Especialista diz que medida pode não ser benéfica para as famílias, pois pode estimular o endividamento da população vulnerável. Por outro lado, ela afirma que se o dinheiro for aplicado para renda extra, o resultado se torna positivo

Nesta semana, o ministro da Cidadania, Ronaldo Bento, anunciou que o empréstimo consignado para quem recebe o Auxílio Brasil deve começar em setembro, pois as normas complementares para as instituições financeiras vão ser publicadas no início do próximo mês. Sem data definida para iniciar, ainda não é possível fazer o empréstimo.

De acordo com a empresária e consultora financeira, Carine Barbosa Peccin, o consignado é um empréstimo atrelado a um benefício. “Para garantia de recebimento, a instituição financeira desconta a parcela diretamente do beneficiário”, explica.

Quando for liberado esse tipo de empréstimo para os brasileiros, o valor da parcela deve ser abatido diretamente da quantia recebida mensalmente. “O Auxílio Brasil no valor de R$ 600,00 vem beneficiando famílias vulneráveis. Já o consignado, é um crédito que poderá ser descontado até 40% do valor antes do recebimento da bolsa auxílio”, expõe a educadora financeira.

Conforme Carine, o empréstimo pode não ser tão benéfico para as famílias. “Acredito ser um estímulo para mais endividamento da população vulnerável. No momento de receber o crédito, se for aplicado incorretamente, o valor do auxílio, que mantém mensalmente uma família, não será recebido por inteiro nos próximos meses”, esclarece.

A empresária expõe, entretanto, que se o valor for aplicado corretamente, pode ser positivo. “Talvez investindo na compra de um produto para vender, iniciando uma renda extra, pois quem recebe o auxílio poderá abrir um MEI, (ser Microempreendedor Individual), sem prejudicar o recebimento do benefício”, salienta.

Entre outras opções para melhorar a renda, além do empréstimo consignado, está a realização de um planejamento e orçamento financeiro familiar. “Monitorando onde e como está sendo consumido e aplicado todas as entradas. Anotando todas as saídas, consequentemente serão mais conscientes com seus gastos”, aconselha.

Para Carine, se as saídas de dinheiro são somente despesas necessárias, porém desejam adquirir mais bens e consumo, a solução é gerar mais renda através de segundo emprego. “Chamamos de trabalhar no terceiro turno, sugestão de trabalho fora do horário comercial: revender produtos ou prestar serviços como renda extra, iniciando a jornada empreendedora, que poderá ser como MEI”, sugere.

Qual valor recebido do empréstimo?

Segundo a educadora financeira, o dinheiro emprestado através do consignado será aquele em que as parcelas comprometerem até 40% do recebido mensalmente por meio do benefício. “Mas o valor do Auxílio vai ser considerado o de R$ 400, já que o aumento para R$ 600 é temporário. Assim, o máximo do empréstimo será aquele em que a parcela seja de, no máximo, R$ 160”, exemplifica.

Quais são as regras do consignado do Auxílio Brasil?

Atualmente, há 17 instituições financeiras homologadas pelo Ministério da Cidadania, que são consideradas apropriadas para a realização do empréstimo. Além disso, a lei que autoriza as empresas a concederem o consignado aos beneficiários do Auxílio Brasil não limita a taxa de juros, portanto, cada banco deve definir quanto irá cobrar.

As parcelas devem absorver até 40% do benefício durante 24 meses.

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