A localidade conta com duas santas que recebem muita devoção da população, Nossa Senhora Imaculada e Nossa Senhora de La Salette, ambas têm suas celebrações e movimentam a comunidade
Em cada bairro de Bento Gonçalves, por ser um município com grande número de católicos, há um padroeiro querido pelos moradores. Entretanto, no Barracão, por exemplo, a devoção é tanta que o local, atualmente, conta com duas padroeiras que recebem muito carinho e fervor dos fiéis.
Inicialmente, por ser um bairro fundado por imigrantes, seus costumes foram rapidamente adaptados àquele local. Não se sabe ao certo o ano em que a igreja da localidade foi construída, mas acredita-se que foi logo após a imigração dos italianos. Por causa da fé, foi construída uma estrutura com o intuito da realização das missas, com a padroeira escolhida sendo a Nossa Senhora Imaculada, nome que a capela recebe.
Como tudo começou
Em 1945, um casal que residia no Barracão e participante ativo da comunidade religiosa, fez uma visita à filha em Erechim, e ali iniciava uma história. Silvia Menegotto, responsável pela liturgia na capela conta sobre o ocorrido. “Um casal daqui foi para Erechim visitar a filha e de lá foram até Marcelino Ramos e eles participaram dos festejos de Nossa Senhora da Salette. Ao ver a imagem da santa sentiu algo inexplicável. Gostou tanto da imagem da devoção que chegou em casa e falou para os filhos que ele iria mandar fazer uma imagem dela para a capela”, constata.
E de fato a imagem foi feita em Marcelino Ramos e trazida até Bento Gonçalves. “Ele mandou o filho mais velho para buscar e ele a trouxe de trem. Ao chegar com a pequena estatua de Nossa Senhora da Salette, ela foi colocada na igreja, e a partir deste momento a comunidade adotou-a como padroeira”, pontua.
Tradição
Neusa Spanholi é neta de João Ferrari, o homem responsável pela segunda padroeira do Barracão e filha de João Batista Ferrari que foi buscá-la, ela se recorda das histórias contadas pelos dois. “Não era nascida quando meu avô a trouxe, soube por causa que era uma história bastante falada na família, inclusive pelo meu pai que foi quem a buscou. Aos domingos à tarde costumava levar meu avô a igreja, ele já estava cego quando nasci, e como era catequista, eu o acompanhava, isso aos meus seis anos, ele era muito devoto”, ressalta.
A atitude de Ferrari não somente resultou em uma devoção fervorosa no bairro do Barracão, mas também a de seus familiares. “Virou uma tradição ser devoto a ela na família, os filhos do meu avô, os netos, foi bonito ver isso acontecendo. Este ano mesmo ganhei esta estátua pequena de Nossa Senhora de La Salette, e minhas duas irmãs também”, conclui Neusa.
Devotos
Pela localização, é facilmente encontrado aqueles que creem em seus milagres e feitos, tanto que sua festa, que este ano ocorrerá dia 17 de setembro, é comemorada por pessoas de outras localizações. “Vem muita gente de fora às festas da Senhora das Aparições, primeiro porque existem poucas capelas que a festejam. E porque a fama dela é que aparece aos videntes para mostrar a mensagem de Deus as pessoas”, resume Silvia Menegotto.
Fábio Piazza, que cresceu no bairro, sempre teve a santinha presente em sua vida, por conta disso a fé que mantém pela entidade é grande. “É nossa mãe que sempre está intercedendo junto a seu filho Jesus. Como lembramos no primeiro milagre de Jesus em bodas de caná, quando transformou água em vinho, ela muda nossa vida e nos traz alegria que simboliza o vinho. Nossa Senhora da Salette em sua aparição diz para não termos medo, orarmos e sermos instrumentos de paz aos homens”, reflete.
Há aqueles que a conhecem a partir de outros locais, como Valeska Bianchi, que também é devota e fiel a ela. “A família do meu marido foi quem me apresentou a Nossa Senhora, então hoje somos todos devotos dela, converso, peço por saúde e agradeço as coisas boas que ela traz. A festa tem um número bem expressivo de pessoas, é uma santa com muitos fiéis”, confirma.
Fotos: Renata Carvalho