Três alunos de Bento Gonçalves destacaram-se com a conquista da medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) de 2022. A equipe do Jornal Semanário conseguiu conversar com Júlia Bertan de Lima e Marco Antônio Grando, que tem planos de irem juntos para a cerimônia de entrega das medalhas que ocorre em junho, na cidade catarinense de Florianópolis.
Menina destaque
A estudante da Escola Municipal de Ensino Fundamental Vânia Medeiros Mincarone, Júlia Bertan de Lima, 13 anos, conquistou a medalha de ouro das olimpíadas. A menina recebeu Moção de Aplauso na Câmara de Vereadores na última segunda-feira, 3 de abril.
Além disso, foi homenageada no dia 23 de março, no Auditório Júlio de Castilhos, na Assembleia Legislativa, em Porto Alegre, com o prêmio Meninas Olímpicas, ação da Procuradoria da Mulher. O reconhecimento integrou as comemorações do mês dedicado à mulher, destacando a atuação de meninas que, desde cedo, inspiram outras mulheres a se voltarem ao âmbito científico.
De acordo com Júlia, ganhar foi uma experiência nova, que nunca irá esquecer. “Além disso, teve o sentimento de medo por não saber as oportunidades e o que estava por vir. No momento que soube em que havia recebido a medalha, a felicidade tomou conta”, valoriza. Ademais, ela relata com mais detalhes como se sentiu ao saber que ia receber a honraria. “Foi um misto de emoções, a angustia de não saber qual era o resultado se tranquilizando, a alegria tomando-me conta e o choque com a notícia. Mas foi incrível saber que tamanho esforço sempre tem uma boa recompensa”, completa
Durante o processo de estudo para a olimpíada, o papel incentivador da escola e dos educadores foi fundamental. “Tive o auxílio de meu professor Marcos e também peguei diversos conteúdos, fiz, refiz, errei, tentei muito. Tudo isso resultou em um aprendizado que levarei para a vida inteira”, destaca.
Júlia sempre teve uma certa facilidade em compreender matemática, o que abriu um caminho mais certeiro na hora de realizar a prova. “Gosto muito de ler, escrever, calcular e perguntar. Sempre questionei bastante sobre conteúdos, nas avaliações, nas explicações e isso me auxiliou em compreender os conteúdos em geral”, diz.
Para o futuro, a menina já analisa algumas carreiras que deseja seguir. “Desde meus sete anos sempre tive vontade de cursar Direito, porém, também tenho uma grande paixão por matemática. Sei que ganhar este prêmio abre diversas oportunidades para seguir esta área de exatas”, afirma.
Para os que também almejam ter essa conquista, Júlia deixa um recado. “Dê o seu melhor em tudo que fizer, mesmo gostando ou não. Além disso, questione, sempre questione, não fique com nenhuma dúvida, pois no momento em que estiver resolvendo uma questão, você irá lembrar daquele questionamento”, conclui.
Conforme a diretora do educandário, Tânia Marin da Cunha, a escola está muito orgulhosa de Júlia pela conquista. “Também quero elogiar o trabalho de todos os professores que participam do processo de escolarização da aluna, que é bastante estudiosa, dedicada e participativa. A honraria é motivação para os demais alunos continuarem seus estudos de forma comprometida e perceberem que todos tem potencial para realizar grandes feitos”, zela.
Ademais, participar da OBMEP é uma tradição da EMEF Vânia Medeiros Mincarone, que sempre busca desafiar os alunos. “O objetivo é desenvolver e aprimorar múltiplas habilidades que possam ser aplicadas ao longo de toda a vida”, garante. Além da conquista do ouro pela aluna Julia Bertan de Lima, na 17º edição das olimpíadas, a escola teve outros alunos que foram premiados: Isadora Biesek Castellani com medalha de prata, e Antonella Maria Cambruzzi Berlatto e Gabriel Casagrande Guizzo com medalha de bronze.
A mãe, Marilice Bertan de Lima, 42 anos, revela que a filha é extremamente dedicada em tudo e gosta de estudar. “Em relação a escola ela ama, é um espaço que incentiva muito e tem professores excelentes. Desde as séries iniciais, números eram seu ponto forte e em suas lições de casa sempre teve facilidade na resolução dos cálculos”, conta. Sobre a conquista de Júlia, ela expressa um grande orgulho. “É difícil demonstrar em palavras o tamanho do orgulho, alegria e satisfação de ver que seu esforço e dedicação teve retorno”, finaliza.
Orgulho da família
Para o estudante do 7º ano da Escola Municipal de Ensino Médio Alfredo Aveline, Marco Antônio Grando não foi diferente: a conquista da medalha de ouro na OBMEP chegou. “Foi uma experiência diferente, porque quando fiz a primeira prova foi difícil, não sabia nada sobre o assunto. Foi uma surpresa quando recebi o resultado que havia passado para segunda fase, que estava mais tranquila, pois havia estudado e pesquisado mais sobre as olimpíadas”, recorda.
Segundo Marco, desde pequeno ele sempre gostou de matemática e tinha muita facilidade nas atividades. Para a competição, as aulas de reforço com o professor Rafael fizeram a diferença. “Eram cada 15 dias, na escola. Além disso, pesquisei edições anteriores para ter uma noção de como seria”, ressalta. O menino ainda não pensou sobre o futuro em relação a profissão, mas tem planos envolvendo a matemática. “Com o curso de iniciação científica que vou fazer através da OBMEP, talvez pode ser que mais para frente eu siga algo na área”, complementa.
Incentivado pela mãe Nelci Luiza Kabel Grando, 42 anos, e o pai Daniel Grando, 43, o jovem sempre foi dedicado e com gosto pelo estudo. “Desde pequeno ele demonstrava muita facilidade, não só em relação a matemática, mas em todas as matérias. As professoras também comentavam sobre o desempenho dele”, frisa a mãe.
Ao saber da premiação do filho, Nelci sentiu um mix de sensações. “A emoção e o orgulho foram muito grandes. No início foi difícil acreditar, pois ele sempre comentava da dificuldade das questões, mas ele se esforçou e pesquisou sobre o assunto. Ele foi medalhista em 2022, quando estava no sexto ano e foi na primeira participação nas olimpíadas, competindo com alunos do sétimo ano, então isso foi muito gratificante pra nós”, salienta.
Conforme a mãe, o acompanhamento dos pais é fundamental para o desenvolvimento das crianças e adolescentes. “Incentivar seus filhos, acompanhar e participar da vida escolar, participar das reuniões, pois o ensino nas escolas públicas é muito bom. Mas não depende só da escola, depende de nós responsáveis, acompanhar e ensinar a respeitar os professores e colegas”, encerra.
A vice-diretora da escola, Izaura S. Z. Pasquali, frisa que o Alfredo Aveline tem o hábito de participar de ações como a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, obtendo destaque em várias competições. “Para nós é um orgulho ter um medalhista de ouro, assim como tivemos uma medalha de prata e duas de bronze. Realmente temos alunos muito bons e professores preocupados com a aprendizagem. Mas percebemos que o período de pandemia prejudicou este aspecto e com projetos como esse, novas alternativas surgem para recuperar esse tempo perdido. Com isso, as crianças poderão continuar demonstrando o interesse em aprender”, sublinha.
O professor de matemática Rafael Zenovello Perin, fala como foi o preparo dos jovens para a competição. “No contraturno aconteciam atividades do programa da OBMEP na escola, onde os alunos tinham aulas de resolução de problemas para quando chegassem na segunda fase da prova, terem mais facilidade e estarem habituados ao que se viria nos exercícios”, informa.
Ainda, ele destaca o ótimo empenho de Marco durante os estudos e o incentivo familiar. “A princípio, na primeira aula ele não poderia vir, então a mãe desmarcou o médico para o garoto poder participar. Ali a escola percebeu que a família era muito participativa e valorizava a atividade. Ele veio em todas as aulas durante o cronograma, sempre participativo, progredindo muito ao longo do ano”, elogia.
O projeto
A Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) é um projeto nacional dirigido às escolas públicas e privadas brasileiras, realizado pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), com o apoio da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), e promovida com recursos do Ministério da Educação (MEC) e do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
ular o estudo da matemática e identificar talentos na área, a OBMEP tem como objetivos principais: estimular e promover o estudo da Matemática; contribuir para a melhoria da qualidade da educação básica, possibilitando que um maior número de alunos brasileiros possa ter acesso a material didático de qualidade; identificar jovens talentos e incentivar seu ingresso em universidades, nas áreas científicas e tecnológicas; incentivar o aperfeiçoamento dos professores das escolas públicas, contribuindo para a sua valorização profissional; auxiliar para a integração das escolas brasileiras com as universidades públicas, os institutos de pesquisa e com as sociedades científicas; e promover a inclusão social por meio da difusão do conhecimento.
O público-alvo da OBMEP é composto de alunos do 6º ano do Ensino Fundamental até último ano do Ensino Médio.
Fotos: Cláudia Debona