Toda mulher merece ser homenageada, ainda mais, no dia internacional delas. O Semanário buscou perfis de mulheres diferentes, para contar um pouquinho as suas histórias e demonstrar a força que cada uma carrega consigo
O Dia da Mulher é um dia de luta, quando é são relembradas as conquistas, mas também as reinvindicações. A data não surgiu do nada, ela também demandou de muitas lutas para existir. Foi idealizada ainda em 1910, pela ativista e defensora dos direitos das mulheres, Clara Zetkin. Sua ideia foi proposta durante uma conferência internacional, com mais de 100 mulheres de 17 partidos diferentes. Após isso, houve o incêndio, em 25 de março de 1911, na fábrica de roupas Triangle Shirtwaist, em Nova York, nos Estados Unidos. Estima-se que 130 a 150 mulheres morreram, pois, as portas do local permaneciam sempre fechadas. Além disso, as condições de trabalho também eram péssimas, com cargas horárias extensivas, salários muito baixos e locais insalubres. Este evento resultou em greves pelo mundo todo, em busca de mais direitos às mulheres, que nesta época, sequer podiam votar. Mas foi só em 1975 que a Organização das Nações Unidas (ONU), oficializou a data, sendo o 8 de março o dia internacional das mulheres. Nele é reivindicado o engajamento na política e os avanços econômicos das mulheres, em busca da igualdade salarial.
O Semanário buscou homenagear diversas mulheres, independente da idade e da sexualidade. Procuramos por mulheres fortes, com uma história de vida de muitas batalhas, essas que muitas vezes, são só enfrentadas por mulheres. São elas a cantora Tati Freitas; a empreendedora Maristela Lerin; a mentora Raiane Tomkiel; a mentora e dermopigmentadora Fabiana Teixeira e a princesa da ExpoSanta Maria Júlia Villa Caumo.
Fabiana Teixeira tem 34 anos, é mamãe do Valentin, de nove meses e empresária e mentora de dermomicropigmentação. É natural de Santana do Livramento, mas vive em Bento há 27 anos, e de coração se considera bento-gonçalvense. Trabalha diretamente com mulheres todos os dias, levando autoestima e empoderamento para todos que passam por seu estúdio. “Quando atendo uma cliente me arrisco a dizer que criamos um vínculo de amizade e viramos quase psicólogas dela. Entrego sempre o meu melhor para cada uma das clientes e alunas, pois cada vez que alguém entra em meu estúdio conheço uma história diferente. Criamos vínculos para a vida toda, pois não se trata só de sobrancelha”, conta.
Fabiana Teixeira
Ela explica que há pouco tempo passou por uma revolução em sua vida, já que no momento que menos esperava, descobriu que estava grávida, mas Fabiana conta que Valetin foi seu presente de Deus. Hoje sua maior missão é ser uma grande mulher, e ensinar seu filho como deve se tratar uma. Apesar de ser solo, a empresária relata que tem uma rede de apoio incrível, que são sua mãe e seu pai. “Educar um filho com auxílio dos avós (meus pais) acredito que será um dos desafios mais gostosos de se fazer. Meus pais me ajudam muito, principalmente com o Valentin”, conta.
O principal que seu filho precisa, ela relata não faltar, que é um lar com muito amor. Ser mãe sozinha não a amedrontou, muito pelo contrário, se sente realizada em ter o pequeno. E usas das redes sociais para transmitir essa mensagem a mais mulheres, onde as ensina a ter uma rotina onde possam se priorizar, para que assim, possam cuidar da família e focar no trabalho. “Todas nós mulheres podemos ser quem quisermos o que quisermos, basta a gente acreditar em nós mesmas. E juntas nos dando as mãos somos muito mais fortes”, declara.
Maria Júlia Villa Caumo
Maria Julia Villa Caumo, 25 anos, é de Santa Tereza, e se lembra da infância sendo uma menina muito moleca, das que gostam de jogar bola e desfrutar de brincadeiras ao ar livre, e nas épocas quentes, gostava de tomar banho de rio. Sempre teve pais muito presentes, que lhe ensinaram os valores necessários.
Maria Julia descobriu uma força interior imensa ao ser mãe aos 21 anos, de um menino chamado Anthony. Ela conta que nunca tinha pensando em ser mãe, mas que ter seu filho consigo foi o melhor que poderia ter acontecido a ela. “Hoje sou extremamente grata e não sei o que seria da minha vida sem o meu filho, pois foi ele que deu um sentido a minha vida e se tornou a minha felicidade diária”, enaltece.
Aos 24 anos, foi eleita a princesa da primeira corte de soberanas de Santa Tereza, assim, não só entrando para a história do município, como também quebrando padrões por ser a única princesa da região sendo mãe, e isso lhe dá muito orgulho. A mensagem que traz é a que segue em sua vida, e acredita que vá comtemplar diversas mulheres que sabem o que é matar um leão por dia. “Fui descobrindo a força de ser uma mulher forte e determinada a cada etapa da minha vida. Hoje, ser mulher é vestir uma armadura por dia, é conviver com críticas, preconceitos e julgamentos. Sabendo lidar com isso, considere-se uma mulher de sucesso. O único padrão que eu quero seguir é o da felicidade, o restante é irrelevante”, realça.
Raiane Tomkiel
Raiane Tomkiel dos Santos tem 31 anos, é psicóloga transpessoal, instrutora de mindfulness e mentora de mulheres e empreendedoras. Ao recordar de sua infância e adolescência imagens de um lar simples e amoroso, de sua família alegre e batalhadora são lembradas. Relata que seus pais nunca mediram esforços para lhe oferecer o melhor. Esse mesmo ambiente também apresentou suas instabilidades emocionais, dificuldades financeiras. Relata que já viu a depressão presente em sua família, e que tudo isso pautou sua escolha profissional e trouxe uma base muito sólida para o seu desenvolvimento.
Ela conta que sua força está ligada diretamente com o feminino, pois acredita fielmente que o poder está no DNA das mulheres. “A minha história carrega a força ancestral, a sabedoria que habita no íntimo de cada uma de nós, e exatamente por isso escolhi trabalhar com mulheres . Acredito que a força está disponível para todas nós. Mas viver através da força pode nos machucar. É preciso ir além e despertar o poder, esse um ingrediente raro, disponível para quem intencionalmente decide mergulhar em si para acessá-lo. Hoje guio mulheres para além da força, para que façam uso do seu poder que a sua essência”, exalta.
Aos 18 anos tinha muito curiosidade sobre o comportamento humano, cursou diversas disciplinas na área de psicologia, mas aos 22 anos, após concluir seus estudos em Gestão Empresarial, Raiane percebeu que seu verdadeiro chamado e iniciou oficialmente a psicologia, fazendo com que se sentisse completa”, exalta.
Teve que ir em busca de um trabalho que a remunerasse melhor, e conta que na época, sua vida se resumia em trabalhar, estudar e fazer terapia, tendo muita garra para realizar os sonhos que tinha. “Quando encontrava os desafios como o cansaço, a ansiedade, o julgamento, e a cobrança me recordava do meu modelo, uma mulher que tinha enfrentado muito mais do que isso e seguia com coragem na direção do coração”, explica.
Raiane se vê como “uma obra em andamento”. Aprendeu a cada dia mais se amar e acolher as suas emoções. E inspira outras mulheres a fazerem o mesmo!
Tati Freitas
Tati Freitas nasceu no interior do Rio de Janeiro, mais precisamente em Barra Mansa. Teve uma infância muito simples, quando houve dificuldades, mas em compensação, teve de sobra muito amor e acolhimento. Diante de todos os problemas, sua família sempre teve um coração muito grande, e isso foi herdado por ela, e consequentemente ela ensina esses valores para sua filha Manuela de 8 anos. “Eles contam que sempre tive uma relação muito forte com a música, desde que me entendo por gente que o que amo fazer é cantar. Trocava cartas com meu pai, e em uma delas eu dizia ‘Pai, quero ser cantora’, isso aos 11 anos. Na época eram poucas as mulheres que tínhamos de referência, hoje o cenário mudou muito, mas antigamente era mais difícil”, lembra.
Na igreja evangélica foi onde pode iniciar a cantar, e a ter uma banda e relata que é como se fosse uma escola. Por ter que começar a trabalhar muito cedo para ajudar sua família, a música foi deixando de ser prioridade em sua vida, e cada vez se afastava da carreira que tanto queria trilhar. Mas aos 21 anos teve sua primeira banda, a Marauê. “Com a banda, participamos do Programa do Caldeirão do Huck, fomos a diversos programas de televisão, e regravamos Titãs, que foi trilha sonora da Malhação, da Globo”, realça.
Por 16 anos, Tati foi casada com o pai de sua filha, mas o relacionamento chegou ao fim. Com o passar dos anos, ela se viu apaixonada por uma mulher, e decidiu viver aquela paixão que lhe fazia tão bem. “A partir do momento que não prejudique ninguém com as minhas ações, posso viver minha vida da maneira que acredito ser certo, e onde tem amor, respeito, sinceridade e carinho, isso é uma relação como qualquer outra”, destaca.
Hoje, Tati se descobriu uma mulher lésbica, e lhe enche de amor ter uma relação tão respeitosa, com sua namorada Rafaela que também ama muito sua filha. Ela conta que às vezes escuta piadas a respeito, mas que em relação ao respeito que recebe, elas são mínimas. “Não quero terceirizar minha felicidade, nem deixar de viver o que quero por causa dos outros. Vejo muito isso acontecendo, pessoas abrindo mão do que lhe fazem feliz por medo da opinião dos outros. Quando for embora, quero levar a minha história, e não que a escreveram por mim”, reforça.
Maristela Lerin
Maristela Lerin é apaixonada pela história e pela cultura, e isso lhe trouxe a vontade de estudar para ser professora. A partir disso, esteve disposta em colaborar e conhecer cada vez mais. Em 1992, quando tinha 29 anos, surge a ideia de realizar um roteiro turístico no Distrito de São Pedro. Começou a se dedicar a isso, principalmente com muita leitura da história da imigração italiana, e vendo a estrutura de um projeto que dava oportunidade às mulheres de apresentarem ao mundo o que haviam herdado de seus antepassados. “Me trouxe um ânimo inexplicável, em fazer parte do grupo das mulheres da Linha Palmeiro, acrescentar através da história este saber fazer. Como o Roteiro contemplava diferentes atividades, o tomate fez parte da história”, rememora, já que em meio a tantos parreirais e uvas, Maristela decidiu investir no tomate, que também tem sua grandiosidade na culinária italiana., estando à frente da Casa do Tomate.
Ela relata que como mulher, já teve muitas incertezas, mas tem muito orgulho por ter apostado em seus objetivos e que eles deram certo. Ao longo dos anos, passou a ter mais confiança em si, e no seu trabalho, tendo persistência, errando, e utilizando esses desafios como ferramenta. Sempre lembrando que não era a aparência ou a fragilidade que descrevia o que é ser mulher, mas ser capaz de fazer o que quiser, como ser mãe, ou empreendedora, apesar dos desafios que carregam essas escolhas. “Desejo que todas as mulheres se sintam abraçadas, buscando cada vez mais pela igualdade, nenhum gênero é melhor, ou inferior a outro”, declara.
Além da herança cultural de suas nonas, ela acredita que a força que carrega sendo mulher é uma de suas qualidades para fazer dar certo. “Muitas ideias surgem ao longo da caminhada e a criatividade se expande. A força da mulher pela persistência natural, no meio do empreendedorismo dá um toque de equilíbrio, no mundo dos negócios resultando geralmente um destaque”, exalta.