Campanha Março Lilás ressalta a importância da vacinação e do exame Papanicolau na luta contra a doença

Março é internacionalmente reconhecido como o mês de conscientização sobre o câncer de colo do útero, através da campanha Março Lilás. Essa iniciativa visa alertar e educar a população feminina sobre a prevenção e o combate a essa doença que, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), é o terceiro tumor maligno mais frequente entre as mulheres no Brasil, excluídos os casos de tumores de pele não melanoma.

Em 2023, estimou-se a ocorrência de 17.010 novos casos, representando um risco de 13,25 casos a cada 100 mil mulheres. Além disso, o país registrou 6.627 mortes relacionadas a essa doença em 2020. Esses números destacam a relevância de campanhas como o Março Lilás para promover a prevenção e o diagnóstico precoce.

Bento Gonçalves reforça a prevenção

Todas as segundas do mês de março, junto à programação do gabinete da primeira-dama, palestras informativas quanto à prevenção do câncer de colo de útero e câncer de mama estão sendo realizadas

Em Bento Gonçalves, a Secretaria de Saúde está mobilizada para intensificar as ações de prevenção durante o Março Lilás. A ginecologista do Hospital Tacchini, Dra. Aline Valduga, esclarece que o câncer de colo uterino é uma patologia maligna que acomete o colo uterino e que, em 99% dos casos, é causado pelo vírus do HPV. Ela destaca que a infecção persistente por subtipos de alto risco do HPV, especialmente os tipos 16 e 18, aumenta significativamente o risco de desenvolvimento da doença.

Importância do exame Papanicolau e da vacinação

A Dra. Aline enfatiza a importância do exame Papanicolau na prevenção e detecção precoce do câncer de colo do útero. “O Papanicolau identifica alterações que, se não tratadas, podem evoluir para um câncer de colo uterino”, explica. Ela recomenda que o exame seja realizado a partir dos 25 anos, anualmente, até que dois resultados consecutivos negativos permitam a realização do exame a cada três anos.

Além do exame preventivo, a vacinação contra o HPV é uma ferramenta crucial na prevenção. A vacina quadrivalente, disponível pelo SUS, é indicada para crianças a partir dos 9 anos até os 14 anos. Na rede privada, a vacina nonavalente está disponível para pessoas dos 9 aos 45 anos. “A vacina contra o HPV é segura, eficaz e protege contra diversos tipos de câncer, incluindo os de colo do útero, boca, vulva, vagina, pênis e ânus”, ressalta a médica.

A Secretária de Saúde de Bento Gonçalves, Daiane Piuco, informa que a rede pública de saúde está estruturada para atender as mulheres na prevenção e no tratamento do câncer de colo do útero. “A prevenção é feita através da informação às usuárias e pelo rastreamento através do exame citopatológico, realizado em todas as unidades de saúde”, afirma. Ela destaca que, atualmente, há uma demanda reprimida para consultas ginecológicas devido à saída de profissionais, mas que a contratação de novos especialistas já está em andamento.

Durante o Março Lilás, diversas ações estão sendo realizadas para incentivar a realização do Papanicolau e facilitar o acesso ao exame. “Está sendo realizada, todas as segundas do mês de março, junto à programação do gabinete da primeira-dama, palestras informativas quanto à prevenção do câncer de colo de útero e câncer de mama”, destaca Daiane. Além disso, no dia 5 de abril (sábado), está programada uma ação na unidade central para a realização do exame fora do horário comercial.
A vacina contra o HPV está sendo aplicada conforme o preconizado pelo Ministério da Saúde, em dose única para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, tanto meninas quanto meninos. “Alguns pais possuem resistência em realizar a vacinação, mas nada como ter uma boa conversa e orientação para que entendam a importância da vacina”, pondera a secretária. Ela ressalta que a adesão nas escolas é significativa e que o município recebeu, em 2024, o selo bronze pela vacinação do HPV.

Dra. Aline Valduga

A Dra. Aline Valduga reforça a importância da prevenção e da vacinação. “O câncer de colo uterino possui um tratamento e um impacto devastador na vida da mulher. Não deixe que quem você ama tanto passe por isso; vacinar é a nossa esperança de zerar o número de casos de câncer de colo uterino em um futuro próximo”, conclui.

Com essas iniciativas, Bento Gonçalves reafirma seu compromisso com a saúde feminina, buscando reduzir a incidência e a mortalidade pelo câncer de colo do útero através da informação, prevenção e tratamento adequado.

Apoio essencial às mulheres na luta contra a doença

A Liga de Combate ao Câncer de Bento Gonçalves desempenha um papel fundamental no suporte às mulheres diagnosticadas com câncer de colo do útero e outras neoplasias. Sob a liderança de Maria Lúcia Gava Severa, a entidade se dedica a oferecer assistência integral, garantindo que as pacientes e suas famílias recebam apoio emocional, médico e estrutural durante todo o tratamento.

Atendimento psicológico e suporte logístico

A Liga disponibiliza atendimento psicológico gratuito para auxiliar as mulheres a lidarem com o impacto emocional do diagnóstico e do tratamento. Além disso, oferece suporte para aquisição de medicamentos, realização de exames complementares e acesso a terapias essenciais. Para as pacientes que vivem em cidades mais distantes e encontram dificuldades logísticas, a entidade mantém o Centro Assistencial Andressa Zietolie, um espaço humanizado que dispõe de quartos confortáveis, banheiros adaptados, alimentação e um ambiente acolhedor para quem precisa se deslocar para Bento Gonçalves durante o tratamento.

Fortalecimento da autoestima

Outro diferencial da Liga é o banco de perucas, criado para auxiliar mulheres que passam pela queda de cabelo devido à quimioterapia. “A autoestima e a dignidade das pacientes são fundamentais nesse processo, e essa iniciativa faz toda a diferença”, destaca Maria Lúcia.

Campanhas e exames gratuitos

A entidade também promove campanhas educativas sobre prevenção, diagnóstico precoce e os direitos das pacientes, além de parcerias com redes de saúde e voluntários para ampliar o acesso a serviços especializados. “Realizamos exames gratuitos dentro das empresas parceiras, com a coleta do citopatológico e encaminhamento a médicos, conforme a necessidade, para facilitar o rastreamento do câncer de colo do útero”, explica a presidente da Liga.

Desafios e combate à desinformação

A Liga de Combate ao Câncer de Bento Gonçalves é integrada por voluntárias com a missão de amparar as pessoas carentes portadoras de câncer e atuar na prevenção junto à comunidade foto: Fabiano Mazzotti

Entre as principais dificuldades das mulheres após o diagnóstico, Maria Lúcia destaca o medo e a ansiedade diante da doença, além dos desafios financeiros para custear tratamentos complementares e a dificuldade de deslocamento para centros especializados. “A espera por alguns exames e a falta de informação sobre o câncer também são obstáculos significativos”, enfatiza. Outro ponto de preocupação é a sobrecarga emocional das famílias, que precisam conciliar os cuidados com a rotina diária.

Desmistificar o câncer, a desinformação e os tabus em torno do câncer de colo do útero e do HPV ainda são desafios a serem superados. Muitas mulheres associam a doença a questões de culpa ou tabus sexuais, e o HPV ainda é cercado de mitos. Para combater essa realidade, a Liga investe em campanhas educativas nas redes sociais e em entidades municipais, destacando a relação entre HPV e câncer e a importância da vacinação, disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para adolescentes. “Também realizamos palestras em comunidades rurais, onde muitas mulheres têm menos acesso à informação. Contamos com parcerias de profissionais da saúde e influenciadores locais para disseminar conteúdos confiáveis”, explica Maria Lúcia.

Como a sociedade pode ajudar

Apoiar as mulheres que enfrentam essa doença é um compromisso coletivo. Segundo a presidente da Liga, a sociedade pode contribuir de diversas formas: por meio de doações financeiras, doação de cabelo para a confecção de perucas, participação em eventos beneficentes ou atuando como voluntário nas ações da entidade.

Além disso, a Liga mantém um bazar e brechó, cujas vendas ajudam a financiar os atendimentos oferecidos às pacientes. “Campanhas como o Outubro Rosa e o Março Lilás dependem de apoio para ampliar a conscientização. Cada ação conta na luta contra o câncer”, ressalta Maria Lúcia.

Março Lilás: conscientização e prevenção

Durante o Março Lilás, a Liga intensifica suas atividades com palestras em empresas, escolas e comunidades, além da distribuição de materiais informativos sobre a prevenção do HPV e a importância do diagnóstico precoce. “Reforçamos nossas ações nas redes sociais, compartilhamos depoimentos de mulheres que superaram a doença e divulgamos informações sobre os direitos das pacientes. A prevenção salva vidas, e essa mensagem precisa chegar ao maior número possível de pessoas”, conclui Maria Lúcia.