Na época de vindima, em que trabalhadores rurais de Bento aumentam o contato com o campo, encontros e possíveis ataques de animais podem ocorrer e causar dúvidas quanto ao procedimento correto
As parreiras, agora cheias de uva, compõem o cenário dos muitos agricultores que povoam o interior de Bento Gonçalves e munícipios do entorno, como Monte Belo do Sul e Pinto Bandeira. Esses trabalhadores do campo são responsáveis por levar o fruto símbolo da Capital do Vinho para a mesa de moradores e indústrias que o transformam em outras iguarias. A atividade, aparentemente sem risco, pode apresentar alguns obstáculos pelo caminho, como o contato com animais silvestres, tais como cobras, aranhas, entre outros. Por conta disso, o tenente do Corpo de Bombeiros Militar de Bento Gonçalves, Ozeas Cardoso de Aguiar, esclarece o que a população deve fazer para evitar o contato inesperado.
Relato de ataque
Um leitor do Semanário e vereador de Monte Belo do Sul relatou à redação um ataque que sofreu em janeiro. Aluisio Corbelini estava em uma parreira, por volta das 6h, quando foi picado por uma cobra. “Fui até o posto de saúde em Monte Belo, mas estava fechado, então minha esposa me conduziu até o Hospital Tacchini, aonde chegamos por volta das 7h. Fomos muito bem atendidos, mas as coisas se complicaram”, descreve.
Corbelini estava com sintomas que o deixavam mal e não pareciam diminuir com o tempo. A casa de saúde não tinha o soro fisiológico necessário para esse caso de ataque de serpente, portanto, precisou pedir uma dosagem que foi enviada de Caxias do Sul e demorou mais de três horas para chegar.
Apesar de receber o produto adequado, o parlamentar seguiu internado. “Me conduziram a UTI, onde permaneci por quatro dias. No segundo dia estava muito mal, pois os rins haviam parado de funcionar. Graças a equipe médica e as correntes de reza organizadas pela minha esposa e muitas outras pessoas, melhorei e estou me recuperando bem”, agradece.
O vereador também informou que conseguiu matar a cobra após o ataque e levou o animal junto à consulta. Isso facilitou a identificação da espécie e a decisão médica de medidas mais assertivas para a situação. Além disso, Corbelini não realizou torniquete no local da picada, o que foi incentivado pelos médicos, pois uma amarra poderia levar a amputação daquele membro.
Cuidados no dia a dia
Segundo o tenente Ozeas, em Bento Gonçalves ainda não foram registrados ataques de animais silvestres em 2023, mas ainda assim há uma série de protocolos que orientam a população sobre como evitar essa interação indesejada. No caso específico das cobras, o militar reforça que elas atacam somente quando se sentem ameaçadas.
Caso uma serpente apareça em um terreno habitado, os bombeiros devem ser chamados por meio do 193. Os agentes realizarão o recolhimento do animal e irão devolvê-lo para seu habitat natural. Dependendo da espécie, eles encaminham para o Batalhão Ambiental, que toma as medidas cabíveis. Por outro lado, caso o réptil seja visto em uma região de mata, se afaste e o deixe seguir seu caminho.
Para aqueles que atuam no campo, o tenente Ozeas passa orientações específicas. “Quem trabalha em área rural deve sempre usar botas de cano alto e luvas, visto que esses animais podem estar escondidos embaixo de pedras e dispersos na mata”, sugere. Na área urbana, o acúmulo de lixo em pátios e quintais pode justificar uma maior aparição desses seres, já que muitos deles são predadores de roedores e insetos.