A série de aumentos nas tarifas vem assustando os lares brasileiros. Os constantes reajustes no preço da gasolina, gás de cozinha e na tarifa de luz neste mês, por exemplo, afetam o consumidor de duas maneiras: no pagamento das taxas e na compra de produtos da indústria, afinal, empresas também sofrem com a alta nos preços das matérias-primas. Mesmo com a inflação em baixa, o cenário não tende a mudar pelos próximos meses. Para economistas, a expectativa é de que 2018 seja um ano delicado, de muita observação nos cenários, em virtude das crises econômica e política.
Os números podem ser confirmados diretamente no comércio da cidade, onde os proprietários viram o movimento reduzir e precisaram se readequar ao momento do mercado. É o caso do estabelecimento comercial em que Gilmar Durante é sócio e proprietário. Instalada há 10 anos, a pizzaria constantemente precisa estar atenta aos reajustes das tarifas e também do custo da produção. “Quem sente isso é o empresário diretamente e instantaneamente na conta mensal. Não tem como minimizar, infelizmente. Precisamos mexer nos preços praticados a cada reajuste que nos é imposto”, afirma.
Além do choque dos preços administrados, outro fator determinante é o desempenho no mercado de trabalho. Conforme Durante, houve redução da clientela. Ele cita, que além da alta nas tarifas e produtos, o desemprego foi fator determinante para agravar a situação. “O aumento de novos estabelecimentos no ramo, acabaram dividindo o público em geral e diminuindo também a assiduidade. Outra situação também é que as pessoas estão saindo menos devido à insegurança”, explica.
Para manter a situação sob controle, o empresário aumentou a divulgação e realiza promoções para movimentar a pizzaria. “Além disso, reduzimos o quadro funcional e tentamos diminuir ao máximo os custos e o desperdício”, pontua.
De acordo com o economista Everton Lopes, mesmo com a inflação seguindo em baixa, reajustes como os da conta de luz são necessários, pois “dependem, por exemplo, do clima, que aumenta conforme a situação dos rios e a operação das hidroelétricas”, pontua. Em relação aos aumentos no preço do produto final, Lopes diz que a concorrência no mercado é quem vai ditar as regras. “Quando há reajustes e aumento nas despesas, é preciso repassar ao consumidor, pois é uma questão de custos. No entanto, o empresário é quem vai decidir se repassa os valores ao consumidor na sua integralidade”, explica.
Conforme o economista, não haverá melhora em curto prazo. “O mercado caminha para uma estabilização, pois crises são cíclicas e sempre virão mas, depois irão embora como todas as outras”, ressalta. “O ano de 2018 será bastante delicado, pois a economia ainda não se descolou totalmente da crise política que assola o país. Tudo pode acontecer. Vamos observando e ajustando. Como diz um velho ditado: no andar da carruagem as melancias vão se acomodando, só não podemos deixá-las cair e quebrar”, pondera.
Durante acredita que o segundo semestre deverá minimizar a queda no movimento. “Geralmente o segundo semestre sempre é melhor, principalmente em novembro e dezembro. Além disso, o turismo aumenta, há confraternizações de final de ano e o próprio clima propicia as pessoas saírem mais de casa”, afirma.