Segundo dados divulgados pelo Censo Demográfico de 2022, publicado em 23 de maio deste ano, o Brasil tem 14,4 milhões de pessoas com deficiência. Os números correspondem a 7,3% das 198,3 milhões de pessoas com dois anos ou mais de idade na população.
Os idosos, com 60 anos ou mais, representam 45% das pessoas com deficiência, enquanto, entre a população sem deficiência, eles representavam 14%. As mulheres somam 8,3 milhões e os homens, 6,1 milhões. Em todas as grandes regiões, as mulheres são mais numerosas do que os homens nessa condição. Isso pode estar associado à maior longevidade feminina na população brasileira.
Pesquisa
Desde 2010, o Brasil, por meio do IBGE, aprimorou a forma de investigar a deficiência em suas pesquisas domiciliares. Seguindo as recomendações do Grupo de Washington, o instituto adotou uma nova abordagem, focando nos domínios funcionais e adaptando-a à realidade brasileira.
Essa mudança representa um avanço significativo no entendimento da deficiência no país. No entanto, ela também traz um desafio: as metodologias de coleta de dados são diferentes entre o Censo de 2010 e o de 2022, assim como a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) e a PNAD Contínua. Isso significa que, apesar de termos informações sobre deficiência nos Censos de 1991, 2010 e 2022, não é possível comparar diretamente os dados ao longo do tempo.
A pesquisa revelou que os nove estados do Nordeste do país apresentam índice superior à média nacional, que é de 7,3%. O Estado de Alagoas tinha o maior percentual de pessoas com deficiência, 9,6%. Piauí, com 9,3%, Ceará e Pernambuco, ambos com 8,9%, vinham a seguir. Fora do Nordeste, o Rio de Janeiro foi o estado com maior proporção, 7,4%. Já as menores proporções de pessoas com deficiência foram observadas em Roraima 5,6%, Mato Grosso 5,7%, e Santa Catarina 6,0%.
Idade
A idade é um fator determinante na prevalência da deficiência no Brasil, segundo dados do Censo. A incidência de algum tipo de deficiência mais que dobra da infância para a vida adulta e se agrava consideravelmente na terceira idade, atingindo patamares próximos de um terço da população idosa.
Entre crianças e adolescentes de 2 a 14 anos, apenas 2,2% apresentam alguma necessidade especial. Esse índice salta para 5,4% na faixa etária de 15 a 59 anos. O aumento mais expressivo, no entanto, é observado entre os idosos: 27,5% das pessoas com 70 anos ou mais convivem com alguma necessidade especial.
A concentração de pessoas com deficiência nas faixas etárias mais avançadas é notável. Quase um terço, ou seja, 32,8% das pessoas com deficiência no país têm entre 60 e 79 anos. Em contraste, essa faixa etária representa apenas 12,5% da população sem deficiência. A disparidade se acentua ainda mais entre os mais velhos: 12,6% das pessoas com necessidades têm 80 anos ou mais, enquanto esse grupo corresponde a menos de 1,5% entre aqueles que não apresentam necessidades especiais.
Principais deficiências
Dos 14,4 milhões de brasileiros que declararam ter alguma deficiência, a dificuldade para enxergar é a mais prevalente, mesmo com o uso de óculos ou lentes de contato. Cerca de 7,9 milhões de pessoas enfrentam esse desafio visual. Em seguida, a dificuldade para andar ou subir degraus, mesmo com o auxílio de próteses ou outros aparelhos, afeta 5,2 milhões de indivíduos.
Outras dificuldades funcionais também impactam milhões de brasileiros. A destreza manual (pegar pequenos objetos, abrir e fechar tampas) e as funções mentais (com reflexos na comunicação, autocuidado, trabalho ou estudo) atingem, cada uma, 2,7 milhões de pessoas. Já a dificuldade para ouvir, mesmo com o uso de aparelhos auditivos, é uma realidade para 2,6 milhões.
É importante notar que cerca de 2,0% da população brasileira com 2 anos ou mais convive com duas ou mais dificuldades funcionais simultaneamente. A região Nordeste apresenta o maior percentual nesse quesito, com 2,4% de sua população com deficiência enfrentando múltiplas limitações.