No Brasil, estima-se que uma pessoa morra de Acidente Vascular Cerebral (AVC) a cada sete minutos. O dado é preocupante, pois é a principal causa de morte no país. Entre 2019 e 2023, mais de 174 mil óbitos foram registrados.
O que é o AVC?
Segundo o Professor Adjunto de Cirurgia Vascular da UCS, Clandio de Freitas Dutra, o AVC, é uma condição médica grave que ocorre quando o fluxo sanguíneo para uma área do cérebro é interrompido. Isso resulta em danos às células cerebrais e é uma das principais causas de morte, incapacitação e internações no mundo, afetando mais os homens.
Tipos de AVC
Existem duas categorias principais de AVC:
- AVC Isquémico: É o tipo mais comum, representando 85% de todos os casos. Ocorre quando há a obstrução de uma artéria, impedindo a passagem de oxigênio para as células cerebrais, que acabam morrendo. Essa obstrução pode ser causada por um trombo (trombose) ou um êmbolo (embolia).
- AVC Hemorrágico: Responsável por 15% dos casos, ocorre quando há o rompimento de um vaso cerebral, provocando hemorragia. Esta pode acontecer dentro do tecido cerebral ou na superfície entre o cérebro e a meninge. Apesar de menos comum, pode ser mais fatal do que o AVC isquêmico.

Sintomas
De acordo com o Dr. Dutra, os sintomas podem variar dependendo da região do cérebro afetada. “Pode ser desde sintomas motores, como as paresias e plegias, até hemiparesia ou hemiplegia”, destaca. Ele também descreve a alteração da voz, como disfasia, disartria (dificuldade de articular a palavra) e até afasia (não conseguir falar).
Segundo o Ministério da Saúde, os sintomas também podem incluir:
- Confusão mental;
- Alteração na visão (em um ou ambos os olhos);
- Dor de cabeça súbita, intensa e sem causa aparente;
- Alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou no andar;
- Fraqueza ou formigamento em um lado do corpo (rosto, braço ou perna).
O que fazer em caso de suspeita?
Quando alguém próximo apresenta sinais de alerta de um derrame, a família deve acionar o atendimento de urgência mais próximo. Segundo o médico, se for um AVC isquêmico, existe um medicamento que pode ser administrado para recuperar a área cerebral afetada.
Fatores de risco
O cirurgião vascular alerta para alguns fatores de risco, como: hipertensão; diabetes; dislipidemia; tabagismo; causas cardiológicas, como arritmias e fibrilação atrial.
Dutra explica que esses fatores são comuns a doenças ateroscleróticas. “Seja das coronárias que ocasionam o infarto do miocárdio, ou dos membros inferiores, que podem causar oclusões arteriais que, se não tratadas a tempo, levam à gangrena e até mesmo à amputação”, destaca.
Pós-pandemia
O médico frisa que os casos de AVCs tiveram um crescimento significativo após a pandemia. “Houve um aumento das doenças cardiovasculares, seja pela demora das pessoas em procurar assistência, seja pelos efeitos trombóticos da COVID”, explica.
Fatores da vida moderna
O estresse, o sedentarismo e a má alimentação são fatores significativos que favorecem o desenvolvimento da aterosclerose, segundo o médico. Ele ainda explica que o uso de cigarro e drogas, especialmente cocaína e crack, pode desencadear uma doença inflamatória que afeta as artérias (arterites). “Essa condição pode levar à amputação e à perda de membros, além de aumentar o risco de infarto agudo do miocárdio, já que o consumo dessas drogas provoca espasmos e contrações das artérias, que comprometem a circulação”, ressalta. Em alguns casos, o AVC pode ter origem familiar, como a trombofilia, que pode explicar a ocorrência em pessoas jovens.
O Ministério da Saúde aponta outros fatores de risco, como estresse, problemas emocionais e o uso de anticoncepcionais hormonais.
Prevenção
Embora alguns fatores de risco (idade, raça, constituição genética e sexo) não possam ser modificados, outros dependem apenas da pessoa e são cruciais para prevenir a doença. A prevenção inclui:
- Não fumar;
- Não consumir álcool;
- Manter uma alimentação saudável;
- Manter o peso ideal;
- Beber bastante água;
- Não usar drogas ilícitas;
- Praticar atividades físicas regularmente;
- Manter a pressão e a glicose sob controle.
Diagnóstico
A detecção do AVC é realizada através de exames de imagem, no qual permite identificar a área do cérebro afetada e o tipo de derrame cerebral. De acordo com o Ministério da Saúde, a tomografia computadorizada de crânio é o método de imagem mais utilizado para a avaliação inicial do AVC isquêmico agudo, demonstrando sinais precoces de isquemia.
Tratamento
Os procedimentos necessários após a detecção variam de paciente para paciente. O tratamento do AVC hemorrágico é considerado mais complexo e requer que o paciente seja encaminhado para uma unidade com capacidade de monitorização neurológica contínua. Nessas unidades especializadas, é possível controlar de forma adequada a pressão arterial e acompanhar de perto qualquer alteração no exame neurológico.
Em alguns casos, a situação pode evoluir para a necessidade de uma intervenção cirúrgica. Nesses momentos, a rapidez na avaliação por um neurocirurgião é fundamental para reduzir riscos e aumentar as chances de recuperação do paciente.
Tanto no AVC hemorrágico quanto no isquêmico, o cuidado deve incluir o controle rigoroso da glicemia, os níveis de açúcar no sangue e a prevenção da febre. Para alcançar esse equilíbrio, muitas vezes é necessário recorrer a medicações específicas, sempre com o objetivo de manter as funções vitais em condições ideais.