Período que segue até 21 de junho, quando inicia o inverno, vai ser marcado por grandes oscilações de temperatura e altos volumes de chuvas, sob influência do fenômeno do El Niño
O dia de hoje, 20 de março, marca a chegada do outono no hemisfério sul do planeta. Com o fim do verão, as temperaturas tendem a ficar mais amenas e com grandes oscilações durante o dia.
De acordo com a meteorologista Ludmila Pochmann, a previsão climática para o outono deste ano indica chuvas acima da média para o período. Com maiores acumulados de chuva, as temperaturas devem ficar dentro ou um pouco abaixo das médias para os meses de abril, maio e junho.
Segundo a especialista, não se pode comparar ou esperar que o outono de 2024 siga os mesmos padrões de anos passados. “Nenhum ano é igual ao outro. Este ano, particularmente, temos o fenômeno El Niño atuando de uma maneira distinta. Espera-se que as temperaturas fiquem entre os 15°C e 25°C, diminuindo conforme se aproxima o inverno. Também há previsão de chuvas um pouco acima das médias, ou seja, acima de 150 milímetros mensais”, informa.
Adeus ao calor
O Brasil ainda passa por uma grande onda de calor. Enquanto partes do país permanecem sob esta influência, a partir de hoje, quarta-feira, dia 20, a alta pressão que causa esta onda de calor perde força, dando espaço a uma nova frente fria. Com isso, a previsão indica que o Sul e o Sudeste do país devem enfrentar uma queda brusca de até 10°C na temperatura a partir de sexta-feira, 22. Junto com a queda dos termômetros, ambas as regiões também terão chuvas fortes, principalmente entre os quatro estados do Sudeste e o Rio Grande do Sul.
A tendência para o período até 21 de junho, quando tem início o inverno às 17h51, é o fenômeno El Niño, que é uma anomalia de temperatura da superfície do mar, declarado em junho do ano passado, chegue ao seu final nas próximas semanas. De acordo com a Metsul, o Oceano Pacífico deve deixar de apresentar condições oceânicas de El Niño em meados de abril ou no mais tardar no começo de maio. Há risco de episódios pontuais de precipitação muito intensa, com elevados volumes, capazes de gerar cheias de rios, deslizamentos, alagamentos e inundações.
A primeira metade da estação, como é comum no final de um El Niño, terá maior propensão para temperaturas acima da média. Já na segunda metade do outono espera-se uma frequência maior de massas de ar frio. Estes eventos de frio serão eventualmente fortes a muito fortes, especialmente em junho.
Outra marca do outono, como estação de transição climática, é a grande diferença de temperatura da noite para o dia. Trata-se de um dos períodos do ano com maior amplitude térmica da noite para o dia. “Nesta estação ainda temos dias quentes, mas eventuais entradas de frentes frias que derrubam as temperaturas e começam a se tornar mais frequentes. Ao entardecer, as temperaturas começam a cair abruptamente, notando-se noites bem mais frias. Às vezes, em um dia, as temperaturas chegam a variar mais de 10°C, ocasionando o ‘efeito cebola’ na população, quando saímos de casa muito agasalhados e temos que ir tirando as camadas de roupa até o meio-dia, voltando a nos agasalhar a noite novamente. Além disso, a estação também proporciona aumento de ocorrências de nevoeiro”, comenta Ludmila.
As bruscas mudanças do tempo e da temperatura nesta época não raramente são acompanhadas de vento forte do quadrante Oeste, do tipo Minuano. O vento forte costuma vir com ciclones extratropicais (sistemas de baixa pressão), fenômeno que se torna mais frequente justamente a partir do outono e que impulsiona o ar polar para o Sul do Brasil.
Influência na agricultura
De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), com a previsão dos modelos climáticos indicando a permanência do fenômeno El Niño durante o outono, surge a questão sobre qual será o impacto deste evento nas culturas de primeira e segunda safra. Contudo, é importante destacar que o clima no Brasil não é apenas influenciado pela atuação do El Niño.
Outros fatores que também interferem nas condições de tempo e clima devem ser considerados, fazendo com que a previsão climática nas regiões produtoras seja avaliada com atenção.
Os volumes de chuva previstos para a região Sul tendem a manter os níveis de água no solo satisfatórios para as fases de maior necessidade hídrica dos cultivos de segunda safra, porém podem prejudicar as operações de colheita da primeira safra.