Após as recentes enchentes que assolaram o estado do Rio Grande do Sul, uma nova preocupação emerge: a propagação da leptospirose. Autoridades de saúde alertam para o aumento dos casos da doença, que é transmitida pela urina de animais infectados e se torna mais comum em áreas alagadas.
Segundo relatórios do Departamento de Saúde do Estado, o número de casos de leptospirose vem aumentando rapidamente desde o início das enchentes, com um pico significativo registrado nas últimas semanas. Os especialistas atribuem esse crescimento ao contato direto com águas contaminadas, que se tornam um ambiente propício para a proliferação da bactéria causadora da doença, a Leptospira.
A população precisa ficar atenta aos sintomas e a buscar atendimento médico caso apresentem qualquer sinal de infecção. O tratamento precoce é fundamental para evitar complicações e garantir a recuperação dos pacientes afetados pela leptospirose. Em 2023, o Brasil registrou 3.128 casos confirmados de leptospirose, com 258 óbitos.
Diante do cenário desafiador causado pelas enchentes, o estado do Rio Grande do Sul enfrenta não apenas os impactos imediatos da devastação, mas também os desafios de proteger a saúde pública e prevenir a propagação de doenças como a leptospirose. A colaboração de todos é essencial para superar essa crise com segurança e resiliência.
Até o terça-feira, 28, a Secretaria Estadual da Saúdes (SES) havia registrado cinco mortes pela doença, 124 casos confirmados e 1.588 casos notificados, sendo 922 ainda em investigação. As mortes ocorreram nos municípios de Travesseiro, Venâncio Aires, Porto Alegre, Cachoeirinha e Viamão.
De acordo com Isabele Berti, infectologista do Tacchini Sistema de Saúde, pessoas que tiveram contato com águas da enchente, lama e que estão em abrigos devem ficar atentas a qualquer sintoma que venham ter. “Para frear a contaminação, se possível, é indicada a utilização de botas de borracha, roupas impermeáveis, luvas para evitar traumas nas mãos e o contato direto com agentes contaminantes, máscaras e óculos de proteção, para proteger de possíveis respingos. Porém, nem todos têm condições de se munirem com todos esses equipamentos de proteção, por isso, é indicado lavar bem as mãos e o rosto com água limpa e sabão”, orienta.
Quando a água abaixar a orientação do Ministério da Saúde é retirar essa lama com equipamentos de proteção, pois a leptospira permanece viva no lodo enquanto estiver úmido por 10 a 15 dias, bem como desinfetar o local com uma solução de hipoclorito de sódio a 2,5%, na seguinte proporção: para 20 litros de água, adicionar duas xícaras de chá (400mL) de hipoclorito de sódio a 2,5% e deixar agir por 15 minutos.
Em situações de enchentes e inundações, a urina dos ratos, presente em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama das enchentes. Qualquer pessoa que tiver contato com a água das chuvas ou lama contaminadas pode se infectar. A bactéria presente na água penetra o corpo humano pela pele ou mucosa. Bovinos, suínos e cães também podem adoecer e transmitir a leptospirose aos humanos.
Embora, na maioria das vezes, a leptospirose seja assintomática, o quadro da doença pode evoluir e causar falência de órgãos. Entre os principais sintomas estão febre igual ou acima de 38°C, dor na região lombar ou na panturrilha, dor de cabeça e conjuntivite. Na forma mais grave, o infectado pode apresentar tosse, hemorragias e até insuficiência renal.
Segundo o Ministério da Saúde, a doença apresenta uma letalidade média de 9%. O tratamento da doença é feito com o uso de antibióticos, devendo ser iniciado no momento da suspeita por parte de um profissional de saúde.