As constantes alterações do clima nas últimas semanas, com diminuição acentuada de temperaturas, alternando com períodos de calor, preocupam os produtores de frutas e hortaliças. Isso porque influenciam diretamente no desenvolvimento dos pomares, principalmente na fase de floração e formação da fruta. De acordo com o escritório da Emater/RS-Ascar em Bento Gonçalves, além de prejudicar no desenvolvimento, há possibilidade de prejuízos para a safra das diversas espécies e variedades, entre elas a uva, o pêssego e o tomate.
Conforme o técnico da Emater, Thompson Didoné, as frequentes mudanças na temperatura influenciam diretamente no desenvolvimento da planta. No caso do frio, as frutas acabam sofrendo tardio crescimento vegetativo, o que acarreta atraso na hora da colheita. Quando as temperaturas envolvem frio e seca, os prejuízos podem ser maiores, pois além do retardamento no desenvolvimento da planta, há grande possibilidade do surgimento de doenças. “As brotações, atingidas por geadas tardias, geralmente são consideradas como prenúncio de perdas, pois é o período em que as frutas já estão em formação. Estamos saindo de uma estação gelada para a primavera. Com o frio, diminui o crescimento o desenvolvimento da planta. Além das temperaturas mais baixas, o clima seco pode propiciar condições para algumas doenças como a antracnose na videira e a crespeira no pêssego”, explica.
Segundo Didoné, por estar em uma região propícia a esse tipo de clima, o produtor já está acostumado com as situação, e, por isso, já deve estar preparado para esses imprevistos. Ele afirma que as variações na temperatura, como ocorridas nas últimas semanas, devem seguir estratégias, entre elas, retardar a poda, a fim de estimular as brotações ou realizar tratamentos com medicamentos específicos. “O agricultor precisa estar sempre atento ao clima e não esquecer em procurar auxílio com um técnico agrônomo de sua confiança. Afinal, ele é o mais indicado a recomendar o manejo na cultura que está sendo trabalhada”, afirma.
O produtor de uvas Guilherme Mejolaro, explica que se as condições climáticas não estiverem favoráveis ao cultivo, o ideal é recorrer a práticas adequadas de manejo, relacionadas à poda e ao uso de produtos que ajudam no desenvolvimento da planta, reduzindo o impacto do clima e contribuindo para uma safra dentro dos padrões esperados. “Aqui na propriedade, quando isso acontece, utilizamos várias técnicas, entre elas, a poda tardia de algumas variedades. Quando não é possível realizar este procedimento, devido a grande quantidade, usamos produtos para a planta não parar de se desenvolver, bem como, em casos de intempéries. Já existe no mercado a disponibilidade de substâncias utilizadas para aplicar na planta, com o intuito de protegê-la contra o frio. Além disso, o vento também acaba influenciando, muitas vezes, trazendo pragas para a cultura”, salienta.