Todos os países têm dinheiro. Alguns mais, outros menos, mas todos tem e todos podem definir onde aplicar esse dinheiro. O Brasil também tem, e muito. O que sempre se enfatiza é que ele é mal distribuído e, num caso como o atual que assola o RS, vê-se realmente o quanto se poderia fazer se os recursos fossem melhor alocados e a máquina estatal (todos os governos ) não fosse tão pesada, o que onera o povo de maneira sobrenatural.
Aqui está apresentado o orçamento para esse ano do governo federal. Nota-se que a previsão é termos R$ 5,5 trilhões para gastar (é gastar mesmo), dos quais somente 0,2 trilhões seriam para investimento, ou seja, 3,6% do total arrecadado.
Isso tudo é arrecadado de nós, do povo. Somos nós, em última instância, que pagamos tudo isso todo santo ano.
Cadê o dinheiro?
Notem que R$ 1,7 trilhão é somente para a rolagem da dívida pública sendo 400 bilhões em juros da dívida e 300 bilhões de amortização. Isso é inimaginável sabendo-se, também, que todo ano isso é alocado. E ainda o governo federal toma muitas decisões contrárias à redução desse montante como não controle dos gastos, déficit como o do ano passado que eleva a dívida e não ajuda na redução da taxa de juros, onde pagaríamos menos se isso fosse alcançado. Bancos e ninguém fala disso. Por que será?
Cadê o dinheiro?
Minha Casa, Minha vida somente R$ 8,9 bi quando para o fundo eleitoral são 4,9 bi.
Emendas dos parlamentares, muitas das quais sem definição estratégica, 53 bi.
Nesse momento por que o RS atravessa parece que mais evidente ainda a burocracia estatal emperra um melhor futuro. Há uma disputa e nível federal e estadual para quem será o herói de plantão. Federal e estadual estão batendo cabeça enquanto o povo sofre. Parece-me que estão disputando o protagonismo das lentes da televisão e dos cliks das câmeras fotográficas enquanto o povo sofre. É o povo salvando o próprio povo.
Cadê o governador? Cadê o plano estadual de reconstrução? Cadê a liderança de um governador de apartamento? Parece-me que todos os prefeitos foram largados num salve-se quem puder e façam o que puder. Os prefeitos estão fazendo; o povo está fazendo. Por aqui, vê-se o prefeito liderando bem, bombeiros, forças de segurança, entidades, poderes públicos, jipeiros, voluntários anônimos e o povo ajudando, todos imbuídos de solucionar os problemas. Mas governo federal e estadual estão disputando beleza. A liderança do governador ainda não se apresentou. A federal quer pousar de herói. O colete laranja aparece mas as botas na lama e na água, não.
Nosso povo é forte. Essa catástrofe deixará marcas profundas mas saberemos nos reerguer como fizemos várias vezes em nossa história. Saibamos sempre que os governos estão aí para servir ao povo e não servir-se do povo. Sei que o momento ainda é de salvar vidas mas o que se vê é muitos lutando pela narrativa de plantão e o povo salvando o próprio povo.
Espero que nossos governantes estaduais e federais do executivo priorizem o povo e não os holofotes; parem de brigar pelos flashes e contribuam com soluções; que liderem os planos de reconstrução e não deixem mais uma vez que somente voluntários, prefeitos, alguns deputados, líderes de entidades e instituições da sociedade civil, bombeiros, forças de segurança e o povo coloquem o pé na lama e enfrentem a correnteza.
Cadê o dinheiro?