No domingo, 27, uma celebração especial marcou a reinauguração do capitel de Santo Antônio, uma estrutura centenária localizada na região do Vale dos Vinhedos, no 6 da Leopoldina, à esquerda, após passar a ponte. Rodeado de familiares, vizinhos e devotos, o capitel – construído originalmente entre 1920 e 1925 – foi abençoado pelo padre Pedro Carissimi, que conduz uma cerimônia de fé em meio à comunidade local.
A história do capitel começa há quase um século, quando o pai de Osvaldo Zorzi, o idealizador da estrutura original, é vítima de um assalto enquanto voltava do trabalho com sua carroça. “Ele foi salvo por alguém naquele dia, e só pode ser a intervenção de Santo Antônio”, relata Zorzi. Após o ocorrido, a família, decide construir um capitel em honra ao santo como forma de agradecimento. Feito em madeira, o capitel original permanece por décadas, resistindo ao tempo e às intempéries, até que, em meados dos anos 1980, a família decide reconstruí-lo com outros materiais, pois a madeira apodrecera. “Minha mãe, Paulina, sempre foi devota e mantinha essa fé viva”, conta. Leonor, cunhada de Zorzi, que liderou a última reforma após sonhar com a sogra pedindo pela restauração do capitel, decide mobilizar a comunidade e envolver seu filho Paulo para que consultem os custos e iniciem as obras. “Era como se minha mãe estivesse pedindo: ‘Dá um jeito no capitel, ele vai cair’”, afirma ele, emocionado.
A decisão de retornar às origens e construir novamente com madeira visa honrar a tradição familiar e manter viva a essência da história. “Queríamos que ele ficasse o mais parecido possível com o original, preservando a memória dos nossos antepassados”, destaca Zorzi, enfatizando a importância do capitel para as futuras gerações. Ao longo do tempo, o local reúne familiares e vizinhos para momentos de fé. Por mais de 40 anos, a mãe de Zorzi organizava terços todos os sábados, tradição que é retomada na reinauguração, como um reencontro com a memória de Paulina.
A estrutura atual abriga imagens de Santo Antônio, Santa Lúcia e Santa Bárbara. “Fizemos uma praça, o capitel ficou muito bonito, e agora queremos preservar o que foi feito pelos nossos antepassados”, diz, evidenciando o valor da união familiar para manter viva a história. “É uma história real, uma prova da fé que temos em Santo Antônio”, pontua.
O capitel de Santo Antônio agora, se torna um símbolo de união e memória. O desejo da família, como relata Zorzi, é claro: “Que os nossos filhos, netos e bisnetos continuem essa história. Ela precisa ser passada adiante”, conclui.
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