Os vereadores Professor Clemente, de Bento Gonçalves, e Washington, de Caxias do Sul, em parceria com o Hospital Tacchini, conquistaram junto ao Hemocentro Regional de Caxias do Sul, a possibilidade de criar em Bento Gonçalves um posto de coleta para plaquetas.
Para tanto, o hospital já conta com toda a estrutura necessária, restando apenas a compra de uma máquina de coleta de plaquetas aférese. A intenção de ambos é garantir os recursos para a compra da máquina através de uma emenda parlamentar. A projeção é que em 18 meses o posto de coleta de plaquetas esteja em pleno funcionamento.
Por que Bento precisa de plaquetas?
De acordo com o administrador do Hospital Tacchini, Armando Piletti, o hospital bento-gonçalvense é referência no setor de oncologia para 22 municípios. Atualmente, 920 pessoas fazem quimioterapia em Bento Gonçalves. Pouco mais de 100 doentes fazem radioterapia regularmente no município. Cerca de 60% deles fazem um tipo de cirurgia que demanda grande quantidade de plaquetas, componente do sangue com menor disponibilidade em hemocentros em função da pequena validade. Após coletadas, as plaquetas devem ser utilizadas em até, no máximo, 5 dias.
Além disso, ele acrescenta que o hospital está se preparando para, até o final do ano, inaugurar seu 29º leito de UTI, número que o habilita a executar cirurgias cardiovasculares, que também demandam grande quantidade de plaquetas.
Atualmente, segundo a diretora do Hemocentro Regional de Caxias do Sul, Cristina Lisot, já é difícil suprir a necessidade de plaquetas para toda a região. Atualmente, apenas uma máquina de coleta de plaquetas aférese atende os 1,3 milhões de habitantes dos 49 municípios ligados ao Hemocentro de Caxias do Sul.
Ela explica que na forma de coleta randômica, bastante utilizada atualmente para suprir a necessidade da região, para cada dose terapêutica, é necessário coletar material de 10 doadores. Com a máquina de coleta de plaquetas aférese, cada doador é capaz de suprir uma dose completa.
Ela acrescenta ainda que a qualidade das plaquetas coletadas passa a ser muito maior, em função de todo o material ser retirado de apenas um doador, ao contrário do que ocorre atualmente, quando são aglutinados materiais de 10 doadores.
Reposição facilitada
O sangue para doação é divido em quatro componentes. O que tem maior demanda são as hemácias (glóbulos vermelhos). Contudo, nem Bento Gonçalves nem qualquer outro município da região tem falta de hemácias em seus postos de transfusão. O que garante o abastecimento contínuo dos estoques é a exigência de reposição. Ou seja, para cada bolsa de sangue que o paciente utilizar, ele e seus familiares ficam no compromisso de encontrar doadores suficientes para manter o estoque do Hemocentro Regional. Entretanto, esta ação causa desconforto aos pacientes do município, que precisam se deslocar até Caxias do Sul para fazer a doação.
Com a aquisição da máquina de coleta de plaquetas aférese, os bento-gonçalvenses que precisarem de doação de sangue, poderão doar plaquetas no próprio município e fazer uma espécie de troca com o Hemocentro Regional de Caxias do Sul. Ao invés de doar hemácias, doa-se plaquetas.
Além disso, a partir da compra da máquina de coleta de plaquetas aférese, o Hospital Tacchini planeja retomar os serviços de Banco de Sangue, com os serviços de coleta em Bento Gonçalves, terminando por completo com a necessidade de reposição.