O Banco Central lançou uma funcionalidade na qual é possível consultar se existem recursos esquecidos em alguma conta bancária de pessoas física ou jurídica. Em menos de 24 horas, foram resgatados mais de R$ 900 mil e site saiu do ar temporariamente
Na última segunda-feira, 24 de janeiro, o Banco Central (BC) lançou em seu site uma nova funcionalidade, o Sistema de Valores a Receber (SVR). O sistema reúne informações financeiras do consumidor, onde é possível consultar se existem recursos esquecidos em alguma conta bancária de pessoas física ou jurídica.
Por meio da própria ferramenta também é possível encaminhar o processo de resgate do valor, que pode ser feito até mesmo por Pix. Conforme o BC, em junho do ano passado havia cerca de R$ 8 bilhões que a população poderia receber dos bancos, sem ter conhecimento sobre a existência do dinheiro disponível.
Após o SVR ser anunciado, uma grande quantidade de pessoas começou a acessar a ferramenta, uma demanda maior do que o site do BC poderia suportar, o que fez o sistema sair do ar. Segundo informações divulgadas, em menos de 24 horas foram resgatados mais de R$ 900 mil.
Na manhã desta quinta-feira, 27 de janeiro, o Banco Central do Brasil anunciou que as atividades do sistema serão retomadas no dia 14 de fevereiro. Enquanto isso, a autarquia federal afirma que a capacidade de atendimento está sendo fortemente ampliada para atender a todos os cidadãos com estabilidade e segurança.
Sobre o SVR
O Sistema de Valores a Receber mostra quantias a serem recebidas de saldo credor de contas encerradas, parcelas de empréstimos e tarifas cobradas indevidamente, recursos não procurados após o encerramento de grupos consórcio e cotas de capital a devolver em cooperativas de crédito.
De acordo com o economista e professor da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Mosar Ness, as situações previstas cobrem mais de 95% dos casos de valores esquecidos pelos titulares. “Casos especiais serão revistos, mas o objetivo é fazer com que todos os valores encontrem seus titulares e sejam devolvidos. Ou seja, retornem a girar na economia”, destaca.
Situações previstas pelo Banco Central, segundo professor Mosar Ness
Saldo credor de contas encerradas
Refere-se, na maior parte, a pequenos valores que foram esquecidos por seus correntistas. Todo dinheiro que entra em uma conta bancária deve ter um destino, ou ele é retirado ou deverá permanecer em conta, até ser sacado por seu titular ou representante legal. Muitas instituições acabam por encerrar as contas para abrir espaço em seu cadastro ativo. O dinheiro fica, então, à disposição de seu proprietário.
Parcelas de empréstimos e tarifas cobradas indevidamente
Os sistemas utilizados são de amortização constante, price ou europeu. No momento do cálculo pode ocorrer, por erro ou imperícia, a cobrança indevida dessas parcelas. Uma vez detectado o erro, o valor cobrado deverá ser devolvido ao devedor, o problema é que, em muitos casos, o devedor não é correntista do banco, o que dificulta a devolução. Esse montante, nesse momento, deverá ser restituído com correção e juros.
Recursos não procurados após o encerramento de grupos consórcio
Um grupo de consórcio é uma reunião de pessoas que decidem adquirir um bem, pode ser entendido como uma poupança forçada que objetiva a aquisição de itens com maior valor agregado. Suponha que sejam 60 parcelas a serem pagas, um dos participantes paga cinco parcelas e desiste. O grupo então assume o valor e faz o pagamento do bem. Ao final sobra esse valor, que deverá agora ser restituído a seu titular. Esse é um exemplo, existem casos que todos os participantes vão até o final e, ainda assim, sobra um determinado valor que deverá ser devolvido aos membros.
Cotas de capital a devolver em cooperativas de crédito
Uma cooperativa de crédito é um grupo de pessoas que optam por poupar uma parcela por mês para que, assim, os membros possam se autofinanciar com juros mais baixos. Similar à situação do consórcio, refere-se a saldos de valores provenientes de depósitos realizados por membros das cooperativas de crédito. Em muitos casos são montantes pequenos que os titulares julgam não ser interessante efetuar o resgate.
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