No município, 2.500 castrações foram realizadas apenas neste ano, além da implantação do Samu Pet, e feiras de adoções que deram um lar para pets abandonados
Desde o início do ano, ações da prefeitura têm mudado o cenário da causa animal em Bento Gonçalves. Se antes a fila para castração demorava meses, hoje a convocação para o procedimento veterinário é praticamente imediata. Além disso, a movimentação para adoções deixou de ser responsabilidade exclusiva das organizações não governamentais (ongs) para contar com a participação do poder público.
Castrações
Conforme o secretário-adjunto de Saúde, Gilberto Júnior, a temática da causa tem sido trabalhada desde fevereiro, quando deixou de ser competência da Secretaria de Meio Ambiente e passou a ser incumbência da Saúde, por meio do departamento do bem-estar animal. “De lá para cá a gente conseguiu avançar em diferentes ações dentro do município, aumentamos nosso número de castrações, zeramos a nossa fila que tínhamos desde 2021, fizemos mais de 2.500 procedimentos até hoje. Assim, vamos minimizar animais abandonados. Esse foi nosso pontapé inicial”, conta.
A partir disso, iniciou-se mutirões de castração nos bairros, para pets de pessoas vulneráveis, além de animais abandonados. “Começamos com um trabalho muito forte das agentes comunitárias, realizando todo um cadastro e nos finais de semana a gente busca com as nossas clínicas parceiras, que têm um contrato conosco de prestação de serviço. Então eles recolhem os animais e devolviam no dia seguinte“, explica Júnior.
O secretário-adjunto salienta, ainda, que há diversos municípios solicitando qual foi a maneira que o cronograma de castrações foi realizado. “Nós, aos poucos estamos passando a experiência que tivemos para que eles possam aplicar dentro dos municípios vizinhos, próximos e até de outros estados”, relata.
Samu Pet
Um dos mais recentes projetos que saiu do papel é o Samu Pet, que está em funcionamento há cerca de um mês. Por meio da nova ambulância e de duas médicas veterinárias que nela trabalham, são atendidos os chamados de urgência e emergência de animais vítimas de atropelamento ou maus-tratos. Ademais, atendimento é realizado para pessoas em vulnerabilidade que não têm como arcar com os custos do animal.
Segundo Júnior, a ambulância foi algo que ficou em evidência e teve uma grande repercussão a nível estadual e nacional. “Diferentes cidades entraram em contato com a gente para entender um pouco do nosso fluxo, dos nossos encaminhamentos e tentar aplicar isso. Hoje temos uma média de mais de 50 atendimentos, que o nosso foco principal é atendimento de urgência e emergência”, ressalta.
As fiscalizações ainda são de responsabilidade da Secretaria de Meio Ambiente, mas o Samu Pet tem evitado esse tipo de chamado. “Na semana passada, fizemos uma reunião com o pessoal da Brigada Ambiental, que inclusive nos agradeceu, porque acabou diminuindo bastante as ocorrências deles”, menciona.
Cão Comunitário
Uma proposta que já está em fase de testes é o chamado “Cão Comunitário”, realizado inicialmente em alguns bairros da cidade. “É uma parceria muito forte com a comunidade terapêutica, que confecciona casinhas de madeira para nós. Eles fazem um trabalho de reciclagem e, ao mesmo tempo, realizam essa parte social de contrapartida para o município. A gente vai até os bairros que possuem cães comunitários, que principalmente no inverno não têm onde se abrigar, disponibilizamos a casinha, ração, água e cobertor para eles. Em breve nós estaremos apresentando esse projeto para a comunidade”, expõe.
Fiscalizações
A Secretaria de Saúde está alinhada com as fiscalizações, o secretário cita o resgate de um pitbull em situação de maus tratos no bairro Pomarosa. “Fomos com os fiscais do Meio Ambiente, guarda municipal, Brigada Ambiental e também o Samu PET. A médica veterinária esteve no local, avaliou as condições clínicas do animal, foi feito um auto de infração para o proprietário. Ele não se encontrava em domicílio no momento, mas foi feita toda a tramitação do processo e foram encaminhadas as providências, como multa e toda a parte de processo legal que precisa ser feita”, evidencia Júnior.
Depois do recolhimento de um pet, ele vai para uma clínica conveniada à prefeitura e faz exames e consultas. “Posteriormente passa pelo nosso lar pago, que o município custeia, que é para receber animais vítimas de maus tratos e bravios, então a gente acaba tendo essa opção, esse respaldo, porque não adianta fazer as fiscalizações e não ter onde abrigá-los”, afirma.
Feira de adoção
O pontapé final, como nomeia o secretário-adjunto, é a feira de adoção. “Já realizamos duas no município, foram bem positivas. Na primeira, adotaram só filhotes e não tivemos saída de nenhum adulto. Cão porte médio-grande é muito difícil de ser adotado, as pessoas têm esse certo preconceito, então acabam optando pelos filhotes”, salienta.
Na última feira, quatro animais saíram do lar pago pela prefeitura para adoção, dando oportunidade para receber mais animais vítimas de maus tratos. “A gente está avançando e sim, teremos novidades até o final do ano. Vai ser bem legal, a comunidade vai gostar e vai dar um suporte bem grande para a gente”, esclarece.
Relação com as ongs
De acordo com Júnior, ao longo dos anos a prefeitura e as protetoras dos animais tiveram alguns problemas, isso porque elas estavam desassistidas há cerca de 20 anos. “Elas precisavam dessa atenção, desse cuidado, desse carinho com a causa animal e pelos projetos que estamos vislumbrando, temos resultados bem positivos”, sublinha.
O secretário garante que reuniões estão sendo realizados, pois os projetos precisam ser feitos em parceria. “Sabemos que sem elas, não vamos a lugar algum e elas também precisam do apoio do poder público. Tudo que fazemos é justamente para minimizar os custos que elas têm mensalmente. Essas práticas que a gente realiza acaba, de alguma maneira, tirando essa responsabilidade delas de uma certa forma, porque antes elas abraçavam tudo e custeavam tudo. O município veio muito forte para tentar construir algo positivo para a causa animal e a gente está tendo resultados bem importantes que estão sendo reconhecidos”, enfatiza.