Ele faleceu no final de semana, aos 80 anos, em decorrência de um câncer

Um líder comunitário, entusiasta e defensor de suas ideias. Sempre pronto para ajudar o próximo e a se doar pela comunidade. Assim era Cláudio Ivanez João Pegoraro, de 80 anos, que faleceu no sábado, 26, em decorrência de um câncer.

Pegoraro nasceu no dia 29 de janeiro de 1941, filho de Domênico e Margarida. Em 20 de agosto de 1966, casou-se com Valdecira Carraro Pegoraro e tiveram dois filhos: Claudio Pegoraro Filho e Cleiton Ricardo Pegoraro. Foram 63 anos de relacionamento, entre os nove de namoro e os 54 de casados. Formou-se no Colégio Aparecida, onde cursou contabilidade. Mais tarde, fez o mesmo curso na Universidade de Caxias do Sul (UCS).
Estas e outras informações são as revelações feitas pelo filho, Cleiton. “Na questão empresarial, quando guri, como ele dizia, trabalhou na Cooperativa Agrícola Ceres, Tondo, Topel, Purina e atuando na Isabela até o momento da sua venda, sempre na área da contabilidade”, lembra.

Além de sua atuação no ramo empresarial, Pegoraro também fez parte da política bento-gonçalvense. Ele foi vereador por duas legislaturas (1969 a 1976). “Ingressou quando jovem, pelo MDB, no qual foi duas vezes o parlamentar mais votado da eleição. Naquela época, o vereador que recebia mais votos era automaticamente presidente da Câmara. Além disso, teve a oportunidade de ficar na Prefeitura de Bento Gonçalves por quase três meses, substituindo o prefeito da época, Sady Fialho Fagundes”, comenta Cleiton.

Uma pessoa que sempre pensava nas outras e que buscava construir um amanhã melhor. Por isso, a atuação comunitária de Cláudio sempre foi além. “Ele também teve a honra de fazer parte do grupo de pais que administravam o Ciretama 65, quando éramos escoteiros, e de inaugurar a sede do mesmo, que havia sido iniciada na gestão anterior, de Armando Piletti e concluída durante a presidência do meu pai. Esta inauguração ocorreu através de uma parceria com a UCS. O prefeito era Ormuz Freitas Rivaldo e a sede foi aberta em um evento da Fenavinho, na qual o presidente era o Carlos Bertuol”, frisa.

Voluntariado e o amor pela educação

Pegoraro sempre deixou marcas de dedicação, envolvimento e gratidão pelos lugares que passou. Além de ser apaixonado pela contabilidade, ter ingressado na política e muito auxiliar no grupo de escoteiros, outras entidades e locais também foram beneficiados com a sua presença. No Hospital Tacchini, por exemplo, atuou por várias décadas como conselheiro. “Foram mais de 30 anos. Acho que hoje ele seria o conselheiro com mais tempo de mandato. Ele sempre se dedicou a trabalhar na área contábil da casa de saúde, na qual, até o momento presente, era membro da área fiscal”, considera Cleiton.

Outra das ações foi a participação no Cursilho. Pegoraro e a esposa Valdecira frequentavam o grupo há 35 anos. “Toda segunda-feira reuniam-se na casa de um casal integrante do grupo, faziam orações e planejavam as ações a serem desenvolvidas. Eles trabalhavam com os seminaristas e as crianças na área do grupo vocacional”, salienta.
Ele teve papel importante na educação de muitos bento-gonçalvenses, atuando como professor por quase 40 anos. “Foi aluno do Colégio Aparecida, estudou no Escritório Modelo. Depois, foi convidado a dar aula de contabilidade no Cenecista, onde também recebeu o convite de ser paraninfo da turma. Ele gostava muito de ser reconhecido como professor, pois sentia-se realizado nesta profissão”, enfatiza.

Rotary, a paixão pelos carros e a participação na igreja

Pegoraro fez parte do Rotary. Ele é lembrado pelos colegas como um rotariano exemplar e dedicado. Foi governador do Distrito 4700 no ano rotário de 1991/92 e Sócio Honorário do Rotary Club de Caxias do Sul. Além disso, foi sócio fundador do Rotary Club Bento Gonçalves Planalto. “Um trabalho que meu pai fazia ultimamente no Planalto era na área do Pelotão Curumim, numa parceria com o 6º BCom, focado no trabalho com as crianças. Ele sempre gostou de trabalhar com pessoas jovens em todos os lugares, pois dizia que os adolescentes eram o futuro do nosso país e falava que era um milionário, pois tinha muitos amigos”, enaltece.

Outra das paixões de Pegoraro era o antigomobilismo. Com alegria e simpatia ímpar, adorava estar em grupo, compartilhando algo em comum. Ele foi conselheiro, fundador e presidente do Conselho do Veteran Car Club dos Vinhedos. “Ele foi um dos primeiros a ter carros antigos em Bento, que hoje é o Veteran Car Club. Também foi o convidado a ser o primeiro presidente do grupo. A logomarca do clube é hoje uma foto estilizada do primeiro carro do meu pai, que é um Ford 1936”, revela.

Atuante na localidade do Santo Antão, onde viveu desde pequeno, gostava de participar da comunidade-igreja, contribuindo com suas ideias. “Ele tinha uma característica muito forte de ser organizado, exigente e preconizava o detalhe em tudo o que fazia. Por isso, ficou marcado como uma pessoa forte e incisiva. Para ele, o melhor lugar do mundo era o bairro, pois foi ali que nasceu, cresceu, viveu. Através da igreja Santo Antão, uma das últimas ações foi com um grupo de moradores, na restauração da igreja”, ressalta.

Já na Paróquia de Cristo Rei, no Cidade Alta, teve mais contribuições. “Meus pais foram festeiros em duas oportunidades. Inclusive, na última, arrecadaram as verbas necessárias para a conclusão da torre da igreja. Depois, meu pai trabalhou por muitos anos como conselheiro e presidente do conselho da Paróquia”, recorda.
O padre Gilmar Paulo Marchesini lembra de uma das últimas atividades feitas em conjunto. “Foi em 2018, ao encaminhar o restauro da igreja Santo Antão. Tivemos várias conversas, encaminhamentos e ele ficou junto à comunidade encontrando pessoas que pudessem colaborar com o restauro”, salienta.

Marchesini também diz que ele contribuiu para a missão para a Paróquia Cristo Rei,. “Sendo muito exigente, uma pessoa que cobrava atividades e não esperava passar o tempo daquilo que era decidido. Sempre foi de muita fé, de participar e estar presente na igreja. Uma pessoa que teve interesse em ajudar. Teve colaboração especial no Centro de Evangelização da Cristo Rei e recentemente, junto com a equipe, disse que na época foi 18 vezes à Brasília para negociar o terreno onde está localizado, junto ao Ministério dos Transportes”, pontua.