palco do salão de festas do Clube Aliança, cerca de 800 pessoas presentes. No palco eu e o Daltro de Abreu, pianista fazendo o som de fundo. Comecei a declamar e, de repente, muito preocupado com os gestos e movimentação de palco em torno da mãe morta, esqueci da poesia. Então, criativo, eu dava voltas e gesticulava, dizendo, só com o olhar, de minha veneração pela mãe morta, em busca da lembrança do restante da poesia e torcendo para que o Daltro não me tocasse “Danúnbio Azul”. No palco, em meio aos gestos eu passei pelo Daltro e disse “segura que eu esqueci”. Rodopiava pelo palco e ele com o piano, de acordes dramáticos, ora vinha com o “tam tam tam tam”! Logo após “tam, tam “! Essa loucura cênica e musical durou uns três minutos e eu, pacientemente, fui até o microfone para pedir desculpas pelo esquecimento momento em que lembrei, aí voltei, encarei a mãe virtual morta e me ajoelhei ao lado do caixão. E cravei: “mãe, retorno da minha reflexão” e voltei a declamar. Tudo como se aquilo fizesse parte do espetáculo. Resultado: ganhei o concurso. Tanto neste quanto o de oratória tinha 20 finalistas, oriundos de classificatórias nos colégios. Mais uma vez eu vencera minha timidez. De forma definitiva. Medo de problemas financeiros? Caí da classe média alta para média. Vamos ver minha classificação depois da pandemia. Medo de águas profundas? Tenho. Medo da morte? Não. Tenho medo de certos modos sofridos de morrer como pelo Covid, por exemplo. Mas como dizia meu avô “fin pecá morrir”, traduzindo “é um pecado morrer”.
O Tacchini
Em coletiva esta semana o Diretor Executivo do Hospital Tacchini, Hilton Mancio, que é especialista em gestão hospitalar, disse que “o Hospital e sua equipe médica estão fazendo o possível para salvar vidas, mas que a população tem que colaborar, se cuidando mais, sofrendo menos acidentes, precisando menos do Hospital, que está concentrado no vírus”. Ao seu lado estava a Diretora de Divisão Hospitalar, cuja atuação tem merecido elogios, Dra. Roberta Pozza, segura e soberana ao afirmar que “tudo o que precisa ser feito em termos de ação e vigilância pela classe médica está sendo feito”. Brotam críticas aqui e ali em relação a atuação do Hospital, que é uma Entidade Privada de Direito Público mergulhada numa guerra que não pediu e nem contribuiu para que ocorresse. Assim, críticas sim, mas com compreensão e respeito pois se não confiarmos e apoiarmos as nossas instituições hospitalares e a classe médica, vamos acreditar no que? Bento precisa de mais um hospital, ouvi inclusive muitos médicos defendendo a necessidade. O Plano de construção parou depois do Prefeito Lunelli. Foi negligenciado e agora é meta de gestão do Prefeito Siqueira, dando ênfase e maior corpo aos ensaios neste sentido do Prefeito Pasin.
Enquanto o lobo ataca
Enquanto o lobo (vírus) ataca, a sociedade brasileira se deteriora. No segundo semestre de 2020 em cartórios do Brasil foram oficializados 43,8 mil divórcios, 15% a mais em relação ao mesmo período de 2019. O número de divórcios, disse o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, cresceu 75% em cinco anos. E as crianças, derivadas dessas uniões dissolvidas? Pobres crianças. Por falar em estatística eu preconizei, nesta coluna, há quase um ano atrás, quando a taxa de desemprego no Brasil estava em torno de 10%, que a taxa de desemprego no Brasil atingiria, em dezembro de 2020, 15%. Errei de 1%, atingiu 14%. Preconizo agora que durante a pandemia, os divórcios no Brasil vão aumentar 30%, me cobrem isso lá adiante quando saírem as estatísticas. Mergulhadas em problemas existenciais, as pessoas estão perdendo a capacidade de tolerância e de convivência. Confinadas em seus habitats, de onde saem só para apostar na Mega, vão explodir e gerar conflitos insolúveis. E as crianças? As pessoas precisam trabalhar, se ocupar, ganhar mais, ter lazer, diversão. Abra o comércio Governador, fiscalizem Prefeitos, vacinem autoridades da saúde. Esta conta vai vir e será pesada.
As curvas do vírus
O vírus está dando curva em todo mundo, nos políticos, nos gestores públicos, nas lideranças, nas Entidades Hospitalares, nos médicos. Quando ele viu que iam pegá-lo, travestiu-se de CEPAS. Aí confundiu e veio a pergunta: a vacina cuida das Cepas? Nesta terça a notícia tranquilizadora: “as vacinas que estão sendo aplicadas, cuidam também das CEPAS”. Não há Governador, não há Prefeito, não há Liderança, não há empresário aqui e no mundo inteiro, que não esteja levando baile do vírus. O Presidente dos EE.UU. Disse, nesta quinta, que até o fim do ano “todos os americanos estarão vacinados”. Muitos brasileiros querem o “sangue” do Presidente Bolsonaro por causa do vírus. O Governador de São Paulo se sair à rua vai ser linchado, POR CAUSA DO VÍRUS. Até pouco tempo atrás eu ouvia, e não foi pouco, que o Professorado votaria no Governador Leite, “porque ele colocou os salários em dia”. A oposição apressou-se em dizer que “Leite colocou os salários em dia com o dinheiro que Bolsonaro mandou para combater o vírus”. O Governador contrapôs dizendo que usou sim uma parte desse dinheiro “para pagar salários de pessoas que estão trabalhando no combate ao vírus”. Certamente, depois que o vírus desaparecer, o Estado não terá mais dinheiro para pagar os salários que irão atrasar novamente? Como se observa, a condução do combate ao vírus tem muito de um ingrediente chamado política. Essa guerra não tem planejamento, não tem inimigo comum, é todo mundo atirando contra o vírus de todas as formas e de todas as direções. E o povo, subnutrido, inculto nesta e outras questões, é a maior vítima desta guerra. Pobre povo, o que seria dele se não houvesse o SUS, se não houvessem as UPAS? Olhem o meu caso e, depois, expandam essa visão para o povo. Sou da classe média, já fui classe média alta, me aposentei com 6 salários, estou ganhando dois. O Governo ficou – é meu mas está com ele – com quatro salários. Do que eu ganho gasto metade com medicamentos. Tenho um plano de saúde, faço uma consulta médica e tenho que pagar a diferença de R$100,00. Se não tivesse o plano teria que pagar R$400,00. Se fizer um exame um pouco mais complexo, tenho que pagar uma diferença e não é pequena. Se o vírus me atacar, dane-se o plano de saúde, entro na fila, uma fila que não está andando, está parada nos corredores, de vez em quando ela anda porque alguém tombou na espera símbolo de esperança do brasileiro, esperar, acreditar, se humilhar, se frustrar, se abandonar, protestar, desacreditar, a tal ponto de pensar em voltar a eleger ladrões como solução. Adota-se a crítica pela crítica, ninguém aponta soluções, sacrifica-se o Governador mas não se lhe diz o que exatamente ele deve fazer, a não ser “deixe a gente trabalhar”. Quando ele viu que os Prefeitos não eram solução para o combate ao vírus, tomou para si a responsabilidade e “fechou tudo”. Agora ele é pressionado pelas lideranças empresariais para “abrir tudo”. Ele chama os Prefeitos e estes, também pressionados, lhe dizem: “Governador precisamos que volte a gestão compartilhada”. “Até pode, mas com bandeira vermelha sob rigoroso controle” disse o Governador. O que o Governador quis dizer? “Chega de ações políticas, combatam o vírus, ponham o bloco na rua (Brigada – Polícia – Guarda Municipal) todos na vigilância da população que não está colaborando, de resto, conclui o Governador, “só vacina”.