Entre os itens básicos, frango, sal e feijão, com elevações acima dos 15%, aparecem entre os produtos com maiores altas; o maior vilão, no entanto, é a farinha, cujo aumento passa de 30%, de acordo com levantamento do Procon-BG
Os alimentos estão pesando mais no bolso dos bento-gonçalvenses. Segundo dados levantados pelo Procon-BG em nove dos maiores mercados da cidade, o preço médio da cesta básica para uma família de quatro pessoas no primeiro quadrimestre de 2019 fechou em R$668,72, enquanto no mesmo período de 2018 o preço médio era de R$614,34, ou seja, uma elevação de 8,85%. Se equipararmos os valores apresentados de janeiro até abril de 2019, o aumento já chega a 3,23%.
Os números da Capital do Vinho seguem uma tendência nacional e devem, desta forma, fechar o ano com elevações ainda maiores. Conforme estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a expectativa é de que a cesta básica alcance uma alta de até 7%, valor acima da inflação esperada para o período, de 4,8%. No primeiro quadrimestre de 2019, a inflação acumulada chegou a 2,09%, taxa superior a de 0,92% apurada no mesmo período em 2018. Em abril, Saúde e cuidados pessoais (1,51%), Transportes (0,94%) e Alimentação e Bebidas (0,63%) tiveram as elevações mais significativas, correspondendo por 89,5% do índice mensal.
Vilões e mocinhos
Entre 11 alimentos essenciais na cesta básica, não considerando produtos de higiene pessoal, oito apresentaram aumentos e dois tiveram pequenas reduções, se comparado com os valores finais do primeiro quadrimestre de 2018. O pacote de 5 kg de açúcar, com preço médio de R$10,13, foi o único produto a não apresentar variação.
O item mais barato no comparativo, é o café com preço médio de R$9,43, uma redução de 2,27%; já a dúzia de ovos vermelhos, com um preço médio de R$5,42%, teve uma queda de 0,73%.
Entre os maiores vilões, o pacote de 5 kg de farinha de trigo especial se destaca. O preço médio do item chegou a R$10,85, um acréscimo de 30,56%. O segundo produto com maior elevação foi o pacote de 1 kg de Feijão Preto Tipo 1, que chegou a R$5,32, um acréscimo de 22,29%. Na sequência, aparece o pacote de 1 kg de sal, com preço médio de R$1,42, um aumento de 20,35%.
Apesar dos aumentos apresentados na Capital do Vinho, a economista Mônica Beatriz Mattia destaca que os números estão dentro do esperado para o período, sendo mais baixos, inclusive, que os dados de Caxias do Sul e Porto Alegre. Entre março e abril, a cesta básica subiu 0,40% em Bento, 0,93% em Caxias e 3,97% na capital gaúcha. “Analisando, especificamente, a elevação de preços da cesta básica medida em Bento Gonçalves e considerando especialmente o fator ‘clima’, devido às chuvas, o índice apresentado na cidade não surpreende”, pontua.
A economista destaca, porém, que o valor atual da cesta básica está muito acima do ideal se considerar a realidade de um país desigual e com alta taxa de desemprego. “Segundo o DIEESE, o valor do salário mínimo deveria ser de cerca de R$ 4 mil mensais para possibilitar às famílias viverem com qualidade de vida satisfatória, tendo em vista o valor da cesta básica nacional. Não há dúvida de que a elevação do preço da cesta básica é cruel sob o ponto de vista de valores humanitários”, finaliza.