O sentido da morte
Com tanta gente morrendo em torno da minha circunferência de vida, tenho refletido sobre a morte. Sou o tipo do cara que festeja os líderes comunitários. E, quando eles morrem, não se “despetolam” de minha mente. Em roda de amigos eu até os imito, no modo de falar, nos gestos, nas ideias que defendiam e vejo amigos que também continuam cultivando suas lembranças. Sua atuação, em vida, dá um sentido à morte. Quer dizer, por terem feito tanto por si, pela família, pela comunidade, por suas empresas, pela sua personalidade marcante e exemplar, tornam a vida imorredoura, não morrem, simplesmente viajaram. O legado não nos deixa esquecer deles, a morte jamais vai se reduzir a uma ida ao cemitério no dia dos mortos, ninguém morre pra mim, assim não gosto muito, desculpem, sem polêmica, do dia dos mortos. Pois o Onécimo Pauleti, Presidente da Câmara de Vereadores de Monte Belo, uma semana antes de cair no Hospital com Covid, esteve aqui no Semanário, acompanhado do Prefeito Dallé e do Vice Prefeito Benvenutti. Eu não conhecia o Onécimo, me encantou não somente com o seu projeto de agricultor e viticultor, fazendo a colônia dar certo, mas também pela sua qualidade humana diante da qual não me causou surpresa sua presença na política, seu desempenho como Presidente do Legislativo de sua cidade e Regional, assim como sua intenção, pelo apoio recebido, de se candidatar a Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, fazendo companha mesmo estando na UTI do Tacchini. Não resistiu, faleceu jovem, inspirou exemplos, sabem aquela figura cordial, simpática, pró-positiva, saudável em seus relacionamentos? Era ele. Lamentei. Sua visita, suas ideias, seu orgulho por Monte Belo, seu empreendedorismo rural entusiasmante, não vou esquecer. Foi-se também a Leila Pasquetti, minha orientadora no meio comunitário, era filha do Claudio Pasquetti, radialista, produtor e apresentador do programa do Papai Noel na rádio. Eu era um dos que ficava antenado porque aquele Papai Noel quebrava todos os paradigmas e os recados que ele dava para as “crianças travessas” era educacional e corretor de posturas nos hábitos de vida. Claudio era referência, Leila também era referência.
Amizade de irmão
Sabe aquele laço indissolúvel de amizade irmã? Pois assim era minha relação com Armando Gusso, brotada desde que ele foi eleito, pela primeira vez, Prefeito de Carlos Barbosa. Eu adorava aquele sorriso largo, olhos nos olhos, cordial, o abraço fraterno. Armando continuava sua atuação comunitária e tinha um programa de rádio no qual a cultura italiana era protagonista. Não faz muito tempo ele me ligou me convidando para participar de um programa, eu respondi “eu te ligo”. Não liguei, meu “Talian” ficou circunscrito ao Barracão City onde vivi até os 12 anos. Depois voltei a exercê-lo quando, por quatro anos, exerci o cargo de Secretário Municipal de Governo. Minha visita ao interior do Município era uma festa, falava Talian “meso storto” mas falava e cantava. A canção que eu mais gostava era aquela “e porta que um bicher de vin, e porta que nantro bicher de vin…” e “zo vin”. Mas, falar Talian no programa do Armando requeria certa técnica, eu tinha medo da interpretação dos ouvintes do tipo “quel li le Brasiliam e no Talian”, ou desse tipo? “Quel li le mezo a mezo, mezo Talian, mezo Brasiliam”, total comecei a selecionar na Netflix a trilogia PODEROSO CHEFÃO, com áudio italiano, me preparando melhor para o programa do Armando. Não cheguei a tempo. O Armando se foi, o que me levou a conversar com Deus “nó Dio, nó cosi non dá”.
O encantador de serpentes
Certa ocasião, há muitos anos, eu estava em Curitiba, circulava pelas ruas quando entrei numa avenida que estava uma bagunça, tudo revirado, calçamento, calçadas, postes e, como se isso não bastasse, uma passeata de protesto veio em minha direção. Os dizeres das faixas: “Fora Lerner”. Outra que não esqueço, “NÃO PODEMOS FECHAR”. O Prefeito era Jaime Lerner, arquiteto, ele resolvera fazer o que o Lunelli fez aqui tempos depois com a Via Del Vino, provocando reação igual, uma repaginação geral na via central e no sistema de transporte de Curitiba. No dia seguinte, jornalista que sou, apanhei um jornal para ver da consequência e estava estampada uma baita manchete na capa: “ME JULGUEM DEPOIS”. Era a palavra do Prefeito pedindo compreensão e julgamento após a obra feita. Pois Curitiba virou referência nacional, o transporte coletivo de Curitiba teve ressonância em 250 cidades no mundo. Lerner virou Governador, referência mundial em arquitetura e urbanismo. O projeto de remodelação das margens do Guaíba em Porto Alegre foi e é admirado e aplaudido por todos a tal ponto de levar seu nome. Jaime Lerner morreu. Era um “encantador de serpentes”, quem era contra após ouvi-lo e ver sua obra aplaudia.
O voo da fênix
O Governador Eduardo Leite passou pelo seu “inferno astral” ao administrar o problema do Covid, com seus critérios e convicções fundamentadas. Ele disse, com “estudos científicos e técnicos”. O problema agora é da gestão dos Prefeitos, o Governador deixou de ser o “Governador do vírus” para ser o Governador do Estado e suas carências e interesses, inclusive o vírus. As bases de gestão do Governador estão bem alicerçadas: o secretariado atua em harmonia e com absoluto respeito ao Governador derivativo, eu acho, de sua capacidade de liderança; a Assembleia, em sua maioria, apoia o Governador pois este respeita a Assembleia, argumenta, sustenta, propõe soluções no interesse do Estado; as lideranças comunitárias que davam “pau” no Governador se aquietarem, pararam de buscar no Governador as soluções que estão no seio das comunidades; os “gritantes”, entre os quais professores e funcionários públicos se aquietaram pois os salários estão sendo pagos em dia. O eleitorado, bem o eleitorado se divide em quatro segmentos: as mulheres “ah, ele é simpático e bonito além de competente (há controvérsias), vou continuar apoiando”. Os jovens afirmam que Leite representa “THE POWER YOUNG”, a força jovem; os conservadores querem “o gringo de volta”. E, os mutantes, pensam no Senador Heinze, no Mourão…” Cada vez que ouço uma entrevista do Governador eu firmo a convicção de que “ele não é um menino rico pelo dinheiro, é rico em essência humana e saber”. Ele sabe o que diz, conhece a matéria que está falando e é bem intencionado, o que me leva a crer que vai longe na política. O Rio Grande amanheceu nesta quinta de forma esplendorosa e entusiasmante. As entidades regionais se reuniram, os Deputados abriram o bico do tipo “a minha ideia foi acolhida”, Secretários, Governador, ocuparam os espaços da mídia proclamando, aos quatro ventos, “sirvam nossas façanhas de exemplo a toda a terra”. Todos estão a comentar e saudar o plano estratégico do Governador de melhoria sensível da malha rodoviária mesmo que, em meio a este entusiasmo, venhamos a ter que engolir (que mal faz uma pílula contra enxaqueca?) dos pedágios. O Estado deve em torno de 10 bilhões de reais, com a redução de despesas (700 milhões) e aumento da arrecadação, – o setor produtivo e agrícola está bombando mesmo na pandemia – a previsão de arrecadação, considerando a privatização da Corsan e Banrisul é em torno de 4 bilhões. Mesmo assim “lá vai o Governador, cheio de paixão”. O Presidente Bolsonaro é protagonista nesta atual “recuperação” do Estado. Ele faz de conta que o Estado não deve nada à União, deve um monte, e diz que vá lá, vá, lá, usaram parte do dinheiro que eu mandei para combater o vírus para pagar salários mas, tudo bem, só é bom que saibam! Bem, os políticos que se entendam, o que interessa é que dos cofres do Estado vai sair um bilhão e trezentos mil para obras viárias, o resto vai sair dos pedágios que estão em discussão quanto à localização. Vamos ganhar, a médio prazo, a duplicação de Farroupilha-Bento e de Farroupilha a São Vendelino. Mais adiante, a duplicação Bento-São Vendelino. “Dio Benedetto” diria minha avó Irene, nos serve e muito, tava na hora de chover na nossa horta. Como disse o Secretário dos Transportes, “a Serra merece, gera muita riqueza e muitos impostos”. Amém. Aplausos femininos; juventude solidária; Assembleia não resistindo aos encantos; secretariado sério, comprometido e solidário; vai lá o Governador dar intensidade ao seu namoro com o MDB para uma coligação de seu partido nas eleições para Governador. Do outro lado virá o Senador Heinze do PP e, talvez o Vice Mourão, será um duelo de Gigantes. Mourão, questionado disse que “não, não penso nisso, mas se preciso for vou pensar”, entenderam?