Então o bebê nasce. Feito o Pequeno Príncipe, sai daquele seu planetinha mágico e bota a cara no mundo real. Que é grandão e assustador, cheio de uma gente esquisita vestindo camisolões e de rosto coberto. Ele meio que se assusta, é provocado e – Ufa! – dá uma choradinha. Então… Opa! A mamãe. O papai está no mesmo enquadramento, mas é na mamãe que ele se gruda. Questão de tato, de pele, de vínculo, de amor visceral. Afinal, eles já se conheciam intimamente.
Existe coisa mais linda que um bebê reconhecendo sua mamãe? Abrindo os olhinhos embaçados e buscando a figura com quem vivenciou sonhos e preocupações, alegrias e tensões, de quem escutou palavras de carinho e sentiu o toque das mãos durante nove meses. É emocionante ver aquela coisinha frágil e miúda procurando com sua boquinha úmida a fonte de vida para sugar. Coisas de Deus.
O papai, em segundo plano, também tem sua vez, é claro! Ele representa o braço forte, a proteção, o escudo… Se bem que, por uma questão de sinergia, ele treme de emoção…
É o primeiro encontro amoroso no mundo aqui de fora, feito sem escalas. Aquelas práticas frias que ganharam espaço há tempo, foram repensadas e substituídas por uma acolhida totalmente humanizada.
Nessa questão da proximidade, nossas mamães ou vovós acertaram. Era pertinho delas que ficávamos desde logo, embora quase mumificados, com faixas do pescoço até os pés. Mas, sabe-se hoje, que isso transmitia uma sensação de abraço. Bem apertado, é verdade…
O engraçado é que, de uma geração para outra, a tendência é inovar, como se experiências passadas fossem um amontoado de equívocos. Paradigmas são derrubados. Alguns, reabilitados. A forma de posicionar o bebê, por exemplo – de lado, de bruços, de costas…; de alimentar – só peito, peito e mamadeira, leite em colherinhas…, são “verdades” que sofreram reviravoltas. Vivendo e (re)aprendendo!
Pela minha experiência, acredito que a geração dos nossos filhos passou por poucas e boas. Eles são sobreviventes do “caos” de ideias, do confronto de padrões, mas estão aí belos e fortes, sem grandes traumas, exercendo hoje a função de pai ou mãe com maestria.
De minha parte, tenho a agradecer ao anjo da guarda de cada um deles, que trabalhou adoidado, desde a aterrissagem da cegonha na maternidade. Os meninos eram mesmo “da pá virada”.
Para finalizar, aqui vai um pedido especial ao Querubim: Anjinho da guarda, fiel amiguinho, protege sempre, nosso Bernardinho.