O rápido aumento no número de casos de dengue no Rio Grande do Sul pode ter relação com os acontecimentos climáticos do ano passado. A informação foi repassada pela Secretaria de Saúde do Estado (SES). Conforme o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), a grande quantidade de chuva, que acabou provocando grande o acúmulo de entulhos e resíduos, pode ter servido de criadouro das larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.
De acordo com o diretor-adjunto do Cevs, Marcelo Vallandro, com grandes espaços sem a devida limpeza e manutenção, automaticamente, os focos do mosquito tendem a aumentar. “A ocorrência de casos pode ter aumentado devido a fenômenos climáticos que tivemos – como o El Niño –, muitas chuvas e grande acúmulo de resíduos. Isso propicia ainda mais a proliferação do vetor, favorecendo altos índices de infestação e, automaticamente, de transmissão da doença”, explica.
Segundo os últimos levantamentos divulgados pelo painel da dengue, a maior incidência tem acontecido na Região Norte e Missioneira. Em seguida vem a Região Metropolitana, que também começa a apresentar altos índices. “De forma geral, todas as regiões têm apresentado casos. Por isso, é importante ter atenção, neste momento, a cada uma delas”, destaca Vallandro.
Conforme a última atualização, mais de 6,1 mil casos de dengue já foram confirmados no Rio Grande do Sul neste ano. Desse total, 2,9 mil foram confirmados e 1,9 mil seguem em investigação, tendo sido descartados 1,3 mil. Foram registradas, também, duas mortes pela doença em 2024. Segundo a Secretaria da Saúde (SES), nas primeiras cinco semanas de 2024, o Estado teve 17 vezes mais casos notificados e confirmados do que no mesmo período de 2023.
O levantamento mostra ainda que dos 497 municípios gaúchos, 466 ou seja, 93,8%, enfrentam infestação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.
Orientações à população
A população deve tomar medidas de prevenção à proliferação e à circulação do Aedes aegypti, limpando e revisando áreas internas e externas das residências e apartamentos. O uso de repelente também é recomendado para maior proteção individual.
Para ajudar a eliminar os criadouros, é necessária uma ação semanal nos locais que podem acumular água. O ciclo de vida do mosquito, do ovo até a fase adulta, leva de sete a dez dias. Então, se a verificação for realizada uma vez por semana, é possível interromper o ciclo e evitar o nascimento de novos mosquitos.
Cuidados básicos
- Vedar totalmente caixas d’água;
- limpar calhas, retirando folhas e sujeira, para evitar acúmulo de água;
- limpar ralos e aplicar tela para evitar a formação de criadouros;
- limpar bandejas de ar-condicionado ou descartá-las;
- vedar totalmente galões, tonéis, poços, latões e tambores, inclusive aqueles usados para água de consumo humano;
- esticar lonas para evitar acúmulo de água;
- tratar piscinas e fontes com produtos químicos específicos;
- guardar, em locais cobertos, objetos como pneus;
- armazenar garrafas vazias com a boca para baixo;
- virar baldes com a boca para baixo;
- tampar vasos sanitários fora de uso ou de uso eventual, renovando a água semanalmente;
- esvaziar os pratos dos vasos de plantas ou preenchê-los com areia;
- esvaziar a água acumulada na bandeja da geladeira;
- esvaziar a água acumulada semanalmente de algumas plantas, como espada-de-são-jorge e bromélias (que podem acumular água entre as folhas)
Principais sintomas
- Febre alta (39°C a 40°C), com duração de dois a sete dias;
- dor retroorbital (atrás dos olhos);
- dor de cabeça;
- dor no corpo;
- dor nas articulações;
- mal-estar geral;
- náusea;
- vômito;
- diarreia;
- manchas vermelhas na pele, com ou sem coceira.