Oficina que reúne adolescentes, no CEU do bairro Ouro Verde, auxilia na educação e disciplina e afasta jovens das ruas
As oficinas do Centro de Artes e Esportes Unificado (CEU), no bairro Ouro Verde, estão servindo de alternativa às ruas para os jovens do bairro. Elas envolvem atividades lúdicas, que passam pelo violão, crochê e até Capoeira, sendo que algumas chegam a reunir até 23 pessoas. Além disso, tem atividades voltadas aos pequenos, como a de realização de trabalhos em madeira.
Na tarde de quinta-feira, 5, cerca de 13 adolescentes ouviam atentamente as orientações do professor de Capoeira Márcio Moraes, que dá aula desde 2001. Ali se reúnem meninas e meninos de idades variadas, inclusive, imigrantes do Haiti.
Segundo Moraes, a Capoeira é importante nos aspectos que envolvem a integração da comunidade, uma vez que envolve pessoas de diversas idades e classes sociais. “No CEU é melhor ainda porque é um projeto que a gente dá oportunidade para pessoas que não teriam condições de pagar uma academia ou se deslocar de casa até o centro. Então a gente traz a Capoeira até eles. O resultado, em longo prazo, com certeza será muito bom”, enfatiza.
Ele aponta ainda que a atividade auxilia na educação de forma geral, visto que a prática exige esforço, disciplina e atenção. “Não adianta vir aqui e não estar presente de verdade, só para dizer que está. Por isso, a gente exige disciplina aqui e, em casa, com os pais. Ensinamos a ajudar o colega quando é menor, por isso abrange vários aspectos nesse sentido”, afirma.
As aulas partem dos fundamentos básicos da Capoeira e não há incentivo ao contato físico nas fases iniciais. O professor explica que a luta ocorre somente entre graduados. “Quando é iniciante, a gente faz os movimentos básicos e a parte de acrobacias, que é a parte bonita da Capoeira. Hoje a gente iria fazer, mas como não temos os equipamentos de colchões decidimos não fazer”, aponta Moraes.
Segundo ele, nas cinco aulas da oficina já foi possível perceber que alguns alunos tem destaque ou uma afinidade natural com a prática da Capoeira. “Eu trabalho a tanto tempo com isso, aí já vejo alguns que se destacam mesmo que nunca tivessem feito. Nós percebemos que alguns tem mais vontade de aprender. Outros, a gente olha e na hora percebe que o talento é de berço, que nasceram para aquilo ali”, observa o professor. Ele conta que percebe isso em quatro ou cinco alunos.
Em função das condições econômicas do país, Moraes ressalta que há poucas oportunidades para profissionais da Capoeira e de outras atividades do gênero. “Hoje buscamos mais o trabalho voluntário porque a gente sabe que as pessoas tem dificuldades de pagar. Tem crianças com talento que precisam de oportunidades”, comenta
Segundo informações do Poder Público, o CEU ainda deve receber uma complementação de 100 livros para a biblioteca, grades de segurança nas portas de vidro e material para aulas de esporte. As compras devem ocorrer por meio de licitação e o prazo para a conclusão definitiva do espaço, estabelecido pelo Ministério da Cultura (Minc), é até o final de maio.
O secretário de Cultura Evandro Soares informa que cerca de 120 pessoas, entre crianças e adolescentes e adultos, estão sendo atendidas nas oficinas. “Estamos super contentes com o trabalho que vem sendo feito”, comemora.
“Eu estou achando a oficina muito legal, porque a gente aprende muita coisa. E também porque eu gosto de fazer capoeira. Já aprendi meia lua de frente, queixada direta e outros movimentos. Eu ainda não sei muita coisa, mas estou gostando”.
Michael Lucas Querino da Silva, 12 anos
“Eu estou achando muito bom, eu sempre fiz, mas aí parei um tempo e agora voltei. Acho muito legal. Sei lá, o movimento, a dança, o jeito das apresentações tudo é muito bonito. Quando eu comecei a fazer, percebi que não estava tão bem, mas agora, na segunda aula, já melhorei um pouco”.
Natália Milena Soares, 16 anos
“Acho que as aulas de capoeira estão muito legais, é tri. Fazer exercícios é muito bom. A capoeira relaxa o corpo e fazer bem para gente, também”.
Billy Jerry Guillaume, 17 anos